Luanda - O programa radiofónico «Angola Fala Só» da Voz da América teve como convidado na passada Sexta-Feira, ontem portanto o comunicólogo e docente universitário (e também nosso colaborador) Celso Malavoloneke, ele que é também um dos mais activos «facebookianos» cá da praça. Certamente no intuito de preparer-se para a entrevista em que o convidado tem que responder a perguntas dos ouvintes, não é que o bom do Celso lembrou-se de desafiar os jovens internautas a fazerem-lhe as perguntas que quisessem? Em menos de tres horas tinha cerca de trinta.

Fonte: «Angola Fala Só»

Sobre a entrevista do Presidente «PENSO QUE FOI UMA REACÇÃO POUCO CONSEGUIDA 

Mas os jovens não se ficaram por aí: exigiram ao Celso que respondesse a todas as perguntas por escrito que eles fizeram (algumas delas suculentas pois o homem e os jovens revús na volta e meia estão aos «bifes»). O que teve que fazer, resultando numa entrevista a todos os títulos interessante, quanto mais não seja pela irreverência de algumas perguntas. O SA retoma a «entrevista» na esperança que trará algums dados interessantes sobre o também analista politico da Ecclésia que, nessa condição tem posto os cabelos em pé de muitos dos nossos politicos. Boa leitura.


Muiza Diabanza: o que achou da entrevista de sua excelência na sic particularmente em relação a pobreza que ronda apenas nos 35 ou 36%?
Achei que foi uma reacção pouco conseguida às entrevistas concedidas à mesma estação televisiva por Abel Chivukuvuku e Isaias Samakuva. Nota-se que ele tinha um roteiro bastante rígido, em que o entrevistador não podia fazer perguntas de esclarecimento, as tais «follow up questions». Por outro lado, via-se também que o public-alvo da entrevista não eram os angolanos, mas os portugueses e, eventualmente os angolanos na diaspora. Finalmente, sou dos que acham que esta entrevista devia ser dada num órgãod e comunicação social nacional e não estrangeiro.

Quanto às taxas de pobreza, são aquelas que o IBEP (Inquérito sobre o Bem-Estarda População) realizado em 2008 apontam. Sendo as oficiais, são aquelas que devem ser usadas pelo Chefe de Estado. Pela minha observação pessoal, assim empírica, diria que esta é a taxa de pobreza extrema. A pobreza geral deve rondar por aí os 45%.

Roberto Mendonça Pereira: Dr Celso qual a sua opinião sobre o que disse o sr presidente sobre os jovens frustados ? Qual a sua opinião sobre o incentivo para vinda a Angola de técnicos portugueses p o sector publico e privado ?Na sua opinião qual a percentagem de desempregados em Angola?
Penso que o Presidente quis minimizar o fenómeno das «manifs» e dos «revús» e acabou sendo infeliz no termo usado. Mas analisadas friamente as coisas, a frustração na juventude é uma coisa natural. Repare que foi a frustração com as injustiças do colonialism que levaram o próprio Presidente, jovem ainda, a abandoner tudo para juntar-se aos nacionalistas que lutavam de armas na mão para a independência de Angola. A frustração nos jovens, acaba sendo uma alavanca para o desenvolvimento da própria espécie humana.

Eu sou daqueles que que pensam que Angola e Portugal deviam nesta altura definer uma parceria estratégica de importação de quadros, mais ou menos do género do que fazem o Canadá, Nova Zelândia e Austrália, para citar apenas estes: Angola receberia quadros competentes que muito necessita e Portugal aliviaria a carga de desempregados que tem por conta dacrise que atravessa. Mas isso teria de ser feito sem tabús nem preconceitos tanto de uma parte como doutra. Os angolanos devem reconhecer que têm um défice em quadros (em habitantes, mesmo) e os portugueses que Angola é para eles agora uma terra de oportunidades, mas não é mais nem a sua colónia nem um país prostrado pela guerra. Penso que essa mão de obra deveria ser direccionada mais para o sector privado, mas julgo também que seriam muito úteis em alguns sectores públicos como a Educação, por exemplo. E quem quisesse, devia ser encorajado a ficar e a receber a nacionalidade mesmo.
Não sei qual é a percentagem de desempregados em Angola. O que se vê a olho nú é que, uma grande parte da mão de obra angolana, sobretudo feminina, está no sector informal. E isso, óbviamente não é bom nem para elas, nem para a economia do país.

