Washington – O presidente da UNITA, Isaías Samakuva, remeteu na tarde desta quarta-feira, 24, em Washington, ao sub-secretário de estado assistente americano para os Assuntos Africanos, Donald Yamamoto, os nomes de Alves Kamulingue e Isaías Kassule, até agora desaparecidos por exercerem o direito constitucional de se manifestarem, como prova da grave violação dos direitos humanos que Angola vive.

Fonte: Club-k.net

Isaías Samakuva que falava na reunião que manteve no departamento de estado americano, reiterou o facto de que, contrariamente à mensagem que o Governo angolano tenta fazer passar, de Angola ser um país estável, o país é um barril de pólvora que pode explodir a qualquer momento, tendo colocado no centro dessa instabilidade crescente, o Presidente José Eduardo dos Santos.

Durante a reunião, em que estiveram presentes altos responsáveis americanos, incluindo Madeline Seidenstricker, sub-directora para a África Austral no Departamento de Estado e o assessor regional da USAID, Alonzo Wind, entre outros, o líder da UNITA apresentou um quadro crítico no tocante aos direitos humanos em Angola, tendo sublinhado que a democracia está a regredir no país.

Disse, no entanto, não estar surpreso com este estado de coisas, tendo em conta o facto de que o Chefe de Estado tinha dito, publicamente, que “a democracia foi imposta” e que “os direitos humanos não enchem a barriga de ninguém”, duas asserções que, nos dizeres de Samakuva, deviam envergonhar o chefe de estado angolano.

Mais uma vez, o Isaías Samakuva foi muito contundente relativamente à imprensa pública, que disse não ser plural e que se coloca ostensivamente do lado do regime.

Cabinda foi um dos pontos quentes apresentado pelo presidente da UNITA, que sublinhou que o povo do enclave é insistente e persistentemente brindado, pelo regime do Presidente Eduardo dos Santos, com intimidações, prisões arbitrárias e mortes, por reivindicar o que chamou de “um direito legítimo em função da especificidade do seu território”.

Para Isaías Samakuva, só a má fé, a ganância e a falta de vontade política tem levado o regime de José Eduardo dos Santos a agir desse modo em relação aos cabindas.

O líder da maior força política na oposição em Angola disse que um Governo da UNITA resolveria o problema de Cabinda em poucos meses, com base no diálogo honesto e transparente com os representantes da vontade popular cabindesa, tendo condenado a política da inflexibilidade e da força bruta levada a cabo pelo regime.

Sobre os investimentos estrangeiros, e muito particularmente os americanos, Isaías Samakuva disse serem bem-vindos, tendo, no entanto, chamado a atenção para o facto de que, mais do que o dinheiro que o negócio rende ou pode render, existem os angolanos que têm de ser os beneficiários primeiros dos rendimentos trazidos por esses negócios.

Antes do Departamento de Estado, o Presidente da UNITA teve tempo de conceder entrevistas em português, inglês e francês à Voz da América, antes do encontro com Paul Fagan, do Instituto Republicano Internacional, e, mais importante ainda, com o congressista Christopher Smith, com quem partilhou as preocupações reiteradas ao longo dos encontros até aqui realizados.

Esta quinta-feira, 25, o presidente da UNITA ainda voltou ao congresso americano para um último encontro, antes de embarcar para etapa europeia do seu périplo que,  incluem a Inglaterra, a Bélgica, a Alemanha, a França, a Espanha e Portugal.