Luanda – A decisão do governo de Angola tornada público no dia 2 de Fevereiro de 2013, que dava conta do encerramento das igrejas Mundial do Poder de Deus, Mundial do Reino de Deus, Mundial Internacional, Mundial da Promessa de Deus, Mundial Renovada e Igreja Evangélica Pentecostal Nova Jerusalém, num período de 60 dias em função das metodologias usada na propagação do evangelho que se assemelha ao da igreja Universal do Reino de Deus, dada como responsável pelo fatídico acidente que ocorreu na Cidadela Desportiva no dia 31 de Dezembro, que vitimou mortalmente cerca de 16 fiéis desta denominação, é no mínimo excessiva, ameaçadora e acima de tudo, pouco saudável para a convivência entre as igrejas e o Estado.

Fonte: Club-k.net

Há quem não vê a ameaça agora. Melhor dito, há igrejas que ainda não vêem esta atitude como uma ameaça, mas, de certo modo, essa decisão é um grande sinal de que o governo pode a qualquer momento fazer o que bem entende, independentemente da linha filosófica da igreja. Quando quiser e quando sentir-se que há uma oportunidade para fazer valer o seu poder diante da população.

Esta forma de reagir a um acidente na realidade passa agora a ser uma ameaça a integridade das igrejas cristãs e irá ajudar a fragilizar o trabalho da evangelização dos povos de Angola através do cristianismo.

Apesar desta decisão do governo ser apoiada e festejada por muitos fiéis, de outras denominações cristãs, principalmente, os das igrejas tradicionais e conservadoras, muitos deles fazedores de opinião que ao longo destes dias têm condenado veementemente a Igreja Universal e apoiam o seu encerramento, há um senão nesta história de encerramento das igrejas que começou na realidade com a igreja Manã (actual Josafat).

Agora passa pelas igrejas acima citada e corre o risco de estender-se para as demais em função dos argumentos levantados pela Comissão de Inquérito do caso “Dia do Fim”, colocando em prova a fé cristã e a aproximação de uma grande ameaça ao crescimento, e expansão, do cristianismo em Angola nas mais diversas vertentes.

Senão vejamos um dos argumentos da Comissão: “Que o incidente deveu-se a superlotação no interior e exterior do Estádio da Cidadela, causada pela publicidade enganosa, consubstanciada no slogan: “O Dia do Fim – venha dar um fim a todos os problemas que estão na sua vida; doença, miséria, desemprego, feitiçaria, inveja, problemas na família, separação, dívidas, etc. Traga toda a sua família”…

Todas igrejas cristãs, desde a católica aos movimentos independentes neopentecostais, pregam contra as doenças, miséria, desemprego, feitiçaria, inveja, problemas na família, separação, dívida etc.. Por vários motivos, dentre os quais – porque Jesus pregou contra todos esses males e depois porque essa é a essência da Bíblia – os aspectos invocados pela igreja Universal durante a mobilização, para essa actividade, não tem nenhuma publicidade enganosa. Porque eles usaram a Bíblia e o Deus da Bíblia não é um Deus de engano conforme afirma a comissão. (Números 23:19).

No entanto, a causa aqui não foi a verdade bíblica apresentada pela igreja e considerada pela comissão como engano, mas sim o excesso na propaganda da actividade, que devia ser limitada pelo estado, já que eles usaram os meios de comunicação do estado e privado para divulgar a actividade.

Por outro lado, se um dos motivos evocado pela comissão é esse, então as demais igrejas ao invés de baterem palmas ou ficar no “olha só, deixa só” deviam a partir de agora cuidarem-se durante as suas pregações ou homílias, correndo o risco de serem fechadas por aquilo que dizerem nos púlpitos sobre a verdade bíblica de que Jesus cura as doenças, liberta das pregas, miséria, desemprego, feitiçaria, inveja, problemas na família, separação e da dívida. (Mateus 4:23-24).

O mesmo que a igreja Universal escreveu nas suas campanhas publicitárias e são acusada as demais igrejas que fecharam. Ao menos que o governo vai passar a usar o sistema de dois pesos e duas medidas.

Apesar das vidas que se perderam no dia da virada e da fúria da população, os líderes desta igreja já estão a ser responsabilizados criminalmente. Agora o que tem o templo de adoração ao Senhor a ver com isso?

