Lunda Sul – A presidente da nacional da Liga da Mulher Angolana (LIMA), Miraldina Olga Marcos Jamba, apela as direcções dos partidos políticos – com e sem assento no parlamento – no sentido de abranger as mulheres “nos lugares de tomada de decisão” por ser um direito que as assiste à luz da Lei dos Partidos Políticos.

Fonte: Club-k.net

A responsável teceu as referidas declarações à imprensa quando presidia o acto de abertura do “3º acampamento inter-provincial” daquela organização feminina que decorre em Saurimo, província da Lunda Sul.

Miraldina Jamba firmou que “a exclusão da mulher angolana na vida política é notória, tendo em conta a sua fraca participação quer nos órgãos de representação ou de governação”. Recordando que “no Parlamento na legislatura passada as mulheres representavam 40 % e hoje baixaram para 37%, assim como na actividade partidária”.    

De salientar que a realização do referido acampamento tem como objectivo proceder à troca de experiências entre os membros da LIMA das províncias da Lunda Norte, Lunda Sul e Moxico, no sentido de “fazer uma análise profunda sobre os direitos humanos” que têm conhecido constantemente violações flagrantes no nosso país.

O Club-k publica na íntegra o discurso de abertura do acampamento inter provincial da Lunda Sul:

Excelências Sr. Secretário Provincial da Lunda Sul, Virgílio Samussongo
Excelências Membros da Comissão Política do Comité Permanente
Digníssimos membros do Comité Nacional da LIMA
Ilustres Membros da JURA
Caros Convidados
Minhas Senhoras e meus Senhores
Excelências

Saudamos calorosamente os nossos digníssimos convidados destacando a presença de tão ilustres individualidades que nos brindaram com a sua presença, inclinamo-nos perante a memória do nosso Presidente Fundador Dr. Jonas Malheiro Savimbi. Promotor da Dignidade e valorização da Mulher Angolana.

Ao longo do percurso heróico da História do nosso país, a LIMA tem estado presente e tem participado em todos os sectores da vida da Nação. Assim podemos afirmar que o ambiente político social e económico que Angola vive tem contado com a participação activa e efectiva das Mulheres.

Queremos aqui as mamãs da LIMA veteranas que estiveram presentes no 1º congresso da LIMA estas mamãs são: Mães Laurinda Chissako, Nassikanda, Adelina Ngolomba, Laurinda Celeste.

Devemos recordar também aqui que ao longo dos 41 anos de existência da LIMA, já lideraram a organização 7 presidentes: sra. Isalina Kawina, Eunice Sapassa, Helena Kakelo Kakinda, Alcina Campos Mateus, Alda Juliana Sachiambo, Odeth Ludovina Mbaka Joaquim e Miraldina Olga Marcos Jamba.
 
É nossa convicção que a consolidação da paz, o aprofundamento da Democracia em Angola bem como o combate à pobreza, exigem um envolvimento cada vez maior das mulheres Angolanas.

O 18 de Junho de 2013 marca o 41º aniversário da LIMA e realiza-se sob o LEMA: LIMA – MULHERES UNIDAS EM DEFESA DA DEMOCRACIA E DOS DIREITOS HUMANOS EM ANGOLA.

A realização deste Acampamento tem como objectivo proceder à troca de experiências entre os membros da LIMA das Províncias da Lunda Norte, Lunda Sul e Moxico, fazer uma análise profunda sobre os direitos humanos que no nosso país têm conhecido violações flagrantes. Assistimos todos os dias as injustiças perpetradas contra as mulheres a violência doméstica assola e desestrutura as famílias, o HIV/SIDA vitima mulheres e crianças, a saúde materno infantil carece de uma maior atenção, em suma a sociedade Angolana ainda enfrenta inúmeros problemas.

Temos também em abordagem os direitos das mulheres que na verdade são direitos humanos. Se por um lado constatamos que dia após dia, registam-se consideráveis avanços no reconhecimento dos direitos fundamentais pelas mulheres, também é verdade que com a mesma frequência muitas mulheres se vêm privadas dos seus direitos mais básicos e essenciais o que impede a sua cidadania plena.

Uma “Democracia sem mulheres é uma Democracia incompleta” segundo o professor Vital Moreira na obra sobre, os Direitos Humanos das Mulheres pág. 6, ao analisar num dos seus estudos, a evolução da participação eleitoral das mulheres.      

No que concerne à participação das mulheres na esfera Pública, constata-se um tratamento discriminatório o que é uma manifestação clara de um problema mais amplo, as mulheres estão numa posição inferior porque não têm poder real quer na esfera pública, quer na esfera privada e o direito internacional tem reforçado essa falta de poder, vejamos que a própria Declaração Universal dos Direitos Humanos é escrita no masculino quando se fala “dos Direitos do Homem” por exemplo.

A exclusão das mulheres da esfera pública “não obstante os direitos civis terem sido conquistados no século XVIII as mulheres viram o acesso à educação no século XX e alguns países em pleno século XXI ainda continuam a proibir o acesso das mulheres à educação. No que se refere ao nosso País, temos índices de analfabetismo ainda bastante elevados no seio das mulheres.

No que diz respeito à vida política, a exclusão também é notória constatando-se uma fraca participação das mulheres quer, nos órgãos de representação ou de governação, no Parlamento na legislatura passada as mulheres representavam 40 % hoje baixaram para 37% , assim como na actividade partidária.    

A LIMA lança o seu veemente apelo às Direcções dos Partidos Políticos para que incluam Mulheres nos lugares de tomada de decisão é um direito que nos assiste à luz da lei dos Partidos Políticos.

Ao falarmos das violações dos Direitos Humanos, não podíamos deixar de mencionar a onda de criminalidade que se verifica no país tomando contornos perigosos ante a impunidade das forcas da ordem, destacamos aqui, e rendemos sentida homenagem; aos 3 polícias que perderam a vida na noite de 31 de Maio no Cacuaco, os dirigentes da UNITA assassinados pela Polícia na madrugada do dia 2 no Cacuaco: Antonio Kamuku e Filipe Chakussanga, Francisco Epalanga assassinado no município do Londumbali, no Huambo, a jovem funcionária bancária barbaramente assassinada em Viana.
A manifestação pacífica dos senhores de Kafunfo em defesa dos Direitos humanos, barbaramente reprimida pela polícia.

Minhas senhoras e meus senhores Digníssimos convidados, caros participantes uma vez mais o nosso muito obrigado por acederem ao nosso Convite e declaro aberto o Workshop. 

LIMA PÁTRIA
LIMA UNIDADE

Luanda, aos 20 de Junho de 2013