Luanda – O Movimento Revolucionário prevê realizar hoje (dia 27/05) por voltas das 16 horas, no Largo da Independência, em Luanda, uma vigília com o fito de honrar à memória dos mais de 80 mil angolanos assassinados (durante a presidência de Agostinho Neto) aquando dos acontecimentos de 27 de Maio de 1977, de igual modo, “recordar” o rapto dos activistas Isaías Cassule e Alves Kamolingue registado na mesma data em 2012.

Fonte: Club-k.net

Nas missivas endereçadas ao governador provincial de Luanda e ao ministro do Interior – datada a 13 de Maio de 2013 – os subscritores (nomeadamente Manuel Nito Alves, Marcos Kuvula, André Francisco, António Caquinze e Raul Lindo), esclareceram que “não pretendemos causar distúrbios, nem adoptarmos comportamentos condenáveis socialmente”.

Os subscritores garante ainda que “somos jovens membros da sociedade civil de vários extractos sociais cientes das nossas responsabilidades cívicas e sociais, razão pela qual solicitamos apoio da polícia nacional e bombeiros para nos ajudarem a resolver eventuais complicações no decorrer da vigília”.
    
Os activistas, também ex-militares, António Alves Kamulingue e Isaías Cassule, desapareceram nos dias 27 e 29 de Maio de 2012, respectivamente, quando tentavam organizar uma manifestação de outros ex-militares. Talvez pelo empenho na organização da manifestação, talvez pelo seu desaparecimento, os ex-militares saíram à rua nos dias 07 e 20 de Junho de 2012.

A iniciativa levou as autoridades governamentais e militares a encetarem de imediato o pagamento dos subsídios alegados, nalguns casos com 20 anos de atraso. Mas do paradeiro dos dois desaparecidos nunca mais se soube e as famílias dividem os dias entre casa e a Direcção Nacional de Investigação Criminal.

Em Dezembro de 2012 as famílias reuniram-se no Ministério do Interior com o responsável da pasta, Ângelo Veiga, e o comandante-geral da Polícia Nacional, comissário Ambrósio de Lemos, entre outros dirigentes dos departamentos de investigação criminal e da Procuradoria-Geral da República. "O senhor ministro garantiu-nos que iriam ser feitas investigações, mas desde então ninguém mais nos disse nada", recordou Horácio Kamulingue.

Na reunião de Dezembro participaram também membros do Movimento Revolucionário, que desde 07 de Março de 2011 organizou em várias ocasiões, em Luanda, manifestações antigovernamentais.

Na próxima segunda-feira, o Movimento Revolucionário volta a organizar um acto público para não deixar esquecer Kamulingue e Cassule. O objectivo é organizar uma vigília silenciosa, entre as 16:00 de segunda-feira e a manhã do dia seguinte no Largo da Independência, na capital angolana. As duas últimas iniciativas públicas para não deixar esquecer os dois ex-militares foram marcadas pela violência.

Na primeira, a 22 de Dezembro de 2012, pelo menos quatro pessoas foram detidas pela polícia durante a manifestação, autorizada pelas autoridades de Luanda e que até começou sem incidentes desde o seu início, no Largo da Independência.

Os confrontos com a polícia ocorreram na zona central da capital, no Largo da Maianga, quando algumas dezenas de manifestantes tentaram progredir em direcção ao Ministério da Justiça. O edifício fica numa das entradas da Cidade Alta, onde se situam a Presidência da República e outros departamentos do Estado angolano.

A segunda iniciativa pública morreu antes de começar. Marcada a concentração defronte do cemitério de Santana, no passeio oposto ao Comando Provincial da Polícia Nacional, os jovens foram sendo detidos à medida que se tentavam concentrar, para efectua ruma marcha de três quilómetros até ao Largo da Independência.

O resultado foi a detenção de 12 pessoas, segundo a polícia, 18, segundo o MR. Para segunda-feira, e seguindo o que está disposto na legislação, o MR deu conhecimento a Governo Provincial da realização da vigília. Para Horácio Kamulingue, irmão de Alves, "é preciso fazer alguma coisa porque isto está-nos a custar muito", concluiu.