Benguela - O anúncio público da existência de 220 lugares para o período regular e 370 para o pôs laboral no ISCED da universidade Katiavala Buwila (UKB) está a ser vista como o início de mais uma polémica à volta dos critérios para admissão no presente ano lectivo, dado a exiguidade de vagas e o elevado nível de procura que todos anos se regista no referido estabelecimento de ensino do estado.

Fonte: SJA

A exiguidade de vagas no Instituto de Ciências de Educação da UKB e a pressão exercida pelos que pela primeira vez pretendem ingressar na instituição está ser apontado como um factor que poderá uma vez mais aquecer a polémica em volta das “luvas” avaliadas em cerca de três mil dólares por cada acesso, arquitectado e cobrado por uma equipa da instituição que age sempre na sombra.

No passado ano lectivo a mesma polémica levou à  instauração de um inquérito por parte da reitoria da UKB tendo o rastreio apurado que na altura 143 alunos tinham conseguido acesso através  dos habituais esquemas o que originou uma superlotação das salas de aulas jamais vista no ensino superior.

Catorze meses depois do anuncio do inquérito por parte do reitor Albano Ferreira, o chamado “sub-mundo do crime” da UKB que só ano lectivo anterior teriam embolsado cerca de 400 mil dólares através da admissão de alunos fora do sistema legal, continua impune já que até aqui não são conhecidos os seus resultados.

Nos círculos académicos, as makas sobre a transparência no acesso às vagas da UKB têm sido referidas como consequência da falta de pulso do actual reitor, o Dr. Albano Ferreira que substituiu o sociólogo Paulo de Carvalho que em abono da verdade foi abandonado a sua sorte pela então responsável do ensino superior no Governo, Cândida Teixeira, que acabou por lhe desferir o golpe de misericórdia, demitindo-o do cargo.

Depois da substituição polémica de Paulo de Carvalho, tais círculos concluíram que o actual reitor para evitar confrontos com os rostos visíveis que controlam a máquina do acesso à instituição, acomoda-os em locais estratégicos da UKB contra todos os riscos que tal gesto possa representar na interpretação sobre a sua própria vinculação (ou não) no negócio da venda de “acesos” a única universidade pública de Benguela.

Paulo de Carvalho que foi o primeiro reitor da UKB, ao introduzir um sistema de controlo rigoroso no acesso as vagas da instituição, retirando do seu tratamento administrativo figuras conotadas com as referidas irregularidades, enfrentou um intenso movimento de protestos por parte dos decanos e trabalhadores administrativos, sob alegação de ser uma “pessoa de mau relacionamento”.

O movimento contestatário contra Paulo de Carvalho que contou com a solidariedade de alguns sectores do Mpla e do executivo de Benguela, formados no então Centro Universitário de Benguela liderado durante oito anos por Domingos Calelessa, o actual secretario geral da UKB, teve como ponto alto uma virulenta entrevista concedida a uma das rádios de Benguela por parte de uma funcionária administrativa.

Em directo, a referida funcionária da Universidade rogou pragas ao então reitor, afirmando que o mesmo estava a retirar o pão dos seus filhos, numa clara alusão à medida que punha fim à distribuição de lugares (vagas) aos trabalhadores para posterior venda a preços que rondavam os três mil dólares.

Num momento em que está em destaque o novo discurso oficial sobre a reestruturação do ensino superior para a geração de mais competências dos seus formandos e a árdua luta de entrar nas galerias dos rankings das conceituadas universidades da SADC, estes e outros cenários apontam justamente em sentido  inverso.