Bengo – O abuso de autoridade associado com a violência gratuita tem sido, diariamente, uma prática corriqueira no seio dos efectivos da Polícia Nacional. O agente regulador de trânsito Hélio Henda Xavier de Abreu (na foto) foi baleado, publicamente, na perna direita, no passado dia 26/02, por volta das 12 horas, no município do Dande, província do Bengo, por um inspector-chefe da corporação de nome Jaime Falcão Martins, afecto a Direcção Provincial de Investigação Criminal (DPIC) de Luanda.

Fonte: Club-k.net

Tudo começou, segundo soube o Club K, quando o agente de 1ª classe Hélio de Abreu (colocado no Comando Municipal da Polícia Nacional no Dande), durante uma “operação stop”, interpelou por suspeito uma pequena caravana (de dois carros de marca Toyotas Corolla, de cor preta, e Land Cruiser, de cor branca, com vidros fumados e sem chapas de matrículas), onde se encontrava o “maldoso” inspector-chefe Jaime Martins.

“Assim que ele manda parar os carros desceu este senhor já com uma arma na mão e baleou o agente do trânsito e os dois carros seguiram a alta velocidade sua trajectória, como se nada tivesse acontecido”, contou a fonte, acrescentando “não conseguimos contabilizar a quantidade das pessoas que se encontravam no interior destas viaturas, porque foi tudo muito rápido”.

Após a acção criminosa, os policiais prevaricadores puseram-se em fuga tendo sido interceptados já na Barra do Dande, que fica poucos quilómetros de Luanda. “Só foi possível devido ao cordão policial prontamente criado, na altura”.

Primeiramente, os “policiais bandidos” foram encaminhados a Direcção Provincial de Investigação Criminal (DPIC) do Bengo. Na altura, de acordo com a nossa fonte, a “comandante Filomena” tranquilizou a família do agente baleado garantindo que o caso seguiria minuciosamente os seus trâmites legais. Enquanto na verdade a realidade agora é outra.

Já no dia seguinte (isto é27/02), os familiares de Hélio (que é regulador de trânsito há 15 anos) ficaram surpreendidos quando foram comunicados – pelo director DPIC do Bengo (identificado apenas por Batalha) – que o inspector-chefe (Jaime Martins que disparou contra seu parente) desapareceu misteriosamente da cela onde se encontrava.

“Como isso é possível isso acontecer? Desde quando é que um detido desaparece num estalar de dedos, sem deixar o rasto, numa cela?”, questionou, irritadamente, a fonte que esta acompanhar por perto o caso.

No mesmo dia, de acordo com a nossa fonte, os familiares da vítima se dirigiram até ao Comando Provincial da Polícia Nacional do Bengo, a fim de obter mais esclarecimento do que se estava realmente a passar. Posto no local, os mesmos foram recebidos pelo comandante provincial, Francisco Ferreira Paiva.

“De forma bastante sensível e educada, ele pôs-nos a par de tudo o que estava a ser feito para corrigir esta tremenda falha. Foi-nos dada a garantia de que se o individuo não aparecesse de livre e espontânea vontade, seria emitido um mandato de captura”, disse a fonte familiares contactada, telefonicamente, pelo Club-K.

A mesma fonte rematou que “continuamos até ao momento a espera de notícias relacionadas com o fugitivo e não descansaremos até que a justiça seja feita, vamos acreditar que a nossa polícia fará o seu trabalho, para que de facto possamos construir uma Angola mais Justa”.

Neste preciso momento, o agente policial Hélio Henda Xavier de Abreu encontra-se internado no Hospital Militar de Luanda, a receber o tratamento devido. Há informações, segundo os profissionais de saúde, que a bala (disparada através de uma arma de marca Jericho) quebrou todo osso. Logo a probabilidade do mesmo voltar andar devidamente é remota. 

Convidada para reagir sobre a barbaridade registada, a analista Evalina Dings diz que “não é compreensível que um individuo, mesmo sendo da DNIC, que cometa um crime desta natureza contra um agente da autoridade em pleno serviço e fardado, simplesmente desapareça de uma esquadra, sem que os responsáveis da mesma estejam implicados”.

“Independentemente desta pessoa ser inspector-chefe da polícia, ninguém está acima da lei tal como diz a nossa constituição”, recordou, enfatizando que “esta acção compromete todo esforço feito pelos superiores do agente baleado e tirar mais da pouca credibilidade que a nossa polícia detém perante os cidadãos”.