Actual presidente deste partido, Ngola Kabangu lembra como tudo aconteceu, começando por acusar a potência colonial de não ter garantido uma cerimónia de passagem de poderes conforme os acordos que tinham sido assinados nove meses antes em Portugal.

«Em nome do presidente Holden Roberto eu presidi a cerimónia. Não tínhamos a bandeira nem o hino nacionais porque os três movimentos não conseguiram um acordo de última hora que pudesse salvar o processo de descolonização».

Para Ngola Kabangu, as condições dramáticas então vigentes não permitiram a realização de uma cerimónia de transição dos instrumentos de soberania da potência colonizadora para o novo país.

Atribui ao governo português da época, então liderado pelo Partido Comunista (PCP), a responsabilidade por este fracasso sob alegação de que «queria imprimir um cunho ideológico ao processo devido às suas afinidades com o MPLA».

O actual líder da FNLA, que tinha acabado de fazer parte do governo de transição com a função de ministro do Interior, reconheceu, ainda assim, que o processo descarrilou também por desavenças entre os angolanos.

A descolonização de Angola tinha resultado de um acordo negociado em Alvor (Portugal) de 10 a 15 de Janeiro de 1975 entre o Estado português e os movimentos de libertação nacional de Angola, Frente Nacional de Libertação de Angola(FNLA), Movimento Popular de Libertação de Angola(MPLA) e União Nacional para a Independência Total de Angola(UNITA).

Os acordos estabeleceram um governo de transição com representantes angolanos e o governo português mas os combates entre o MPLA e a FNLA iniciados em Março do mesmo ano descambaram em fricções políticas que se estenderam pelo país adentro.

O MPLA, que tinha o controlo sobre a capital do país, Luanda, proclamou a Independência de Angola, na voz do seu líder António Agostinho Neto.

Fonte: VOA