Luanda - O vice-presidente do Conselho Executivo do Centro de Estudos Estratégicos de Angola (CEEA), Brigadeiro Manuel Correia de Barros, realçou, em Beijing, China, o "grande papel estratégico" do seu país para a paz e a segurança em África.
 

Fonte: Angop

Esta apreciação do oficial general angolano é parte da sua comunicação "A importância estratégica de Angola para a paz e segurança em África apresentada há dias numa conferência na capital chinesa dedicada à celebração dos 30 anos do estabelecimento
das relações sino-angolana.

 
A patente castrense, que falava à elite chinesa, ao corpo diplomático e a estudantes universitários sino-angolanos, alertou, no entanto, que este papel de Angola deve ser jogado em concordância com os seus parceiros, a diferentes níveis.

 
 "(...) Devem verificar que os princípios, ideias e experiências em cooperação de segurança de Angola, coincide com os das organizações das quais é membro"- sublinhou o brigadeiro.
 

Rejeitou qualquer tese que aponte Angola, por si só, como principal trunfo estratégico na arena africana, até porque o seu país tem apenas 1.7% da população total de África, ocupa 4.11% do território africano, regista 3,7% do PIB do continente e possui umas
forças armadas que representam 4,6% das africanas.

 
África tem um interessante sistema de cooperação em segurança, caracterizada por uma divisão de trabalho com mecanismos regionais para a prevenção, gestão e resolução de conflitos que actuam como órgãos executivos e de resposta de primeira-linha, enquanto as estruturas continentais fornecem a legitimidade politica, condução administrativa, e uns muito necessários serviços de coordenação, harmonização e planeamento - explicou.
 
Em sua opinião, isto permite projectos como a Força de Alerta Africana, que é baseada em cinco brigadas regionais, o Sistema de Aviso Imediato Continental - CEWS, também baseado em cinco mecanismos regionais de EW.
 
Explica que este arranjo "assegura que as regiões sintam uma responsabilidade directa no estabelecimento e consolidação da arquitectura de segurança continental."
 
Recorreu a um dos discursos do Presidente José Eduardo dos Santos à Nação, para lembrar que Angola (...) mantém a vocação de ser um factor de paz, estabilidade e desenvolvimento, não só nas sub-regiões de que é membro, como a SADC, CEEAC e do Golfo da Guiné, mas também ao ajudar países com os quais mantemos profundas ligações históricas e de amizade."
 
A experiência de Angola em paz e segurança "deve ser vista no amplo contexto da resolução de conflitos ao permitir a implementação da emblemática Resolução 435 de 1978, do Conselho de Segurança, que levou à independência da Namíbia e criou as condições para a coexistência pacífica numa região que sofreu uma hostilidade extrema e constituía uma ameaça permanente à paz mundial." - adiantou o brigadeiro, citando o ministro angolano das Relações Exteriores na 66ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas a 26 de Setembro de 2011.
 
Lembrou que o fim da guerra em Angola foi um processo conduzido de uma forma original e efectiva, baseada em quatro simples premissas, que se mostraram fundamentais para atingir a objectivo proposto.
 
Estes quatro princípios eram o momento certo - a morte de Savimbi, imediatamente usado pelo Governo e não recusado pelos generais da UNITA; a vontade de ambas partes para terminarem a guerra; a existência somente de duas agendas, ambas angolanas; e finalmente pelo facto de serem todos vencedores - o Povo Angolano, o Governo e o MPLA, e mesmo a UNITA - já que não existiam vencidos - sublinhou.

 
Segundo o brigadeiro, "depois de analisar todos estes aspectos dos diferentes países e organizações, podemos afirmar, sem termos medo de errar, que Angola pode jogar um muito importante papel na prevenção, detecção, gestão e resolução de conflitos, também
na fase de pós-conflito de reconstrução e reconciliação, e em todos os outros aspectos de paz e segurança, em África."
 

Na conferência para assinalar os 30 anos do estabelecimentos das relações sino-angolanas estiveram presentes membros do governo chinês, representantes de empresas públicas e privadas da China a operar em Angola e outras, estudantes angolanos e chineses em ciências políticas, direito, política internacional, engenharia e jornalistas locais e estrangeiros, inclusive angolanos.
 

Outros especialistas angolanos, representes das companhias chinesas CITIC, Huawei, CAMC Engeneneering Co., LTD e o embaixador de Angola intervieram igualmente na actividade.