Eliseu Antropocentrista Adolfo: Quando ouve a falar do presidente da república, o que lhe ocorre?
Um misto de admiração e apreensão. Admiração porque vejo nele um homem que dedicou literalmente toda a sua vida adulta à Nação que conduziu com reconhecida mestria até aqui, e por caminhos reconhecidamente difíceis. Postas as coisas assim, a vida e obra de José Eduardo dos Santos já pertence ao património colectivo da Nação. Apreensão porque, ele tem agora como último desafio a reconciliação económica consubstanciada numa distribuição mais justa da riqueza nacional. Caso não consiga isso, toda a sua obra pode ir por água abaixo, o que seria uma perda irreparável para o património colectivo da Nação que aludi.

Oswaldo Cassanga: Comunga da opinião de que, em Angola vive-se um regime ditatorial e nepótico, quando vê por exemplo, famíliares de membros do poder político com as maiores empresas, de forma não especificada?
Não comungo da opinião que em Angola vive-se um regime ditatorial. Existe um sistema de governo que dá muitos (quase todos) os poderes ao Presidente da República o qual, tendo sido sancionado pelos mecanismos que regem as regras democráticas não podem, nem na forma, nem no método ser classificada como ditadura. Embora se tenha em conta que os extraordinários poderes do PR são ainda mais ampliados pelo facto de ele ser também Presidente de um dos paridos políticos mais poderosos de África, senão do Mundo. Agora, comungo sim da opinião que existe uma concentração da riqueza num grupo restrito próximo do PR e do MPLA. As causas são conhecidas: numa altura em que se tentou criar uma burguesia nacional, tudo se concentro naqueles que detinham o poder na altura, como explica e bem o sociólogo Paulo de Carvalho no livro Estratificação Social em Angola cuja leitura, já agora, recomendo. A experiência criou um enorme fosso entre ricos e pobre e isso tem que ser corrigido porque constitui-se hoje por hoje no maior foco de tensão no país. Esse processo de correcção é que eu chamo a dimensão económica da reconciliação nacional e deve ser feito com seriedade, honestidade e sentido de Nação. No final dele, todos devem sair a ganhar. Afinal, o slogan eleitoral do partido governante – crescer mais para distribuir melhor – implica isso mesmo.

«NÃO ME POSICIONEI CONTRA AS REVINDICAÇÕES DAS MANIFS MAS COM A FORMA COMO ESTAVAM A SER FEITAS»

Há tempos atrás, posicionou-se abertamente contra os Jovens do MR. Com o rolar de novos acontecimentos (buscas, perseguições, ameaças, espancamentos, julgamentos forjados, proibições de manifestações violando a CRA, dispersão de vigílias) mantém a sua posição?
Eu não me posicionei contra os revús, nem contra o conteúdo das suas revindicações. Posicionei-me foi contra a forma como o estavam a fazer, a extrema violência que ameaçava descambar para a violência geral que acabaria pondo o país, com as vulnerabilidades que tem, no estado em que hoje vemos a Tunísia, o Egipto, a Líbia e a Síria, para citar apenas estes. Naquela altura fui incompreendido pelos jovens revús que passaram para o insulto, não só a mim como a todos os que achavam como eu que as revindicações podiam e deviam ser feitos dentro de marcos civilizados. Ainda hoje penso assim. Lembro-me que alguns líderes dos «revús» começaram a depositar palavras injuriosas no meu mural do Fabebook. Eliminei-os. E estão eliminados até hoje. É que, como costumo dizer aos meus filhos, uma coisa é dizer «estás a fazer uma besteira». Outra, completamente diferente é dizer «és uma besta». A segunda maneira de dizer é um insulto; a primeira não. Da mesma forma, e como tenho reiteradas vezes dito, discordo completamente com a maneira como as manifs têm sido reprimidas. As pessoas que espancam os manifestantes, que os maltratam, deviam ser levados à justiça. Não acho que os julgamentos tenham sido forjados, porque todos eles inocentaram os jovens revús, dando-lhes razão e à sociedade civil que acredita que, manifestando-se os revús estão a exercer um direito constitucionalmente protegido.

