Luanda - CLASSE OPERÀRIA segundo o ‘evangelho’ de Marx & Engels.
Classe trabalhadora, é um conceito mais amplo da categoria clássica de proletariado, definida por Marx e Engels no Manifesto do Partido Comunista de 1848. O conceito de classe trabalhadora abrange não só o proletariado, mas todas as camadas sociais que vivem da venda da sua força de trabalho.

Fonte: Club-k.net

A classe operária urbana e rural, como a principal força produtiva de nossa sociedade, é a classe mais avançada e a única que nada tem a perder a não ser as correntes que a prendem aos capitalistas; é a classe a quem cabe o papel de vanguarda da revolução, como afirmam Marx e Engels: “De todas as classes que hoje em dia enfrentam a burguesia, só o proletariado é uma classe verdadeiramente revolucionária. As outras classes degeneram e perecem com o desenvolvimento da grande indústria; o proletariado, pelo contrário, é seu produto mais autêntico.” (Marx e Engels, Manifesto do Partido Comunista, Edições Sociais).

O FACTOR DECISIVO; - A REALIDADE “MWANGOLÊ”

Cade a nossa classe operária?.. Alguém pode dizer-me onde anda este valoroso colectivo de trabalhadores? É que a maior parte da indústria que “estávamos com ele”, foram transformados em armazéns dos manos ‘libas, mayayas & senecas’… lembro-me (com muita saudade) da GIGANTE e famosa CCUP (localizada no município da Ganda, província de Benguela) ‘rebatizado’ na época “apropriada” em CCPA (Companhia de Celulose e Papel de Angola) – Alto Catumbela - que a guerra ‘lembrou-se’ de transforma-la em pó (1982-1985), ainda no município mencionado, existia a fábrica de vinhos Prazeres – sede da comuna da Babaera - a Talim e a salchicharia Buçaco – sede do município – bem como as gigantes industriais produtoras de açúcar, a Açucareira da Catumbela e a Açucareira do Dombe-Grande (Município da Baía Farta) e a Africa Têxtil (cidade de Benguela).

Tenho estado a pensar ultimamente, será que AINDA temos realmente uma classe operaria “a operar” no País? Se sim cade ela? Se não, porque não?

Vou mencionar a cidade de Benguela como exemplo e nomear as unidades Industrias que existiram até mais ou menos 1980, para além das acima mencionadas, lembro-me das seguintes unidades fabris (a ordem relatada é aleatória); 1.- Reforço & Rito 2. - Alfredo & Guerra 3.- Cartang 4. - Mampeza 5. - Conserveira Kapiandalo 6. - Abreus & Abreus 7. – Cordango 8. - Embalagens Holdains 9. - Embalagens de Angola 10. – Confiang 11. – Cristalia 12. – Cofril 13. - Dusol 14. - Fábrica de gasosas Canada 15. - Tintas CIN 16. – Alarriba 17. - Confeções quinas 18. - Confeções CB 19. - Ourivesaria ourobelo 20. – Intrafrutos 21. – Sital 22. – Seta 23. – Forolda…

Não menciono a mais de uma dezena de fazendas agrícolas, que constituíam o celebre perímetro agrícola do cavaco (a cintura verde de Benguela) e outras iniciativas individuais ou colectivas (que não constavam na lista telefónica, tais como as pequenas carpintarias, serrações, estofos e fabrica de malas), panificadoras, pescarias e algumas unidades ligadas a actividade agrícola.

Tais unidades albergavam milhares de trabalhadores, alimentando dezenas de milhares de famílias no município de Benguela, adicionado as unidades de produção da Catumbela, Lobito e Baía-farta; faziam da província de Benguela uma das fortalezas da classe trabalhadora de Angola. a CCPA estendia-se pelas Provinciais do Huambo e Bié, e constavam na sua folha de pagamentos (nos tempos dourados) cerca de 5’000 trabalhadores/assalariados.

AGRICULTURA A BASE

E quanto a “Classe Camponesa” temos realmente uma classe camponesa no País? Angola no tempo da “outra senhora” – antes do petróleo estar na ‘moda’ - arrecadava impressionantes receitas, dizia-se que a Agricultura sustentava Angola, Angola era no contexto Africano, um gigante na produção de produtos tais como; Café (entre os 5 principais produtores do mundo), Sisal (já foi o Nr 1 mundial), cana-de-açúcar, Milho, Feijão etc… o que significa que, Angola tinha uma importante fasquia da população ocupada nesta importante e nobre tarefa, Angola formigava literalmente de gente e de actividade em todas as direções e ‘latitudes’ geográficas; as aldeias, senzalas e povoações preenchiam a maior ‘parte’ do espaço físico de Angola. Tinha que ser assim de outra maneira não podia ser, pois a agricultura era a base do desenvolvimento de Angola.

Hoje, a maior parte do interior de Angola, aquilo que o mano Jonas, gostava de chamar “Angola profunda” esta as moscas. Toda a “força viva/jovem” esta a bazar para as zonas mais profícuas, com principal incidência ou destino, a capital; Luanda. Eis porque que a densidade populacional de Luanda aumenta todos os meses, ao contrário do que “todo mundo” preconizou com a implementação da paz … Porque? O meu amigo Teodoro, diz que o País é Luanda o resto é paisagem, pode-se depreender a explicação do ‘estranho fenómeno’; “o dramático ‘esvaziamento’ populacional do interior” para as grandes urbes, nesta jocosa citação.

