Luanda - Transportes públicos, agricultura e casas serão as excepções aos cortes dos subsídios de combustíveis este ano em Angola. O ministro dos Petróleos, Botelho de Vasconcelos, revela ainda que está a ser projectada uma nova refinaria no Soyo (norte).


Fonte: Bloomberg

Angola mantém subsídios a combustíveis para transportes públicos, agricultura e casas


Em entrevista à Bloomberg, o governante angolano não quis quantificar os aumentos, por ser um “assunto sensível”, mas disse que o gasóleo para transportes públicos e agricultura continuará subsidiado, tal como o gás butano e combustível usado nas casas angolanas.
 

O Jornal de Angola (JA) afirmou em Fevereiro que o preço do litro de gasolina poderá ser vendido a 150 kwanzas e o do gasóleo a 75, ao contrário dos actuais 60 e 40 kwanzas, respectivamente, caso o corte o corte dos subsídios se dê na totalidade. Em 2004, um litro de gasolina passou de 12 para 20 kwanzas e o de gasóleo de oito para 14 kwanzas. O fim dos subsídios de milhares de milhões de dólares visa, tanto agora como em 2004, a poupança de fundos por parte do Executivo.
 

Nicholas Staines, representante do FMI em Angola, defendeu recentemente em Luanda que os subsídios são injustos: beneficiam mais os ricos, que conduzem carros de grande cilindrada, do que os pobres, que não têm carro. O dinheiro gasto em subsídios, disse, deve ser aplicado na expansão da rede social do país.
 

No ano de 2010, a direcção-geral da Associação de Defesa do Consumidor, Adecor, considerava que o governo devia reconsiderar o corte na subvenção porque o abastecimento de combustíveis não subvencionados para sectores como os das pescas e agricultura poderia reflectir-se gravemente no bolso do consumidor.
 

Angola importa cerca de 85 por cento dos combustíveis consumidos. Em 2011, a Sonangol recebeu cerca de 7,1 mil milhões de dólares do Estado angolano como subvenção aos preços dos combustíveis.
 

Ainda na entrevista à Bloomberg, Botelho de Vasconcelos adiantou que o governo mantém discussões “muito preliminares” com potenciais parceiros para construir uma nova refinaria, com capacidade para 200 mil barris de petróleo diários. O projecto deverá arrancar nos próximos cinco anos no Soyo, onde estão baseadas muitas multinacionais petrolíferas e “berço” do novo terminal de liquefacção de gás natural Angola LNG.
 

A construção para uma outra refinaria de 200 mil barris prossegue no Lobito (sul), enquanto o governo se mantém aberto a ofertas de parceria para o projecto de 8 mil milhões de dólares.
 

Segundo Botelho de Vasconcelos, o preço do petróleo irá manter-se acima dos 100 dólares no resto do ano.