Quem somos

Nos exórdio da revolução angolana aquele que esta no nosso coração, ensinou-nos a criticar o que estivesse mal, ensinou-nos a sermos vigilantes a não deixar passar os reaccionários, ensinou-nos a dizer somente a verdade seja ela de que tamanho for. E este exercício que estamos aqui a tentar fazer. Nós não aceitamos muitos dos quadros que foram escolhidos para dirigirem os variadíssimos ministérios que compõem este governo, tão pouco aceitamos a forma como foram escolhidos.

O MPLA formou quadros para que? Porque que gastou rios de dinheiro na formação de quadros na ex-União Soviética, em Cuba, em Portugal, no Brasil, e mesmo cá dentro do país foram formados bons quadros, para que? Se continuamos com a velha politica do troca-troca, sai daqui vai para ali. As pessoas estão a acomodar-se, querem lá saber de trabalhar para cumprir com o programa, sabem de antemão que ao não cumprirem que serão exonerados e logo a seguir nomeados para outros lugar ainda melhor que o anterior. A ainda aqueles que se dão ao desplante de rejeitarem lugares porque onde estão é um paraíso, indo para outras funções se julgam diminuídos ou ultrajados. Cade a disciplina partidária? Será que O MPLA se transformou num clube de amigos que só eles é que tem o direito estarem no puder? Mesmo com deficiências demonstradas e visíveis a distancia.

O Sr. Mulongo depois de ter sido enxovalhado e humilhado, por culpa própria, pelos abusos no uso das funções que lhe eram confiadas no governo, foi exilado para o Japão, será que foi aprender algo mais? Hoje foi nomeado para o Governador de uma província que se diz ter sido exemplar na utilização do erário público e que levou a que o seu governador fosse promovido a primeiro-ministro, será que a escolha deste compatriota para ocupar a pasta de governador foi a mais acertada? Julgo que não.

Como dizíamos no princípio, se o país formou tanto quadro porque será que a governação vai gravitando em volta dos mesmos elementos. Aceitamos quando são pessoas que tenham demonstrado competência e capacidade no desempenho das suas funções, quando se trata de alguém que de antemão, se sabe que dali alguma coisa de bom há de sair, aceitamos. Mas quando é sabido que tal nomeação foi para agradar algum grupo seja lá quem for não podemos compactuar com tal situação.

Depois dos discursos do mais alto mandatário da nação, que empolgou multidões e levou muitos a mudarem o rumo do seu voto, ficou a sensação de que nesta legislatura os governantes escolhidos seriam os melhores e que haveriam de dizer ao povo o que quê possuem como bens, fazendo assim uma lista pública de suas posses para não serem confundidas com as riqueza nacionais. Isto para o bom desempenho das suas funções. Aqui só estamos a querer interpretar as palavras de Sua Excelência o Senhor Presidente da República.

-Esse artigo, mais uma vez corrobora aquilo que já dissemos aqui, há uns dias atrás. Do uso distorcido que se faz dos dois intrumentos: exoneração e demissão. Vamos repetir. A primeira não é punição nem penalidade, mas no contexto angolano onde a corrupção está dessiminada até aos mais alto níveis da nação, se usa a mesma:primeiro, para enganar as populações; segundo, para agradar o compadrio, ou até mesmo os antigos camaradas.

A última sim é demissão, e é o que Senhor Albino Malungo deveria ser vítima antes de ser exonerado como embaixador no Japão, é claro com direito a ampla defesa como se tem feito no mundo civilizado. Estavamos nos esquecendo que demissão, como penalidade, faz-se nesses termos: o servidor tem direito a um julgamento, já que vai ser demitido por crime contra a Administração Pública – e repetimos- com direito a ampla defesa.

-Muitos dos exonerados ( no passado), que hoje até voltaram ao governo deveriam  ser vítimas de processos administrativos e jurídicos. E só depois de um tempo defenido pela lei  -quando já se tiverem cumprido todas as penalidades cabíveis, no que inclue até a devolução dos recursos patrimonias desviados- é que deveriam voltar ao serviço público. Mas falar disso num país como Angola é sonhar demais.

-É nisso que com certeza devemos dar razão a oposição que clama por uma alternância do poder. Já que quem está no mesmo, há quase trinta anos perdeu a referência dos problemas que a sociedade tem. E tudo isso é explicado pelo ambiente  provocado pelas circunstâncias  do poder, que impede que as pessoas enxerguem mais além; além na perisféria. Ou de que essas mesmas pessoas que estão no poder limitam-se a receber informação de conselheiros, que igualmente estão longe do mundo real. Ou quando mais, têm até pouco interesse em fazer  chegar a informação como ela deve ser. E o resultado é quase sempre uma governação desastrosa e  a arrogância de quem está em  situação privilégiada e acha que tem o controle de tudo.

-Como conseqüência de tudo isso, um tal Senhor  Albino Malungo volta aos patamares anteriores. Literalmente é como se a sociedade estivesse a conviver com o lixo. É uma vergonha para um pais onde pessoas bem formadas clamam por empregos decentes e com predisposição  para  trabalhar. É o produto de uma visão limitada, atrasada, subdesenvolvida, egoista, egocentrica e  primitiva. É um verdadeiro retrocesso da cultura e da civilização humana.

-Se ao menos esse Albino Malungo continuasse lá no Japão quietinho como mensageiro do presidente para a corte japonesa e o primeiro ministro japonês, talvez seria mais útil para a República de Angola.


* Dino Cassulo
Fonte:
www.a-patria.net