Lobito – A retomada da greve total, nesta terça-feira, 05, na Shoprit/Lobito, província de Benguela, depois do anúncio da sua reabertura, a 2 de deste mês, após 21 dias de paralisação geral, está surpreender o circuito mercantil local.

Fonte: Angop

A 11 de Janeiro último foi declarada a primeira greve total, depois de algumas paralisações interpoladas, situação que, aparentemente, viria a ser ultrapassada, a 2 de Fevereiro, por via de uma declaração verbal da direcção, em Luanda, que solicitava aos trabalhadores grevistas a retomada da actividade até 18 do mesmo mês, período que seria aproveitado para acertos entre os sócios do grupo “Shoprite”, muitos destes residentes fora do continente africano.

O advogado da central sindical de Benguela, que também representa o interesse dos trabalhadores neste “braço-de-ferro”, Paulino Safundi, disse nesta quarta-feira, 06, que o hipermercado Shoprite voltou a encerrar as portas, nesta terça-feira, devido à má-fé da entidade patronal representada em Luanda, que decidiu, de modo unilateral, que a empresa deveria retomar a actividade sob condições de exclusão de todos os grevistas.

Paulino Safundi disse tratar-se de uma posição inaceitável, uma vez que a paralisação observou os pressupostos previstos na legislação angolana sobre a matéria. “É comprometedor, se atendermos o estatuto da Shoprite no circuito mercantil urbano de Angola, o que se está a passar, mas os trabalhadores vão continuar a defender a sua causa até que a razão venha ao de cima”, frisou o jurista, adiantando que estão em contacto com a Procuradoria-Geral da República (PGR), para aconselhamentos dos trâmites a accionar.

Em carta enviada a entidade patronal, em Novembro de 2012, os trabalhadores, em números de cerca de 180, exigem, entre outras regalias, a melhoria das condições laborais e salariais. Desde Novembro até à data, a entidade patronal não reagiu as exigências.

Fontes ligadas ao patronato alega que um dos argumentos é de que “existem no país mais de 20 unidades do grupo Shoprite e só a do Lobito (situada na baixa, outra de menor superfície situa-se no bairro 28, também no casco urbano do Lobito não aderiu), apresentou reivindicações.

A adopção de greve total a 11 de Janeiro foi motivo de reuniões técnicas que, segundo Paulino Safundi, envolveram representantes dos trabalhadores, da Direcção Provincial do Comércio, Indústria, Turismo e Hotelaria, da União dos Sindicatos, da Polícia Nacional na região e da direcção da Shoprite, representada pela sua gerência que havia confirmado a legalidade do acto.

Antes disso, a intervenção policial levou aos “calabouços” alguns empregados sob acusação de vandalismo, porém, pouco depois foram restituídos a liberdade por se comprovar de que estavam apenas a agir nos marcos legais.

Os baixos salários (que vão de 16 a 35 mil kwanzas), a falta de subsídios legalmente estabelecidos (de férias, de natal ou 13º mês, de alimentação, horas extras e de prestação de serviços em dias de feriados e domingos) constam das reivindicações do caderno em posse da entidade empregadora desde Novembro passado.

Neste período em que o hipermercado encontra-se encerrado, os grevistas, cerca de 150 aderentes, dos cerca de 180 trabalhadores dessa loja, continuam a afluir ao pátio do estabelecimento, permanecendo todo período matinal, em observância à Lei de Greve.  

No Lobito, a gerência representada por Filipe dos Santos Vuette, nega prestar quaisquer declarações à imprensa por, alegadamente não “dispor de motivos por comentar”.