Luanda - Pela segunda vez, no espaço de cerca de três semanas, o empresário Henrique Miguel, Riquinho, foi novamente chamado à Procuradoria-geral da República (PGR), onde foi constituído arguido, no quadro de um processo-crime que foi movido contra si por duas figuras públicas.

Fonte: SA

Henrique Miguel constituído arguido pela PGR

Na quinta-feira, 21, além de Riquinho, foram igualmente chamados àquele órgão de justiça três antigos funcionários do «Continente», nomeadamente o administrador-geral Walter Daniel, o accionista Jamba Lima e o chefe de redacção Francisco Cabila.


Durante os interrogatórios, os três «dissidentes» negaram terem sido os autores da matéria difamatória publicada no «Continente» contra o governador de Luanda, Bento Bento, e o antigo ministro de Estado e ex- chefe da Casa Civil da Presidência da República, Carlos Feijó. Qualquer um deles imputou as culpas a Riquinho e acabaram por entregar a cabeça do «empresário do povo»


Francisco Cabila, o último a abandonar o «barco», terá dito que nada tinha a ver com a autoria dos textos, visto que os mesmos «foram produzidos e enviados à paginação pelo sócio maioritário, portanto, Henrique Miguel».


Walter Daniel e Jamba Lima alegaram, em sua defesa, que já não se encontravam no «Continente» quando da publicação notícia em causa.


Confrontado com a evidência dos factos, o auto-intitulado «empresário o povo» não terá tido outra saída senão confessar a autoria do crime.


Em função dessa confissão, ele foi constituído arguido, pelo que o processo deverá em breve descer à Direcção Provincial de Investigação Criminal (DPIC), para que esta instituição remeta ao tribunal. 


 Walter Daniel, o mentor do projecto «Continente», ex-administrador-geral da mesma publicação, disse no mesmo dia ao SA que havia sido «ilibado de tudo», porque abandonou o projecto tão logo se apercebeu que Riquinho começou por misturar «alhos com bugalhos», ou seja, a interferir em assuntos da redacção.


«Deixei de me rever num projecto que visava a fulanização das notícias, que promovia a difusão da calúnia e difamação contra certos dirigentes do MPLA e membros do Governo» sublinhou.


«Quando comecei com o projecto do jornal ‘Continente’ e recorri ao meu “amigo” para caminharmos juntos naquele empreendimento, nunca imaginei que algum tempo depois, ele viesse se assenhorar de tudo e acabasse por tomar atitudes tão baixas, ao ponto de nos criar embaraços judiciais».


Confessa estar triste com a situação e «bastante arrependido por tudo», pedindo, por fim, que seja «feita justiça».


Já sob o fecho da presente edição, nesta quinta-feira, 21, o SA soube que Riquinho terá recebido um «convite» para prestar declarações na próxima semana na DPIC, no quadro de uma queixa-crime que lhe havia movido pelo seu antigo sócio Walter Daniel, por crime de abuso de confiança. Este acusa o promotor de espectáculos de lhe ter passado a perna em algumas centenas de milhar de dólares.


Mas como um mal nunca vem só: a Casa Fone», um estabelecimento comercial explorado por Riquinho vocacionado para a venda de discos e telemóveis, viu estas dias as suas portas encerradas, por alegada falta de pagamento de rendas.