Luanda - O actual presidente da FNLA, Lucas Benghy Ngonda, é acusado pela sua própria esposa, Amélia de Fátima Cardoso de actos de violência doméstica, agudizados nos últimos meses após 37 anos de vida conjugal.

Fonte: Club-k.net

Regressada à Luanda, a 11 de Janeiro passado, após dois meses de tratamento médico em França, Amélia de Fátima Cardoso chegou à casa, no Nova Vida, e encontrou as fechaduras das portas trocadas. “Liguei para ele [Lucas Ngonda] a pedir as chaves para entrar em casa e desligou-me os telefones”, disse a esposa do também deputado da FNLA.

Em Outubro passado “ele tentou estrangular-me, apertando-me o pescoço com o braço envolto. Consegui morde-lo e só assim me soltou. O tesoureiro da FNLA, João Fernandes, que é o seu homem de confiança, assistiu a tudo”, contou a escritora Amélia de Fátima Cardoso.

Segundo a vítima, as agressões de Lucas Ngonda contra si são recorrentes, incluindo socos no peito e nas costas, para evitar hematomas que possam ser usados como prova.

Amélia de Fátima Cardoso, de 66 anos, explicou ao Club-K que o móbil da fúria do deputado é a tentativa de a expulsar de casa, após 37 anos  de vida comum. “Aos 72 anos, o Lucas tem uma mulher que é 40 anos mais nova do que ele e quer colocá-la nesta casa deixando-me na rua, sem nada”, disse.

Durante o seu depoimento, os jornalistas ligaram para o deputado para obter a sua versão dos factos. Lucas Ngonda respondeu, embora sem disfarçar a voz, a rejeitar a sua identidade. “Eu sou o Carlos Pedro”, disse o deputado, enquanto várias testemunhas o ouviam através do altifalante do telemóvel. Às chamadas posteriores, o deputado mantinha o telefone desligado.

A sua esposa continuou a explicar a atitude do presidente da FNLA. “Ele começou a abusar. Levava a amante e os filhos dela para a nossa casa, durante as minhas ausências, e ficavam semanas a usar a minha cama e tudo o resto. É um jogo sujo”.

“Ele [Lucas Ngonda] me tem ameaçado de morte. Em Outubro ele disse-me que eu não ficaria nesta casa, ainda que ele tenha de cometer homicídio. Diz que tem costas largas e imunidade e pode matar-me que nada lhe acontecerá”, lamentou a esposa.

Amélia de Fátima Cardoso já apresentou queixa à Polícia Nacional. “A primeira vez, depois de me ter agredido e ameaçado de morte, o inspector Vieira Lopes, da esquadra do Nova Vida foi apenas falar com ele. No dia 11 de Janeiro, quando cheguei, o oficial da Polícia Nacional apontou a minha reclamação num papel rasgado e já escrito”, disse.

A escritora também já escreveu para a Provedoria de Justiça, sem sucesso, encaminhou o caso ao advogado e dirigiu-se à Assembleia Nacional para manifestar o seu protesto. O deputado Lucas Ngonda é membro da Comissão de Ética e Decoro Parlamentar.

O recurso à família e à direção da FNLA, para a resolução doméstica da situação também foram mal-sucedidas por, segundo a interlocutora, o deputado manifestar-se indisposto a acatar conselhos.

Como consequência da pressão psicológica e física a que tem estado sujeita, Amélia de Fátima Cardoso teve de ser internada na Clínica Multiperfil, com alta tensão devido ao estresse emocional. “O Lucas Ngonda inicialmente recusou-se a pagar a clínica. A administração do hospital teve de o pressionar para liquidar a dívida com o meu tratamento”, enfatizou.

“Eu trabalhei toda a vida, como enfermeira em França, onde estivemos exilados, para lhe dar conforto [a Lucas Ngonda] enquanto ele se dedicava à sua política. Agora que o MPLA lhe dá dinheiro e tem muitos bens (incluindo um prédio no Palanca) ele já nem sequer me dá a oportunidade de ficar com um canto para passar a minha reforma em paz”, explicou a esposa.