Luanda - Clientes da DELTA alegam ser obrigados a assinar por uma tipologia diferente da que pagaram e têm apenas cinco dias para depositar o remanescente equivalente a sete mil dólares.

*Waldney Oliveira
Fonte: SOL

Os contratempos com o processo de aquisição de casas na centralidade do Kilamba, em Luanda parecem não ter fim. Após publicação da lista de candidatos inscritos pela SONIP, proprietária do empreendimento, começou a ser divulgada, a 26 de Agosto, a lista dos inscritos pela DELTA imobiliária. Mas o que para muitos seria um motivo de alegria transformou-se em angústia. A imobiliária já não tem disponíveis apartamentos do tipo T3+1.

As duas últimas semanas foram de muita agitação na loja da DELTA no Kilamba. Os candidatos reclamam que não foram previamente avisados e acusam a SONIP de estar a agir de má-fé. «Paguei por um T3+1 mas entregaram-me as chaves de um apartamento T3B, sem nenhuma satisfação. Alegam apenas que já não há T3+1 disponíveis e não se preocupam sequer em sensibilizar os clientes. A moça que me atendeu disse que, se eu não aceitasse, simplesmente perderia a casa», reclama Jude Melin.

Jude – que fez o pagamento de um T3+1 em Fevereiro – afirma que devido à falta de esclarecimentos e à ignorância dos funcionários da SONIP viu-se obrigado a assinar o contrato de uma casa menor, com medo de perder o dinheiro depositado.

Mais agastados estão os clientes obrigados a receber um T5 e com o prazo de cinco dias para pagar o remanescente, equivalente a 7.080 dólares.

A elevada diferença de preço entre T3+1 e T5B tem tirado o sono a muitos clientes, tendo em conta o curto prazo. O potenciais moradores solicitaram, em vão, que o prazo fosse estendido para pelo menos um mês. O T3B tem uma diferença de 850 dólares e os clientes que já fizeram o pagamento temem que este valor seja ignorado, uma vez que no contrato não existe nenhuma adenda a declarar a troca de tipologia ou a diferença a ser paga.

Jude receia que na altura do pagamento da próxima prestação o banco ou a SONIP o obriguem a pagar o valor integral: «Mais vale assinar e depois discutir. As pessoas estão chateadas e vêem-se com os braços atados. O pior é que não existe nenhum comunicado afixado na Delta».

Agastada, Deolinda Costa conta que o funcionário que a atendeu na loja da DELTA deu-lhe duas opções: aceitar e pagar a diferença ou renunciar e aguardar por um possível contacto da SONIP. Confiante que a imobiliária nunca irá contactar as pessoas que renunciarem, aconselha a todos que o mais viável é assinar o contrato imposto.

Joaquina Mangueira viu a sua saúde em risco e a tensão a aumentar a ponto de não conseguir sequer assinar o contrato, de tanto nervosismo. Acompanhada da filha, ambas afirmam que vão aconselhar-se junto de um advogado. Temem que o processo seja demorado e não sabem que consequências poderão advir.

«A questão não é a devolução do dinheiro. Cheguei aqui com uma expectativa e sou surpreendida com uma situação completamente contrária, isso cria frustração a qualquer pessoa. Como é possível eles receberem dinheiro por um produto que não existe?», questiona Joaquina.

Para Dikila Silva, este que seria um dos dias mais felizes da sua vida acabou por se tornar um tormento. A cliente que acusa a SONIP de desrespeito ao consumidor declara que foi obrigada a fazer um crédito para pagar a primeira prestação da renda e até hoje continua a ser descontada no salário.

A nossa reportagem confirmou que, por iniciativa de algumas pessoas, está a circular na centralidade uma lista quem esteja interessado em constituir advogado e reverter a situação.

Por sua vez, contactado pelo SOL, Paulo Cascão, administrador da DELTA Imobiliária, remete toda a responsabilidade à proprietária do imóvel. A nossa reportagem tentou, em vão, ouvir as alegações da SONIP.