Alemanha - O activista angolano Rafael Marques, que foi notificado pela Procuradoria-Geral de Angola esta terça-feira (23.07) em Luanda, disse à DW Africa que não foi ouvido porque o instrutor do caso "encontra-se de viagem".

Fonte: DW

Por outro lado, Rafael Marques disse que recebeu também “um mandato simultâneo que não especificava se era mandato de captura ou de busca. Fui informado ainda que se tratava de uma medida cautelar para que estivesse absolutamente informado da necessidade de estar presente para interrogatório como arguido em 11 queixas-crime.”

O activista angolano tinha sido notificado pela Procuradoria-Geral de Angola para prestar declarações no dia 23 de julho, em Luanda, na qualidade de arguido em 11 processos-crime.

A notificação que Marques recebeu a 17 de julho dizia que ele deveria prestar declarações no Departamento Nacional de Investigação e Ação Penal da Procuradoria-Geral da República de Angola.

Processos-crime em Portugal e em Angola

Sobre o jornalista Rafael Marques correm processos-crime em Portugal e em Angola, que deram entrada na justiça na sequência da publicação do seu livro "Diamantes de Sangue: Tortura e Corrupção em Angola", publicado em Portugal, em 2011.

No livro, Marques acusou de "crimes contra a humanidade" vários generais angolanos, após uma investigação iniciada em 2004 e documenta casos de homicídio e tortura contra os habitantes na região diamantífera das Lundas.

Rafael Marques disse ainda à DW África que o Estado angolano lhe deve uma indemnização e acrescenta: “já me retiraram o passaporte no aeroporto muitas vezes, perdi viagens importantes e nunca me compensaram pelas perdas que a justiça me causou ou que a falta de justiça me causou”.

E activista destaca que o Estado angolano lhe deve uma compensação por “me ter detido de forma arbitrária no caso da ação intentada pelo Presidente da República em 1999. Até hoje o Estado e o Presidente angolanos continuam na situação de caloteiros”.

Rafael Marques deixou claro que sempre defendeu a necessidade de utilizar todos os mecanismos legais para fazer avançar a sociedade angolana e que é uma boa oportunidade para as pessoas travarem esta batalha no tribunal com “os generais de um lado, eu e as vítimas dos abusos cometidos por outro”, conclui.