António Cardoso: Eu vi no JA que Angola não há pobreza o que que lhe apraz dizer sobre isso? Sr Celso.
È claro que em Angola há pobreza. E muita. Demais para um país com as riquezas que o nosso tem. Não li a matéria a que se refere, mas se alguém a escreveu e o JA publicou há que perguntar porquê o próprio executivo tem um programa de erradicação da pobreza…

Como gostaria, um dia, de ser lembrado, no seu país?
Se, entre todos os defeitos que carrego, alguém me lembrar como um lutador incansável pela paz e harmonia entre os angolanos, já me daria por satisfeito, seja lá onde estivesse, no céu ou no inferno…

Giovani Dala: O que acha dos analistas políticos em Angola? Que comentário faria sobre os pronunciamentos de JES, sobre não existência de quadros e frustração dos 300?
Acho que temos alguns bons analistas políticos em Angola. Para mim, bons são aqueles que que não se vergam a pressões, seja da Oposição, seja do Executivo (porque essas pressões existem) e emitem opinião com honestidade e no melhor do seu entendimento. Não há como não mencionar aqui o decano dos analistas, o Profº. Justino Pinto de Andrade, agora emprestado à política. Fico pessoalmente consolado porque vejo a despontar também uns bons analistas da nova geração, quase todos eles jornalistas: O Tandala, o José dos Santos e o Mariano Brás no A CAPITAL, o Dani Costa e o Teixeira Cândido n´O PAÍS, o Sebastião Vemba, o Nélson Sul D´Angola do Semanário Angolense, o José Gama do Club K e outros que não me ocorrem agora. Diria que estamos bem servidos em termos de analistas políticos na capital. Nas províncias, com excepção de Benguela, o Nélson que já citei, acho que não existe nenhum.

«NÃO SOU BAJULADOR NEM BOCA DE ALUGUER; SOU INDEPENDENTE!»

Dr. Celso, alguns círculos o conotam como, comprado pelo regime, outros engraxador, etc. O que tem a dizer sobre isso?
Estou habituado a isso. Já no passado quando como funcionário das Nações Unidas liderava alguns programas de corredores de paz entre as forças do governo e da UNITA, uns diziam que eu era do SINFO e outros que era da BRINDE. No final, quando a guerra retomou em Dezembro de 1998 as Nações Unidas tiveram que enviar um avião para evacuar a mim e a minha família pois o único lugar onde poderia estar seguro era em Luanda. Lugar que sempre detestei! Portanto, como disse, estou habituado.
Agora, o que eu tento ser é independente e honesto. É assim que fui educado, pois descendo de uma linhagem de conselheiros do soberano. Por isso fui educado a dizer a verdade como eu a vejo, independentemente de quem a ouça. Isso às vezes traz alguns dissabores, mas paciência, quem vai à chuva molha-se. Entendo que o que tenho que fazer é estudar o mais possível e consultar as fontes dos assuntos antes de dar opinião – e de quando em vez voltar aos bancos da escola, como estou a fazer agora.
O que se passa – e é uma pena, acho – é que os ditos revús são tão ou mais intolerantes que a intolerância de que acusam o “regime”. Basta você não concordar com eles ou dizer que estão errados e é logo rotulado de bajulador, comprado, engraxador, lambe-botas, boca de aluguer, etc. Nisso são, diria eu, piores que o dito “regime”. O que acaba sendo natural, pois o insólito seria se fossem uns santinhos que, obviamente não são…

Alexandre do Nascimento Eduardo Dr, se lhe convidassem a integrar o actual governo como ministro, que pelouro gostaria de dirigir e porquê?
Ministério da Comunicação Social, obviamente, por ser a minha área profissional; Assistência e Reinserção Social por ter andado muitos anos nestas lides e Cultura, porque me considero um homem de cultura e acho que tenho ideias para este sector: acho que as expressões culturais do interior não estão a ser devidamente exploradas e isso amputa a nossa angolanidade. E Interior! Este sector precisa de uma despartidarização urgente!

