Luanda – O presidente da organização de direitos humanos “Mãos Livres”, Salvador Freire, disse na última sexta-feira, 24, em Luanda, não ter recebido uma “explicação convincente”  das autoridades angolanas sobre o desaparecimento dos activistas Alves Kamulingue e Isaías Cassule.

Fonte: Voa

Os dois desapareceram há quase um ano quando participavam em preparativos para manifestações de desmobilizados das Forças Armadas.

Falando no programa “Angola Fala Só” Salvador Freire alega que o desaparecimento dos dois activistas eram mais dois nomes de uma lista de vários nomes de pessoas que desapareceram ou foram assassinadas ao longo dos anos.

O advogado salientou que o desaparecimento de pessoas é uma situação “perigosa” para Angola,  acrescentando “suspeitar da existência de uma milícia que tem recebido ordens” de pessoas nos círculos de poder.

Interrogado sobre a reacção das autoridades aos seus pedidos de esclarecimento  disse “não haver respeito das autoridades” pelo cidadão comum. O advogado garante que intenção da “Mãos Livres” é continuar a fazer pressão sobre as autoridades. “O governo vai ter que nos dar uma explicação”, enfatizou.

Interrogado pelo ouvinte Mateus Katuvaki   de Benguela sobre se os dois activistas poderiam ter sido assassinado, Salvador Freire, alega não ter qualquer informação nesse sentido. “Temos a ideia que estão vivos”, avançou, acrescentando “contudo se os dois activistas foram mortos  há que apurar responsabilidades para que os criminosos sejam levados á justiça”.

Interrogado ainda por diversos ouvintes sobre a corrupção no sistema de justiça, o dirigente da “Mãos Livres” disse continuar a acreditar no sistema de justiça angolano apesar de todas as insuficiências que possam existir. “Se um dia houver corrupção no sistema de justiça ao nível que existe noutras instituições então Angola não tem futuro”, argumentou.

“Pode existir corrupção em alguns tribunais ou de alguns magistrados, mas não é como noutros sectores”, reforçou Salvador Freire comentando sobre as enormes dificuldades com que lutam juízes e advogados através do país, mas disse acreditar que os juízes continuam a lutar pela sua independência. Elogiou por outro lado os planos do governo para estender tribunais e instituições de justiça a todo o país.

O advogado disse não ter confiança na polícia nacional mas frisou que mesmo a nível de instituições como o ministério do Interior há uma elevação da consciência. “A actuação é agora diferente do passado”, assegurou o jurista.

Salvador Freire disse que a “Mãos Livres” não recebe qualquer dinheiro do estado apesar de ter pedido nesse sentido escrevendo mesmo ao Presidente José Eduardo dos Santos para apoio financeiro como instituição jurídica independente. A organização luta com falta de meios e só pode operar em nove províncias.