Luanda -  A conclusão do acadêmico que se segue na integra é em reação a recente reunião que o Presidente Norte americano realizou na Casa Branca com alguns lideres africanos reconhecidos pelas  “boas práticas governativas”, onde o Chefe de Estado angolano  José Eduardo dos Santos  foi desencontrado por motivos oficialmente desconhecidos. 


Fonte: Club-k.net

O historiador Adriano Parreira (na foto), antigo líder do Partido Angolano Independente e ex- embaixador de Angola procura dar explicações da “recusa” ou “esquecimento” de um convite, para aquele que é um dos mais antigos estadistas do continente negro. 


OBAMA NÃO PROMOVE A BRICOLAGEM DO CAMARADA PRESIDENTE!


José Eduardo dos Santos é, para desgraça do povo angolano, o responsável pela implementação em Angola de um sistema de corrupção e nepotismo de tal maneira hediondo, que o definem, para a História, como um dos mais perversos líderes que, no exercício do seu insuportavelmente longo regime cleptocrático, se pode orgulhar de ter conduzido a nação angolana à sua completa infelicidade.


Mesmo que demasiadas vezes os interesses que parecem orientar a política dos Estados Unidos da América do Norte em relação ao nosso país nem sempre vão de encontro das legítimas expectativas dos democratas angolanos, seria um insulto à nossa consciência se alguma vez o Presidente Obama promovesse o maior responsável pela corrupção, autocracia e genocídio do nosso povo a seu interlocutor.


A pergunta que se impõe só pode ser a seguinte: se o Presidente americano não tem alguma razão para associar José Eduardo dos Santos a “boas práticas governativas”, à “segurança, democracia, liberdade” e reclama a “necessidade” dos dirgentes africanos estarem “ao serviço” dos seus povos de modo a se empenharem na “melhoria da sua qualidade de vida”, porque haveria de convidar a Washington aquele que é, em África, a corrupção e o desgoverno em pessoa?


Seria totalmente absurdo que o Presidente Obama, que se “mostrou muito preocupado com os jovens, com a sua a educação e com a necessidade de criar empregos para eles", e que, segundo “afirmou o primeiro-ministro cabo-verdiano”, “está muito bem preparado e tinha um bom conhecimento sobre as principais questões do continente africano", alguma vez convidasse um ditador que afirma sorridente que “a democracia não enche a barriga de ninguém”, que conduz, com a maior frieza, o genocídio do povo angolano, e que ordena, sem hesitar, o massacre dos jovens que legítima e legalmente reivindicam o direito a manifestar-se!


José Eduardo dos Santos, ridiculamente arrivista entre os BRIC e ensombrado pelas tempestades que colhe do mal que tanto semeia, não encontrou ainda o caminho da Casa Branca, apesar dos muitos, mas muitos milhões que tem gasto para a sua promoção junto do Tio Sam. Nem mesmo como entertainer!


Estou convicto que aqueles, cujas vozes clamam do silêncio a que José Eduardo dos Santos os sentenciou, nomeadamente Alberto Chakusanga, Alves Kamulingue, Arsénio Sebastião “Cherokee”, Belarmino Brito, Isaías Kassule, Mfulupinga Landu Victor, Moisés Malanga Tomé, Rafael Chidungo, entre muitos milhares de outros, terão certamente a virtude, e o sortilégio, de, em sua memória, nos comprometer, perante a História e a Nação, de proporcionar ao camarada presidente uma outra viagem, só de ida, claro, a Haia, afinal o seu incontornável destino!


Adriano Parreira