Luanda – O povo português devia tentar conhecer os "enormes progressos" alcançados em Angola e não fixar-se nas "coisas negativas", defendeu hoje em Luanda o secretário-geral da União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA).

Fonte: Lusa
"As pessoas, sabendo que o mundo hoje vive com tremendas dificuldade e que há uma crise enorme, isto não se muda com uma varinha mágica e vocês fizeram progressos de facto enormes. Fizeram. E a obrigação do povo português é compreender isso e não pegar nas coisas, que todos os países têm, mais negativas", disse Vítor Ramalho.

O secretário-geral da UCCLA falava numa conferência de imprensa que fechou a visita de trabalho de cinco dias a Luanda, a primeira desde que foi escolhido há cerca de dois meses para o cargo que ocupa.

"Nós em Portugal necessitamos dos angolanos. Digo-o sinceramente. E neste momento muito. E é bem-vindo o investimento que vocês lá fazem. É muito bem-vindo", acrescentou.
Para Vítor Ramalho, "empresas de grande dimensão têm participações públicas dos angolanos e isso é um dado que não podemos descurar".

O secretário-geral da UCCLA destacou ainda o que considerou serem os três eixos em que vai basear o seu trabalho como secretário-geral e que passa, sobretudo, pelo resgatar da memória da geração que impulsionou as lutas de libertação nacional nas ex-colónias portuguesas.

Os outros dois eixos são o aprofundamento das relações com a organização congénere de língua castelhana, a União das Cidades Capitais Ibero-americanas e a organização de missões empresariais, com participação de pequenas e médias empresas.

Questionado sobre a organização do poder local em Luanda, Vítor Ramalho salientou o desconhecimento do processo em curso em Angola, e deu o exemplo de Moçambique, que alcançou a independência sensivelmente ao mesmo tempo que Angola e tem "um processo autárquico mais avançado".

A questão das eleições autárquicas divide o poder e a oposição em Angola, com os partidos fora da governação a acusarem o Movimento Popular de Libertação de Angola de não tomar as medidas indispensáveis para a realização do escrutínio em 2015, como está previsto, mas ainda sem data oficializada.

Durante a estada em Luanda, Vítor Ramalho reuniu-se com o governador provincial de Luanda, Bento Bento, e os administradores de três dos sete municípios da província: Belas, Cazenga e Luanda, e foi recebido pelo vice-Presidente da República, Manuel Vicente.