Benjamim Afonso: Dr. Celso, pergunta: as declarações do Presidente da Republica têm mesmo a ver com a realidade da vida em angola? Ou foi apenas uma manipulação pra tapar os olhos da midia fingindo que Angola esta um mar de rosas. Parece brincadeiras o mundo inteiro assistiu aquilo, ja vi a midia Sul-africana comentando as declarações do JES. Os mais atentos sabem que JES vive Angola virtualmente e não a realidade.
Eu acho que a maior parte das coisas que o PR disse na sua entrevista correspondem à realidade vivida em Angola. Tudo o que disse em relação à trajectória de Angola antes de Bicesse e os esforços de reconstrução pós-guerra são realidades que quem está no país, ou quem vem depois de uma ausência mais ou menos longa pode constatar facilmente isso. Penso que a diferença neste caso reside em quem vê um copo com água a meio: uns dizes que está meio cheio e os outros meio vazio e os dois estarão dizendo a mesma verdade. Não sei o que a midia sul africana comentou das declarações. Quanto a isso, diria apenas que a própria África do Sul tem mais para se preocupar…

Pedro Neto Medina: Dr. Que avaliação faz do Ensino superior angolano? 2-Há quem diga que as nossas centralidades que estão a emergir, além de satisfazerem necessidades reais de habitação, também contribuem por um lado, para o aumento da exclusão social, já que os «mais desfavorecidos» não têm acesso a estas pela falta de recursos. O que pensa, Dr.? Como acha que deve ser a actuação do MAPESS perante as Empresas privadas que insistem em não inscrever os seus trabalhadores na Segurança social?
Nós temos o ensino superior possível que não foge do contexto de crescimento rápido que o país está a atravessar. Há quem diga que foi um erro avançar com todas essas universidades públicas para o interior do país. Eu acho que não. Aquelas universidades fixam os jovens lá, evitando o êxodo para Luanda e contribuem para o desenvolvimento técnico-científico das regiões em que se inserem. Nem que fosse só por isso já seria um passo muito bom. Agora, é claro que elas têm ainda um caminho a percorrer para que atinjam os níveis da SADC, de África, do Mundo. Os preços das casas nas centralidades acabam de baixar para quase metade, o que por si só quase anula a exclusão social que alude. Mas é preciso ter em conta que em todos os países os jovens não entram logo para casa própria. Arrenda. A compra da casarem depois quando já tem um salário que lhe permite isso, ou quando, casando, junta ao seu salário o do cônjuge. As empresas que não pagam a Segurança Social devem ser naturalmente punidas conforme a Lei.

Melhor distribuição da Renda Nacional «É O ÚLTIMO DESAFIO DO PR. SE NÃO CONSEGUIR TEREMOS INSTABILIDADE»

Alexandre do Nascimento Eduardo Dr, Segundo o Deutsche Bank o governo de JES apresenta sinais de ineficiência e elevado índice de corrupção. Acredita que este septuagenário e bom patriota, como quer ser lembrando, ainda terá força para mudar esse quadro?
Não vi este estudo. Mas acredito que este septuagenário e bom patriota como diz tem condições de mudar o quadro a que se refere. Aliás, e como disse, este constitui-se afinal, no seu último desafio. Diria mais: talvez ele seja na actualidade a pessoa melhor colocada para o fazer. Caso não o consiga, prevejo que o país passará por um período mais ou menos longo de instabilidade.

