Luanda  - Numa semana dois casos, dia 12 de Junho, o nosso irmão jornalista Lucas Pedro e, dia 14 de Junho próximo, o nosso irmão jornalista Domingos da Cruz.

Fonte: BD

O tempo em que estes dois casos são lançados não parecem ser inocentes. Existem razões que poderão estar por detrás desta forte acção numa só semana. Será para desviar as atenções à entrevista de triste memória ao Presidente da República José Eduardo dos Santos? Será para desviar a onda de solidariedade para com os casos bairro Areia Branca, e a prisão do activista Emiliano Catumbela?

Parece-nos que quando há algo intenso de positivo no povo angolano, o regime lança algo para distrair. Ora é um mega festival. Ora é uma grande inauguração. Ora é a festividade de uma grande data. Ora é o lançamento de um caso...

Lucas Pedro, é jornalista de valor, representa em Angola o importante o portal de notícias Club-k.net. Corajoso, Lucas, marca presença em coberturas jornalísticas de vulto. O portal que representa, Club K é, para os devidos efeitos, um dos últimos canais de informação feito por angolanos que ainda dá espaço plural aos diferentes partidos da oposição. Ainda dá espaço às diferentes associações e ONGs nacionais e que dá espaço aos jovens revolucionários. Qual será então o interesse em focar agora no seu representante?

Domingos da Cruz é um investigador, escritor de duas obras importantes com uma visão social para a situação do povo angolano. É também estudioso dedicado, já com título de Mestrado. Acrescente-se a nobre profissão de jornalista. Qual é agora o interesse em focar num caso que começou em 2009?

Parece-nos que existe uma gaveta onde se acumulam casos. Esses casos são aí acumulados para serem lançados em momentos oportunos. Sempre que a cidadania cresce, os casos são lançados. Sempre que a liberdade cresce, os casos são lançados. E, sempre, sempre focados em figuras chave.

Angola deveria estar a ser guiada por uma constituição lançada a público a meio de um campeonato Africano de futebol, em Janeiro de 2010. A parte da constituição de como o todo poderoso presidente manda, está a ser seguida, a parte dos direitos humanos e liberdades… bom, está como se sabe. Na altura o Bloco Democrático bem que avisou que esse lançamento nesse momento desportivo só podia esconder algo grave. E foi confirmado. Era uma atípica. Que nunca ninguém viu em lado algum no mundo. É por isso que em 2008 fez-se tudo para acabar com a Frente para a Democracia (FpD), pois a FpD no parlamento iria ser um combate cerrado à atípica!

O aspecto curioso da actual constituição vai ainda mais fundo. Essa constituição vinha recheada de bonus, bonus de suposta protecção aos direitos humanos, à liberdade de expressão, à liberdade de imprensa. Para esconder o modelo atípico que põe um presidente com super poderes (até é ele quem indica comando de bombeiros ou construção de estradas) que em tudo manda, era preciso dar a impressão de ser uma constituição com super liberdades, as liberdades que o povo angolano procura.

A maka é que essas supostas super liberdades, têm sido violadas consecutivamente pelo próprio regime que lançou a nova consituição. A consituição actual, supostamente garante liberdades e protecção.

O Movimento Revolucionário e Emiliano Catumbela em particular, não viram essa protecção quando realizaram uma vigília PERFEITAMENTE legal e se viram alvo de uma profunda violação dos seus direitos por uma força violenta que veio a cavalo, helicopetro e tudo o mais. Filomeno Vieira Lopes não viu essa protecção quando junto com os Jovens Revolucionários se manifestava e foram violentamente espancados. Cabeças penetradas por ferros, braços partidos… imenso sofrimento! Foi também assim no bairro Mayombe. Os dois irmãos da Unita também não viram protecção. Entretanto, Emiliano Catumbela continua preso e doente e o povo da Areia Branca viu-se cercado e atacado, nem as crianças escaparam. Cassule e Kamulingue… onde está a protecção a que têm direito?

O Bloco Democrático também não viu essa constituição em funcionamento quando em 2012 lhe foi ilegalmente negado o acesso à ida a votos. O BD também não vê essas liberdades da constituição em funcionamento quando lhe foi passada uma morte nos órgãos de comunicação do Estado, para nas próximas eleições virem outra vez dizer (com acção psicológica e propaganda à mistura) que nada fizé-mos, que o nosso trabalho é na secretária, etc e, que por isso, não temos sequer eleitores prontos a votarem em nós. É assim que se preparam para extinguir o Bloco Democrático nas próximas eleições.

Hoje, Domingos da Cruz, Lucas Pedro e o Club K, estão também eles a não ver a constituição em funcionamento. Hoje, o jornalista Rafael Marques também tem vários casos na tal gaveta. Hoje, o jornalista William Tonet, também tem vários casos na tal gaveta. Hoje, o Folha 8, também tem vários casos na tal gaveta...

As leis, têm que ser para todos. A constituição tem que ser para todos. Alerta Povo de Angola! Alerta Mwangoles!

Quando os jornalistas não podem falar. Alerta! Quando jornalistas são escorraçados da cobertura das manifestações do Movimento Revolucionário. Alerta! Quando os jornalistas são escorraçados da cobertura ao drama do bairro Areia Branca. Alerta! Quando órgãos de comunicação são invadidos. Alerta! Quando as pessoas não podem falar. Alerta! Quando a liberdade é cortada. Alerta!

O Bloco Democrático junta-se a todos quantos nesta hora estão solidários com Lucas Pedro, Club K e Domingos da Cruz. Primeiro que tudo somos angolanos e angolano ajuda angolano. As liberdades fundamentais têm que ser uma causa de todos nós.

O BD tudo fará para, como sempre, para ajudar, desde já, lançando a alto e bom som este alerta ao que se passa com Lucas Pedro e Domingos da Cruz. Contem connosco!

LIBERDADE, MODERNIDADE, CIDADANIA

Luanda, aos 13 de Junho de 2013