Luanda  - A redacção do Novo Jornal vive momentos agitados com as medidas que estão a ser tomadas pela nova direcção do referido órgão de comunicação social.

Fonte: OPAÍS

Tão logo os novos responsáveis tomaram em mãos os comandos da casa, disse uma fonte a OPAÍS que foram convidados a deixar os quadros do jornal os jornalistas Manuel António, Maria Campos e Nisa Mendes, entre outros.


Entre os que ficaram, por enquanto, pulula um sentimento de incerteza, já que não sabem o que pode vir a acontecer nos próximos dias.


Deselegâncias…


A exoneração da antiga chefe de redacção, Nisa Mendes, terá sido feita de modo pouco polido, por intermédio de um colega e inferior hierárquico, que terá abordado a então sua superiora dando-lhe a conhecer que já não era a chefe de redacção.


Segundo relatos de várias fontes deste jornal, Nisa Mendes ter-se-á interrogado porque razão ela estava a ser informada daquela maneira por alguém, por sinal, sem qualquer ascendente sobre ela, ao que lhe foi respondido estar a cumprir orientações superiores.


Dizem as fontes deste jornal que este mesmo colega da então chefe da redacção foi quem introduziu a demissionária à nova, Verónica Pereira, que na verdade não era essa a sua função, mas sim a de directora, como versa o genérico da publicação.


Desencantada com a situação, Nisa, que também é funcionária da agência Lusa, deixou o jornal. Noutros desenvolvimentos, porém, terá sido convidada a permanecer pela actual directora Verónica Pereira até que a nova direcção tivesse os pés bem assentes no chão.


A fonte revelou que o “não” foi rotundo e de lá para cá Nisa tem-se mantido distante daquela casa, aguardando pelo pagamento do último salário a que tem direito.


OPAÍS apurou que na próxima semana podem estar na iminência de serem despedidas os jornalistas Ana Margoso, Ernesto Gouveia e mais três paginadores que serão alegadamente substituídos por profissionais lusos.


Mudanças já estavam anunciadas


Entretanto, OPAÍS apurou de outras fontes que as mudanças verificadas na estrutura do jornal há muito que estavam anunciadas no formato em que elas aconteceram agora.


O actual chefe de redacção, António Bilriro, era quem, segundo a fonte, devia ocupar o lugar do primeiro director, Victor Silva, mas por razões que a fonte não pôde precisar, na altura certa aquele não veio a Luanda.


Com Victor Silva de fora, a “solução local” foi o caminho encontrado para se manter o leme do projecto, o que efectivamente foi assegurado pelo experimentado jornalista Gustavo Costa.


Refira-se que em finais do ano de 2010, o anterior conselho de administração viveu um desaguisado com a redacção do jornal que se posicionou em solidariedade para com Gustavo Costa, quando por decisão do presidente do conselho de administração foi censurada a publicação de uma crónica que deveria sair na sua coluna “Hor@gá”.


Do que ficou retido do encontro de pouco mais de cinco horas, segundo algumas fontes de OPAÍS, foi a tentativa de imposição do PCA e a manifesta “irreverência” do jornalista que terá deixado claro, na ocasião, não garantir que não continuaria a escrever como tinha feito até então.


Pareceu estranho pois, mesmo ao colectivo de trabalhadores, que Gustavo Costa tenha sido, ainda assim, nomeado director do Novo Jornal numa altura em que era detido pela New Media.


Contactado por este jornal, Gustavo Costa disse que já havia conversa sobre o seu papel no grupo, onde disse que manterá responsabilidades editoriais.


Costa atribui à nova filosofia do grupo, as alterações em curso no quadro de pessoal que contempla, “naturalmente”, novas contratações. Nessa filosofia enquadra-se ainda a redução de custos e, por isso, o jornal se mudará para outro lugar a um custo menor.


À actual directora, Verónica Pereira, foram também colocadas algumas questões relacionadas com a fusão de redacções dos jornais comprados com o objectivo de se criar um título diário e a prevista mudança de layout, bem como a vinda de 13 profissionais lusos. Gentilmente, Verónica não respondeu por estar ocupada com o fecho da edição desta Sexta-feira.


SJA não tuge nem muge


Até ao momento do fecho desta edição, a direcção do Sindicato dos Jornalistas Angolanos não tinha tomado uma posição oficial acerca dos despedimentos de jornalistas.


Uma fonte do SJA disse que falta uma informação oficial da parte de um filiado, estando no entanto a fazer demarches para saber da violação do direito de algum filiado.