Luanda - A recente crise política santomense que resultou na demissão do Governo de Patrice Trovoada foi provocada  indirectamente por dinheiro prometido por Angola na sequência das divergências que se instalaram no relacionamento do deposto Primeiro-Ministro e o Presidente da República, Manuel Pinto da Costa.

Fonte: Club-k.net


Chefe de Estado (à dir.) recebeprimeiro-ministro de São Tomé e PríncipeA esta conclusão chega-se depois de fontes conhecedoras do dossier da cooperação entre Angola e São Tomé terem admitido que o ano passado, durante a sua primeira visita a Angola após o seu regresso ao poder, Manuel Pinto da Costa ter solicitado do seu homologo e velho amigo, José Eduardo dos Santos, um financiamento na ordem dos 150 milhões de dólares para apoio ao OGE do seu país.


De referir que o OGE para 2013 apresentado pelo novo governo de Gabriel Costa foi aprovado esta semana na ausência dos 26 deputados da ADI que é o partido do afastado Trovoada, num parlamento que conta com 55 membros.


De acordo com as nossas fontes o pedido terá sido aceite, tendo a ajuda angolana sido estabelecida num tecto de 500 milhões de dólares a ser repartido por um período de cinco anos a razão de 100 milhões por tranche anual.


 Ao abrigo da Constituição, Manuel Pinto da Costa não tem responsabilidades executivas pelo que esta intervenção do Presidente santomense não foi bem acolhida pelo Governo do PM Patrice Trovoada, tendo sido nesta sequência que as coisas se viriam a complicar e a azedar.
Após a visita de Pinto da Costa, uma delegação angolana do Ministério das Finanças esteve em São Tomé para acertar com o Primeiro-Ministro os detalhes deste plano gizado em Luanda nas costas do Governo de Patrice Trovoada.


Durante o encontro o ainda PM deu a conhecer à parte angolana que os valores solicitados por Pinto da Costa eram exagerados, tendo Patrick Trovoada informado que o OGE santomense, em termos de apoio, apenas precisava de trinta milhões de dólares para os próximos três anos.
Esta correcção feita pelo Governo de Trovoada desagradou profundamente a Pinto da Costa, que terá decidido então minar a precária estabilidade politico-parlamentar em que assentava o minoritário Executivo.

É assim atribuída a Pinto da Costa e a sua influencia nos bastidores, a responsabilidade pela campanha anti-Trovoada que culminou com a aprovação da moção de censura no Parlamento que acabou por derrubar o 14º Governo constitucional do arquipélago.


Consta, entretanto, que esta movimentação de Pinto da Costa não foi bem acolhida em Luanda, apesar de todos os esforços diplomáticos empreendidos junto da presidência angolana através do embaixador Vaz de Almeida, que foi portador de uma mensagem sua entregue recentemente ao Vice-Presidente Manuel Vicente durante uma audiência concedida ao diplomata.


A campanha atribuída a Manuel Pinto da Costa parece não ter sido igualmente bem recebida pelos  EUA.