Não há actividade económica no “interior do interior” do País, os jovens não encontram nas aldeias, senzalas e povoações “razões” para lá permanecerem. Portanto não há actividade agrícola a base do desenvolvimento rural (ou é o contrario?), 11 anos após o término do conflito armado.

Temos plena consciência de que a zona rural foi o palco do teatro da guerra que dilacerou gravemente o país, por isso os nossos ‘campunas’ foram os que mais sofreram com o desenrolar do conflito armado, devastaram-se regiões e aldeias inteiras, massas enormes de populações foram obrigadas a deslocaram-se para outras zonas, onde por força da ‘natureza’ foram ‘forçadas’ a desenvolverem outros “hábitos de trabalho” trocaram (na sua maior parte) a enxada pela perícia com a linha de pesca, comercio, pedreira etc.

Mas, não vemos nem ouvimos, medidas práticas e contundentes da parte de quem de direito, para o retorno a situação anterior; O desenvolvimento rural (o ministério da agricultura até ‘anexou’ tal extensão na sua denominação).

CAP (Caixa económica agropecuária), FDES (Fundo Desenvolvimento Economico Social), e outras ‘medidas’ posteriores que se tomou, ‘faliram’ a meio do caminho, porque?... POLITICA.

O partido no poder não esta interessado no desenvolvimento rural e muito menos no desenvolvimento da actividade agrícola. A frente de instituições que é (era) suposto ‘ajudar’ os camponeses e por extensão os fazendeiros ou a zona rural, colocou indivíduos que não percebiam (percebem) patavina do ‘ofício’…

Lembro-me uma vez na cidade da Ganda, uma delegação do então badalado BDA substituta e herdeira do FDES, afirmarem de “boca cheia” que a instituição só iria financiar os fazendeiros que eram proprietários de 50 has de milho… eles nem faziam ideia do que era “50 hectares de milho”. As políticas de financiamento de toda e qualquer actividade, tem um forte cunho e vertente política, é extremamente politizado. O MPLA tem um medo atroz de que uma classe empresarial surja fora do seu modo ‘ortodoxo’ de pensar o país, por isso são sempre e sempre a mesma “classe” quero dizer as mesmíssimas pessoas, a embolsar os chamados financiamentos a enriquecerem-se cada vez mais e o país a empobrecer cada vez mais.


VIVA O SOCIALISMO DEMOCRATCO

Os diversos executivos que regem o País desde 11 de Novembro de 1975, não estão seriamente interessados no surgimento da classe operária, e muito menos de uma CLASSE TRABALHADORA, na verdadeira asserção da palavra (temem criar uma ‘cobra’ que ‘amanhã’ lhes morda a mão).

Então a ser assim o que temos? Uma classe semi-operaria desqualificada e temporária/biscateira e uma subclasse a “fingir de camponesa” que cuida das fazendas que mais parecem centros de férias de alguns dirigentes (para cuidarem das orgias da ‘elite’), e uma extensa multidão de comerciantes ambulantes “desenrascados”, pois a verdadeira actividade comercial está tacitamente ‘entregue’ aos estrangeiros.


Incentivaram sim para a vasta maioria dos nacionais, as “pincharias” (as ango-chulas e parte-braços) e as desordenadas vendas de cuca e outras bebidas alcoólicas propriedades (a industria que estrategicamente desenvolveram) dos dirigentes do sistema.


“Angola é um dos Países que mais cresce no mundo” devia ser substituída pelo argumento “… o País que mais ‘nasce’ fábricas, unidades de produção de toda a espécie … ou o País que mais gera empregos/ano”.


Se a classe operaria é a força motriz da sociedade, então a nossa (sociedade) está (propositadamente) sem tal necessária ‘força’, por isso a apatia geral (desNorte) da maior parte da sociedade. Se dermos uma olhada no continente Africano, com exceção da Africa do Sul (por razões obvias), não veremos esta classe “quase” em sítio nenhum.


PORQUE? é uma ameaça a “classe dos predadores” de África, a fornecedora mundial de matéria-prima, provavelmente o continente mais rico do planeta e paradoxalmente a mais pobre, precisamente por se caracterizar por uma ausência cronica de infraestruturas e de uma classe trabalhadora profissional e consciente do seu papel vitalizador da sociedade.


A “IMPORTAÇÃO” DE CHINESES PARA A AGRICULTURA?!


Não é “à-toa” a ‘importação’ de mais de meio milhão de chineses (área de construção). Não é “à-toa” que o 4º ramo das forças armadas foi ‘atirado’ para as Calendas gregas, não é-atoa que certo dirigente Angolano, de visita a China, mencionou que “Angola vai produzir ainda este ano, cerca de 25 milhões de toneladas de cereais”, já estão a preparar o ‘caminho’ para a ‘importação’ de milhões de chineses para ‘preencher’ a agricultura e assim assegurarem que este importante sector produtivo, esteja “debaixo” das ‘botas’ dos mandatários do regime.

Quanto aos Angolanos? Oh! O refrão da profecia diz que o “povo é heroico e GENEROSO!”…

Isomar Pedro Gomes