Luanda - QUESTÕES PRÉVIAS: 1. Quantos postos de trabalho para angolanos, residentes em Portugal, os investimentos (em Portugal) dos senhores do poder angolano criaram? 2. Quantos angolanos foram convidados pelas autoridades portuguesas a ingressar na função pública em Portugal? Há em Portugal muitos angolanos licenciados, mestrados e doutorados nas instituições de ensino portuguesas e que não têm sido admitidos na função pública em Angola. Porque não são esses angolanos admitidos na administração nem em Portugal nem em Angola?


Fonte: Club-k.net

3. Se os angolanos não têm qualificações para garantirem o funcionamento da administração pública, sendo a mão-de-obra portuguesa a dita qualificada, poder-se-á dizer que quem governa Angola são os angolanos? Expliquem-me, por favor, pois não só capaz de compreender por mim próprio!


4. Qual a capacidade de absorção de trabalhadores tem a administração pública angolana para integrar tanta mão-de-obra estrangeira sem prejudicar os legítimos direitos e interesses dos angolanos?


5. A soberania de Angola reside na promiscuidade entre os vários poderes do estado ou na capacidade de autodeterminação do seu povo? Como é que se poderá conciliar uma realidade em que o estrangeiro controla a máquina administrativa do estado com a ideia de soberania nacional? Que eu saiba, qualquer vírus ou bactéria para matar um ser humano não precisa de espalhar-se e alojar-se desde as pontas das suas orelhas até as pontas dos dedos dos pés! Nem tampouco, a sua ação subversiva precisa de produzir ruídos, se não os médicos estavam todos surdos...ou não!?


“De Cabinda ao Cunene, Um Só Povo e Uma Só Nação” são as palavras com que (durante largo período de tempo), misturou-se a primeira papa para alimentar o patriotismo de cada angolano desde o momento do seu nascimento completo e com vida.


Antes desses tempos, porém, correram outros em que cada membro dos filhos desta terra - amada por uns e querida e desejada por outros, apesar de maltratada por uns poucos do seu seio -, deram o que podiam e o que não podiam em prol da sua possessão pela sua posteridade. O que podiam e o que não podiam deram para se libertarem de um intruso senhor cujo poder repressivo guardava na ponta de uma poderosa vara. A vara do senhor do povo era longa e pesada; eram perigoso tentar tirar-lha. Qualquer gesto para tentar tirar-lha podia e, custou mesmo a vida à muitos angolanos. O tempo chegou, e o senhor da vara que mandava e determinava sem pena nem dó, obrigado a partir, partiu.


UM GRANDE SUSPIRO SE OUVIU NO MEIO DO POVO:

Suspirou o povo, por se ver livre da dor e da opressão do seu carrasco. Mas também o povo suspirou pois a partir de então – pensava -, se governaria. Um dos grupos dos seus irmãos entre aqueles que defrontaram o senhor da vara dissera sempre, que a partida dele marcaria o começo de uma era de felicidade baseada na paz e na harmonia entre todos os filhos do povo. Daí o slogan “De Cabinda ao Cunene, Um Só Povo e Uma Só Nação”.


Esperava, então, o lavrador, ver o seu filho ultrapassar o quarto ano de escolaridade e sentar-se naquelas carteiras que no tempo do senhor da vara o acesso era-lhe vedado. Agora podia sonhar ser pai de um engenheiro, doutor, arquiteto ou outra coisa. Nesses tempos dizia-se que ninguém devia possuir mais do que ninguém; A ideia de propriedade privada era repugnante. Mesmo nas escolas todos tínhamos de usar farda para garantir que eramos todos iguais. Mandou-se vir de Cuba médicos para que não faltasse assistência nos hospitais. Assim é que era bom - diziam os nossos manos que nos governavam -, porque no capitalismo era cada um por si e Deus para todos. É uma selvajaria – diziam eles. O povo suspirou de alívio porque agora conheceria uma sociedade de iguais em oportunidades, em direitos, em deveres e perante a lei porque, “De Cabinda ao Cunene, Um Só Povo e Uma Só Nação”.


E O TEMPO FOI PASSANDO I:

Quem vivia proclamando por entre nós “De Cabinda ao Cunene, Um Só Povo e Uma Só Nação”, perante os factos que contra si militavam, não obstante, nunca se inclinou a reconhecer a sua nada ortodoxa ascensão e instalação no poder. Sem se poupar pelo contrário, empregou sempre as suas maiores e melhores energia para acusar os seus irmãos de deslealdade, traição ao povo e ganância. Em nome da defesa, da paz e do bem-estar do povo angolano adquiria tecnologia militar “da pesada” para lutar contra os seus irmãos a quem tinha derrogado o direito de concorrer para eleições livres. Como se não bastasse, entravam à pontapé nas casas daqueles a quem diziam defender e de lá retiravam jovenzinhos para os entregar à guerra. Quando esses jovens sobrevivessem, voltavam para as suas famílias já sem algum ou alguns dos seus membros e não beneficiavam de qualquer tipo de apoio do estado. Muitos acabaram e, até agora, acabam dementes e sem hipóteses de reencontrarem a sua família vivendo como juncos no meio de um deserto. Um dos desertos dessas pobres infelizes vítimas do novo senhor dos angolanos são as próprias ruas da capital do país.