António Cardoso Dr: Celso o que que tu achas da riqueza esmagadora da Isabel dos Santos? Achas mesmo que ela adquiriu essa fortuna vendendo ovos fervido?
Acho que Isabel dos Santos deve vir a público explicar a origem da sua riqueza. Isso, para mim faz parte da tal reconciliação económica que aludi mais atrás e isso é um exercício democrático a que todos os ricos de todos os países estão obrigados. E não acho que essa origem tenha vindo da venda de ovos, fervidos ou não e nem ela disse isso. O que ela disse foi que começou a trabalhar muito cedo vendendo ovos…
 
«SOU UM QUADRO ALTAMENTE QUALIFICADO E NÃO GANHO UM VINTÉM PARA FALAR MAL DE SAMAKUVA OU DE QUEM QUER QUE SEJA»

Dr. Celso tu também se considera um quadro não classificado?
Acho que quer dizer “quadro qualificado”. Eu me considero um quadro altamente qualificado que, tirando uns dois ou três anos for a, formou-se inteiramente em Angola. A provar isso estão os cargos e funções que ocupei em organismos nacionais e internacionais, públicos e privados há praticamente 20 anos.

Ezequiel Dionísio Ndangala Desde quanto Ana Paula é general da reserva, e como pode explicar as últimas mortes que o pais vem registando nos últimos dias?
Não sabia que a Primeira-Dama tivesse sido alguma vez militar e muito menos general. Não tenho explicação para as mortes que aconteceram. Também estou à espera do resultado das investigações da Polícia.

Pedro Bica Quanto ganhas a falar mal dos políticos angolenses e sobre o Samakuva? Porque és um analista de meia e não de tigela cheia? Então porque daquela confusão das cartas de condução se és albino? Por último porque és tão pacifico quando te atacam com maldade e nem fazes queixa-crime?
Não ganho um vintém a falar ou mal ou bem de seja quem for. Recebo uma avença como colaborador do Semanário Angolense e um subsídio da Rádio Ecclésia essencialmente para os custos de telefone (os analistas usam muito o telefone). Porquê sou analista de meia tigela, isso tem que perguntar ao porta-voz da UNITA, o Dr. Alcides Sakala, embora eu ache que ele chamou-me assim porque eu disse que a maneira como estavam a avançar com a queixa-crime contra o PR não era de gente séria. Bem depois se viu que o que dizia era verdade, e aí o mesmo Dr. Sakala veio justificar dizendo que estavam a ser «pedagógicos». Enfim…
Quanto a maka da carta de condução, isso foi quando a DNVT, não sei por que cargas d´água um dia decidiu assim de noite para dia que os albinos não podiam conduzir. Eu, que nessa altura já conduzia há mais de dez anos liderei uma campanha a denunciar o facto como discriminatório e anti-constitucional. Felizmente tive o apoio de pessoas como o Amílcar Xavier na altura na RNA, do Luís Fernando na altura no Jornal de Angola e que ajudaram na divulgação e de muitas outras pessoas. Eventualmente o falecido Paulo Teixeira Jorge levou o assunto às mais altas instâncias do Partido dele, o MPLA e, conforme contaram-me mais tarde, o próprio Presidente da República deu ordens para parar com aquilo. Hoje os albinos podem habilitar-se à carta de condução desde que a sua capacidade de visão tenha sido certificada pelo Instituto Oftamológico de Luanda.
Fazer queixa-crima? Para quê quando me posso defender com a minha pena e com a minha língua? Seria perda de tempo…

Gil Figueira Quantas vezes foste posto em tribunal por supostamente difamar a IURD?
Duas. Li numa revista brasileira que vêm aí mais duas queixas. Isso se se atreverem com o processo do «Dia do Fim» sobre as suas cabeças. É que, o libelo acusatório da comissão de inquérito parece uma fotocópia do artigo “As Questões que a IURD Não Responde” que está em julgamento.

