Luanda – O Sindicato dos Professores do Ensino Superior (SINPES) de Angola anunciou nesta quarta-feira, 11, em Luanda, que vai denunciar ao Presidente da República, José Eduardo dos Santos, a situação que enfrentam os docentes universitários, em greve por tempo indeterminado desde terça-feira, 10.

Fonte: Lusa
O secretário-geral do SINPES, Eduardo Peres Albano, disse que o que mais tem inquietado o sindicato é o "silêncio absoluto" do Ministério do Ensino Superior, a quem foi entregue pela segunda vez em Junho passado o caderno de reivindicações.

"Vamos esperar hoje (quarta-feira, 11) o mais tardar até às 15:00, se o senhor ministro não se pronunciar, vamos oficializar as nossas denúncias junto do Presidente da República, para denunciar este facto, com conhecimento à Assembleia Nacional e às bancadas parlamentares", referiu Eduardo Peres Albano.

A paralisação das aulas foi anunciada na última sexta-feira e o início da greve, com 60 por cento de adesão, confirmado pelo SINPES, na terça-feira.

Entretanto, também na terça-feira, a Lusa contactou Arlindo Isabel, porta-voz da Universidade Agostinho Neto, a principal região académica pública das sete existentes no país, tendo o mesmo afirmado que as aulas decorrem com normalidade naquela instituição. "Eu próprio sou docente universitário e neste momento em que me liga, estou a caminho da Faculdade de Ciências para dar aulas. Fiquei a saber dessa greve pela rádio", referiu Arlindo Isabel.

Sobre esta divergência de informações, o secretário-geral do SINPES acusou o Ministério do Ensino Superior de estar por detrás dela, levando a cabo "um trabalho de campo silencioso, de intimidação" com o objectivo de "desacreditar a luta sindical".

"A adesão (à greve) é gradual e contínua neste momento, independentemente do trabalho de campo silencioso que o ministério está a fazer, orientando os decanos para obrigarem os docentes a trabalhar", denunciou Eduardo Peres Albano.

"Há um sistema de ameaças. Recebemos uma queixa (das províncias) do Lubango, do Uíge, recebemos mais duas queixas, uma de Benguela e de Cabinda, onde o decano da Faculdade de Economia insinuou a emissão de uma convocatória para obrigar os docentes a trabalharem. É uma plena violação da lei da greve", acrescentou aquele docente da primeira região académica (Luanda).

Segundo o sindicalista, a situação actual dos professores do Ensino Superior não pode ser minimizada, por isso pedem à entidade patronal que apresente a sua equipa negocial para a "discussão aberta, transparente e séria, acima de tudo, dos problemas".

Além dos baixos salários que auferem os docentes universitários, a falta de condições de trabalho é igualmente outra preocupação, queixou-se Eduardo Peres Albano. No caderno reivindicativo, aprovado na Assembleia-geral de Junho de 2012, no Lubango, província da Huíla, o SINPES apresenta uma proposta salarial para o professor titular, que passa do vencimento base de 357 mil kwanzas para 1,5 milhões de kwanzas por mês.