Criminalmente a cidadela é que devia ser fechada para perícia e não os templos das igrejas que servem de lugar para adoração ao Deus vivo. É importante lembrar que quando um Governo tem a ousadia de fechar uma igreja, a probabilidade de fechar outras é muito grande. A título de exemplo estamos a assistir o encerramento dessas igrejas, mas lembramos que um dia, vimos a igreja Manã a ser fechada também, como ninguém reagiu uma nova vaga de igrejas são fechadas incluindo as que nada têm a ver com a Igreja Universal do Reino de Deus.

Se o governo acha que essas igrejas pregam os excessivamente milagres que o governo considera enganoso, então no mínimo essa seria uma grande oportunidade para chamá-las atenção sobre a forma como elas expressam a sua fé e nunca fechar um templo de Deus.

É lamentável a ideia ou a mensagem que o nosso governo está a passar sobre a sua relação com as igrejas, porque quando precisa as igrejas tornam-se os principais parceiros. Quando não precisa mais encerra as suas portas. Se essas igrejas defendessem algum interesse, de certeza não seriam fechadas, assim tudo é feito ao bel-prazer, dos que governam.

Outrossim, com medo, essas igrejas caso serem reabertas poderam ser usadas para campanhas que nada têm a ver com a fé, simplesmente, por causa do medo que está sendo causado e, propositadamente, implantado, devido o encerramento temporário decretado pelo governo.

Política e espiritualmente falando, há grande probabilidade dessas igrejas se prostituírem, após serem tiradas do cativeiro que foram levadas, porque sairão desta situação fragilizadas e propensas a promiscuidade política, ideológica e filosófica.

No entanto a sociedade civil devia, ao invés de ficarem com os braços cruzados a assistir essa esta forma de tratamento adoptada pelo governo contra estas denominações, compreender melhor os elementos que motivaram o encerramento dessas igrejas.

As acusações apresentadas contra as demais igrejas não são convincentes e é pouco provável que seja esta a causa. Porque a justificação é unicamente porque exercitam a sua fé diferente das demais. Onde é que já se viu uma igreja ser fechada por dizer que Jesus curou?

Se há dúvidas sobre o que eles pregam, e das curas que acontecem, então devia-se pedir uma investigação contra as pessoas que dizem serem curadas, para se ter provas matérias através de exames laboratoriais! Somente assim teriam provas factuais contra essas igrejas.

Mas sabemos que não é essa a verdadeira causa do encerramento dessas igrejas. Na realidade talvez seja porque precisam-se de números para 2017, não podemos nos esquecer que somente a igreja Universal lotou por completo o estádio da Cidadela, apesar de que aconteceu o que aconteceu.

Imagina o número de seguidores que esta denominação tem? Se formos a somar com os das restantes igrejas que também foram fechadas, pensando alto parece que em 2017 ninguém mais vai reclamar dos votos de Luanda.

É hora de pensarmos sobre o pano de fundo, que envolveu o encerramento das igrejas. A igreja é do Senhor, não pode ser usado para fins inconfessos. Ela é de Deus e somente Deus faz dela o que bem entender.

Mas infelizmente os homens algumas vezes também pensam serem Deus, e por isso algumas vezes tratamos da igreja como se estivessemos a tratar da pior instituição que existe na terra. Algumas vezes até é mais valorizado o terreno de macumba, ou de feitiçaria, do que o templo de Deus. Por isso fecham-se as igrejas como se estivessem a fechar um bar, um bordel ou uma casa de reunião de delinquentes altamente perigosos.

Verdade seja dita, se fosse na altura das eleições essas igrejas seriam fechada?... As igrejas têm vida própria e não deviam ser marioneta de ninguém.

É bem provável que se este acidente tivesse ocorrido numa actividade política, o partido em causa não seria fechado. Ou se fosse no caso numa das peregrinações que algumas igrejas com peso mundial, como o caso da Católica, por exemplo, que tem feito as peregrinações em massa na Muxima, também não teriam sido fechadas. Neste âmbito reconhecemos a fragilidade que as referidas igrejas apresentam diante dessa situação.

Lamentavelmente, agora os líderes da igreja Universal devem dar mão a palmatória e assumir a negligência generalizada, pois que era mais do que previsto que onde há concentração de massas, a probabilidade de haver tumultos que podem provocar perigos, é muito grande. Nesse tipo de actividade ficaram para sempre gravadas as lições nas mentes de todos os angolanos.

Portanto apesar das falhas dos organizadores da “vigília da virada”, das mortes que infelizmente aconteceram, há um excesso na posição tomada pela comissão. A igreja é de Deus não pode ser fechada.

Deus abençoe Angola!

“Bem-aventurada é a nação cujo Deus é o SENHOR, e o povo ao qual escolheu para sua herança”, Salmos 33:12