Jorge Gomes Dr. Celso Malavoneke porquê que alguns o conotam como bajulador, lambe bota ou mesmo boca de aluguer?
Acho que já respondi: porque quando acho que o executivo agiu bem numa coisa eu não tenho pejo em dizê-lo. Aí aquele que acham que ser bom analista é posicionar-se sempre no contra, acham-se traídos e avançam com estes epítetos. Acho que ficam com raiva…

Jorge Gomes O que achas acerca da Angola profunda, esta Angola de fome e de miséria, qual e o sinal do tempo que o regime final esta a ter, quem acharias que seria o substituto do PR e porquê? O que achas do Sr. Manuel Vicente como vice PR já que nunca ocupou de nem um cargo ministerial um dia e como gestor e bom e milionário? O que Angola e os angolanos ganham por dia, mês & ano. Qual e a capacidade do nosso PIB per capita. Qual e a real situação da Angola e porque as Nações Unidas faz o povo de Angola de parvo e não ajuda. Ontem eles ganharam mas um reconhecimento contra a fome o que achas disso.
 Jorge as suas perguntas são bastante confusas, mas vou tentar responder o melhor possível: em primeiro lugar, e se por Angola profunda quer dizer as áreas rurais do país, eu tenho estado lá e não vejo a fome i miséria que alude. Evoluiu muito desde o tempo que a maioria era deslocada, vivia em tendas e dependia de ajudas humanitárias. Confesso que não lhe sei dizer «quais os sinais dos tempos que o regime está a ter» pois não sou vidente.quanto ao substituto de JES, sinceramente não sei se o próprio sabe. Acho Manuel Vicente um gestor de topo com provas dadas mas com ainda muito por andar nas lides políticas. Atrevo-me a dizer que se houvesse a necessidade de substituir JES amanhã, certamente não seria ele. Não sei quanto Angola ganha por dia, mês e hora e nem sei quem tem esta informação. Não sei de onde lhe veio a ideia de que «as NU fazem o povo de Angola de parvo e não ajuda» pois é a primeira vez que oiço isso. Quanto ao prémio entregue pela FAO é, mais uma vez, a questão do copo meio cheio ou meio vazio: depende da perspectiva de cada um…

Lipe Vidal Dr. Celso que medidas práticas aconselharias o Executivo a tomar (se tivesses essa oportunidade) para diminuir ou acabar com o crescente índice de violência em Luanda (e não só), que já esta a tomar contornos perigosos?
Três coisas: melhoria das condições de vida das famílias, incluindo melhor oferta de energia eléctrica e água potável; Educomunicação com a juventude, ocupando os seus tempos livres de forma mais útil e melhor distribuição da renda nacional através de programas de créditos bonificados e aumento dos rendimentos das famílias da periferia.

Paulo Manuel KOTA CELSO, O QUE FARIA NESSA ALTURA SE FOSSE PRESIDENTE DE UM PARTIDO POLÍTICO NA OPOSIÇÃO?
Estudaria com muita atenção o melhor programa de governação do país – do MPLA – e procuraria criar uma alternativa melhor, ainda que tivesse que chamar assessoria de fora. Depois, e com base neste programa atacaria taco a taco cada acção governativa tentando explicar aos eleitores que eu posso fazer melhor.

José Pereira Jô O que está a achar dos protestos no Brasil? O que devemos fazer pra termos permissão d fazer o mesmo aqui na banda?
Uma expressão de cidadania, infelizmente manchada por violência de parte a parte. Mas que está a resultar pois os governos municipais e estaduais já estão a satisfazer as revindicações dos manifestantes. Se se pode fazer aqui? Acho que sim, com algumas limitações. As mentes aqui são muito mais violentas, mais próximas da guerra; a Polícia ainda muito partidarizada, e por isso com menos condições de fazer um trabalho isento. Entretanto, é para lá que temos de caminhar.
Alcreto Abílio Bom dia camarada Celso Malavoloneke se fosse presidente de Angola o que faria para a resolução dos anseios dos angolanos???
Não sei, amigo Abílio. Não está nos meus planos mais remotos candidatar-me a Presidente de Angola. O que eu quero daqui a dez anos é ir para a minha reforma…

Quais são as consequências dessa democratura mais velho?
Democratura… suponho que queiras dizer democracia-ditadura. Eu não acho, como disse, que tenhamos uma ditadura em Angola. Mas a democracia que temos é frágil e fortemente ameaçada pela desigualdade social causada pela má distribuição do rendimento nacional. Caso esse problema não se resolva a contento da msioria, corremos o risco de implosões sociais num prazo mais ou menos curto.

