Bruxelas - O príncipe Laurent da Bélgica está no centro de nova polémica, após saber-se que contactou diplomatas angolanos sobre projetos energéticos da sua fundação GRECT, sem ter informado previamente o Governo do seu país ou a Casa Real, noticiou neste sábado, 19, um jornal belga.

Fonte: Lusa

Os contactos tiveram lugar em Bruxelas, e Angola estaria interessada nos projetos de energias renováveis desenvolvidos pela fundação criada por Laurent. "Isso diz respeito a uma oferta global em matéria de energia renovável para Luanda, a capital angolana. Neste momento ainda nada foi assinado", disse Alex Tallon, da fundação GRECT, citado pelo diário flamengo "De Morgen".

De acordo com esse jornal, depois de ter sido o protagonista de vários escândalos, Laurent  assinou em 2011 um documento em que se comprometia a informar o Governo belga das suas atividades no exterior, sob pena de perder a dotação de 300 mil euros anuais que  recebe do Estado.

De acordo com esse documento, publicado deste sábado na edição digital do jornal "Le Soir", que também reproduz a informação divulgada pelo "De Morgen", o príncipe, de 49 anos, prometia informar o Executivo belga das viagens e contactos.

"Comprometo-me, para efeitos de qualquer deslocação ao estrangeiro que implique contactos com personalidades políticas ou que comporte uma perspetiva de projeto a desenvolver com outros parceiros, a consultar previamente o ministro dos Negócios  Estrangeiros sobre o assunto e a oportunidade da viagem e a seguir escrupulosamente a opinião que me seja dada", diz o texto que foi subscrito pelo príncipe.

"Isso é válido também para qualquer contacto com autoridades estrangeiras na Bélgica fora das minhas funções de representação", pode ler-se no documento. Apesar disso,"nem o Ministério dos Negócios Estrangeiros, nem o gabinete do primeiro-ministro ou da Casa Real foram informados", assinala o "De Morgen".

Em 2011, Laurent deslocou-se à República Democrática do Congo sem informar o seu pai, o rei Alberto II, e contrariando o primeiro-ministro de então, Yves Leterme, que lhe tinha pedido para não fazer a visita. Nessa ocasião, o príncipe terá ido também a Angola. O diário assinala ainda que qualquer projeto realizado pela fundação GRECT "tem que receber o aval" do primeiro-ministro.

O porta-voz da Casa Real belga, Bruno Nève, disse ao "De Morgen" que "agora está a ser analisada a informação para verificar se se mantém o que foi determinado pelo Governo Leterme", mas sublinhou que foi "de novo surpreendido" pela revelação e que  o palácio não foi informado pelo príncipe.

O advogado do príncipe, Pierre Legros, declarou que o seu cliente não rompeu o compromisso de 2011 e "não teve contactos políticos ou diplomáticos" relacionados com Angola. Questionado no Parlamento sobre o assunto, o atual primeiro-ministro belga, Elio Di Rupo, anunciou que o ministro dos Negócios Estrangeiros, Didier Reynders, vai receber Laurent para ouvir a sua versão dos factos.

O terceiro filho dos monarcas  belgas Alberto e Paola tem sido envolvido em vários escândalos e a Casa Real tem evitado que assista a alguns atos oficiais. O Parlamento avisou que pode retirar-lhe a mesada que recebe como membro da família real.