Benguela  - Quem da minha geração nunca ouviu ou nunca lhe foi dito, “estuda para ser alguém”. Estudar era sinónimo que quando a pessoa se formar, teria uma vida tranquila de paz e muito dinheiro. Uma casa tipo do Kilamba, carros de luxo tipo Audi/Jaguar e outras marcas de nome, ter dinheiro gordo nos vários bancos, viajar no interior e no exterior do país conhecer cidades que só víamos no papel.

Fonte: Club-k.net

Entendíamos que ser doutor/doutora/engenheiro/professor ou outra ocupação profissional, não passaríamos a fome, o atendimento e o respeito a própria sociedade teria de nós. Parece engano!


Essa frase foi para muitos de nós uma grande alavanca, para podermos um dia ser úteis ao país que nos viu nascer. Estudar era com força/garra e ainda sem esquecer as porradas/castigos dos professores quando não fazíamos tarefas ou cometíamos indisciplinas.
Jamais imaginamos que depois de termos estudados a situação para a maioria de nós permaneceria triste/pobre a única diferença é que hoje temos um título e somos adultos.

Estamos conscientes que o factor guerra não pode ser guardado. «Roma não se fez num dia e Angola também não se fará num dia» Mas há situações que todos nós já devíamos melhorar. É difícil diariamente verem-se pessoas, jovens funcionários públicos principalmente «grandes intelectuais» que ainda passam por necessidades básicas. Dinheiro do táxi ou da gasolina, o pão para as crianças…Mesmo os indivíduos que são «advogados do regime» também passam fome e não conseguem congelar o frango, assistir a televisão ou fazer ligações telefónicas o saldo acaba sempre sem justificações e não conseguem o dinheiro para comprar porque os salários tal como a energia electrica também fazem visitas relâmpagos. Ficam também meses e meses sem pagar a empresas de águas/electridade, as propinas escolares, as dívidas dos amigos e outras dívidas que a vida lhes proporciona para tapar buracos nos dias de trevas. Mas quando vão as maratonas/comícios dizem com a boca aberta «É tudo graças a visão…»!


A teoria que drasticamente começa a revelar-se na sociedade angolana, é «não basta estudar e preciso ter bons amigos”. A ser verdade isto deploro sem cessar que Deus não nos desampare! Lesa a alma que muitos intelectuais angolanos sobrevivem devido a mão caridosa dos que fazem empréstimos particulares ou favores absurdos.


É preciso não banalizar o estudo para que as novas gerações entendam que estudar/formar é muito importante


«É pacífico que o ser é diferente do ter mas sem nunca ter não há ser»

Cidadão Angolano