Lisboa - Ocupando uma coluna da página 8 na sua edição deste fim de semana, o Novo Jornal publica uma notícia que é, mais um, exemplo da luta sem quartel envolvendo vários "clãs" no interior do MPLA.

Fonte: Club-k.net

ImageSob o título "Formação na Assembleia Nacional precisa-se", a notícia alude a preparativos visando a inauguracão, no segundo semestre deste ano, da nova sede da Assembleia Nacional. Mas logo no segundo parágrafo percebe-se que a notícia tem menos a ver com a futura sede do Parlamento e mais com a luta "corpo a corpo" envolvendo os vários clãs que compõem o MPLA.


O texto diz, nomeadamente, que "Enquanto se criam as condições para a inauguração da sede, os funcionários da Casa das Leis esperam que a instituição aposte também na formação de quadros".


Nada mais legítimo. Mas o trecho a seguir é revelador. Por ele se fica a saber que formação de quadros era "uma actividade relegada para último plano durante o mandato de António Paulo Cassoma".

Por aqui conclui-se que o propósito é alfinetar o anterior presidente da Assembleia Nacional e todos os seus companheiros de jornada.


O resto do texto é um verdadeiro hino às qualidades do novo secretário-geral da Assembleia Nacional. Quase se pode inferir que o nosso Parlamento nunca esteve tão bem servido.


Atente-se: "A nomeação Pedro Agostinho de Neri, pelo presidente da Assembleia Nacional, Fernando Dias dos Santos “Nandó” para exercer o cargo de secretário-geral do órgão legislativo resultante das eleições gerais de 31 de Agosto último foi aplaudido pelos funcionários". Ou ainda: "Neri que conhece melhor a casa e já (desempenhou) as mesmas funções durante o primeiro mandato de Nandó. "


A última referência é de encher os olhos de lágrimas:


"Segundo os funcionários, (Neri) é um homem sem protocolo e já traçou um programa para melhoria de condições de vida dos funcionários e formação dos mesmos".


No seu todo, a notícia do Novo Jornal é uma demonstração de que, na luta de posições, os clãs que compõem o MPLA lançam mão de todas as armas, incluindo as páginas de jornais. O texto é, ainda, uma demonstração daquilo que já ameaça ser cultura no país: a ascensão de uns tem de ser feita forçosamente à custa de outros. É essa cultura que explica que a nova turma que comanda a Assembleia Nacional se queira afirmar sobre os ombros dos anteriores dirigentes da Casa.


Ninguém se incomoda com essa deselegância?  O actual presidente da Assembleia Nacional precisa de "dizer" ao país que é melhor que o seu antecessor? Com os seus principais dirigentes atracados em intermináveis lutas de galinheiro, o MPLA tem tempo e disponibilidade para se dedicar ao país?

* Anonimo