Almerindo Mondombe Gostaria de saber porque que não se descentraliza alguns investimentos que o governo de Angola faz acabando estarem confinados na capital do país, será que Angola é só Luanda? até quando a descentralização. Há muita Burrocracia neste país?
O discurso oficial do governo é a descentralização e a desconcentração. Mas acredito que estão a encontrar dificuldades em aplicar isso sobretudo devido à grande concentração de quadros em Luanda e nas Províncias e a sua ausência nos municípios e comunas. Aliás, prevejo que essa será a grande dificuldade que a implementação do Poder Local vai encontrar.

«SOU UM HOMEM DO CENTRO-ESQUERDA; OS JOVENS NÃO TÊM PACIÊNCIA E O SÁBADO É PARA A FAMÍLIA»

José da Costa 1º O Kota Malavoloneke é um homem de direita ou de esquerda? 2º Na sua visão pessoal, qual seria para si a melhor vertente ideológica que se adequaria à realidade angolana face aos desafios que enfrenta, direita, esquerda, centro direita, centro esquerda? ou nenhuma delas e porque?
 Considero-me um homem de esquerda. Centro esquerda para ser mais exacto. E acho que esta seria a melhor opção para Angola, pois harmoniza a intervenção do Estado e do sector privado na satisfação das necessidades dos cidadãos. Acho ser a opção mais eficaz num país com os elevados índices de analfabetismo como o nosso.

Alexandre Almeida Celso Malavoloneke o que acha dessa ideia de SNL EP "sonangolizar" o pais? As tantas ja n se sabe qual e' a sua real missão ....Esta em concessões petrolíferas, também e' operadora-Arbitro e jogador, esta na telefonia , banca , arrenda e vende casas, em fim em tudo.Daqui anos a teremos nos diamantes!!!Qual sua opinião sobre isto???
 Penso que o processo que se deu é que, tendo a SONSNGOL os melhores quadros do sector públicos, eles passaram a receber encargos e a fazer coisas que eram ou são de outros ministérios. Ao ponto que agora é uma espécie de estado-sombra. Mas esse processo começa já a esbater-se com a saída de Manuel Vicente.

António dos Santos Qual é a sua visão em relação a segurança geral em angola. Falo da alimentacao, salario, emprego, fronteiras....Desculpa. dizia fronteira, politica, energia, agua, habitacao, etc....
Acho que o nosso país é muito permeável. Há muito trabalho a fazer nesta área.

Celso Costa Chara, na sua opinião quais são as razões do imediatismo por parte dos jovens angolanos?
A mesma de todos os tempos: os jovens não têm paciência. Querem tudo para agora. E ainda bem que é assim…

Pedro Neto Medina Relativamente, ao ante-projecto da «Nova Lei Geral de Trabalho», que prevê trabalho ao Sábado, que opinião tem, Dr. Malavoloneke?
Acho um erro. Na maior parte dos países o Sábado é livre. Isso porque durante a semana as família quase não se vêm, então usam o fim-de-semana para isso. Espero que isso não passe…

Maquiassa Fontes Dr. Malavoleneke, eu gosto muito do senhor e das suas ideias que são taxativamente iguais as de Lula da Silva. Quando liderás uma manifestação contra o REGIME-estado...
 Nunca. Lula é meu ídolo, mas somos de perfis diferentes. Ele foi sindicalista e político de massas e eu sou um analista, tecnocrata mais virado para a academia. Nessa condição, dificilmente sairia às ruas e muito menos liderar uma manifestação.