E O TEMPO FOI PASSANDO II:

As famílias angolanas (na sua esmagadora maioria) onde quer que estivessem, vivenciando essa realidade dia após dia, foram capazes de a suportar porque ao fundo do túnel havia uma esperança de que dias melhores viriam.


Aconteceu entretanto que em todo território sob jurisdição político- administrativa do MPLA – Partido do Trabalho, foi se instalando e ganhando fama (sobretudo nas cidades) uma tal prática a qual, mais tarde, o povo apelidou de gasosa. Ao princípio a gasosa aparentava ser um bom e um ótimo instrumento intermediário, ou um mediador, na medida em que assumia uma espécie de papel de desembargador nas relações entre os cidadãos e a administração. Queria-se um documento veraz ou não, com urgência ou sem ela e o recurso ao dispor do cidadão para desbloquear quaisquer situações era a gasosa. Sem que o povo se apercebesse, era chegada a era de sucussão do sonho do filho do camponês vir a cursar superiormente. De onde retiraria o camponês a gasosa para suportar a educação superior do seu filho. A partir de agora a gasosa tomaria conta da situação, para bem de uns e para mal da maioria. Concluir o 12ºAno de escolaridade (ensino médio) tornou-se, de facto, um grande privilégio.


Bolsa de estudo para o ocidente para formação superior no ramo civil só para os privilegiados filhos dos senhores da nomenclatura. Para os outros, o filho do cidadão comum; aguardavam-lhes Cuba, URSS, RDA e outras paragens ligadas ao pacto de Varsóvia oferecendo-lhes formação militar. Ou seja; Privilégios só para os que merecem, os outros que os comprem (pagando a gasosa) se quiserem e se puderem.


A GASOSA NOS DIAS DE HOJE:

Como é próprio de qualquer povo, também para o povo angolano o inimigo não podia vir senão do outro lado da linha. Porém, na realidade o maior inimigo do povo angolano estava a silenciosamente a levantar-se na sua retaguarda, no seu próprio seio com um simpático nome. Parecia até um nome amigável pois, aparentemente desbloqueava situações que seriam inultrapassáveis doutra forma.


Hoje em dia já o povo se vem apercebendo que o império da gasosa domina e escraviza sem pena nem dó. Pior ainda, é que a gasosa ganhou escala nos degraus mais altos da administração e da governança de modo que se desdobrou em várias categorias. Daí que existe gasosa cuja capacidade não garante mais do que a própria sobrevivência do seu autor; existe a gasosa capaz de garantir a manutenção num “bom” posto de trabalho e, para além de outras, no topo, existe a gasosa capaz de abrir portas para o enriquecimento rápido e “em massa”. Como é óbvio, não são os angolanos quem detém e se serve do poderio gasosístico de maior envergadura. Desde logo porque os da nomenclatura interagem pacificamente e solidariamente entre si, garantindo que todos tenham livre acesso ao baú. Outros porém há, que não pertencendo à família, têm de se socorrer do poder da gasosa, porém, com garantias de grande monta.


O BLOQUEIO DA GASOSA NA CRIAÇÃO DE EMPREGO: 

Lançando um olhar sobre as várias categorias da gasosa podemos verificar que, segundo o seu poder de influenciar, a gasosa do topo da hierarquia é aquela cujos detentores têm efetivamente, poder para multiplicarem em ritmo acelerado a criação de postos de trabalho para o povo angolano. No entanto, o contrário tomou conta da situação pois esses gozam de tanta proteção que as únicas obrigações a que estão adstritos em Angola são exclusivamente as que decorrem da sua ligação aos interesses pessoais e de grupo da nomenclatura. Sem margem de erro podemos daqui concluir que o investimento estrangeiro em Angola não está a oferecer trabalho aos angolanos, mais a mais pelo facto de muitos desses investidores levarem mão-de-obra dita qualificada (como pedreiros, carpinteiros, pintores) dos seus países. Os da nomenclatura por sua vez, ao invés servirem-se da sua riqueza para darem trabalho ao povo, fazem uma espécie de troca com os seus parceiros investindo, em condições de elevado risco, nos países de origem daqueles.


UMA AMEAÇA SOBRE A TÁBUA DE SALVAÇÃO:

Do vazio de políticas que promovam o emprego tem necessariamente de recair um peso para algum lado. Neste aspeto, algum sector teria sempre de mitigar as lacunas do sistema visto que pelo menos alguns têm de trabalhar para se poder ir adiando a implosão do sistema e do regime. Daí que tem sido o sector público o grande empregador apesar de se observarem todos os dias nos noticiários, a luta com que os estados da união europeia e, inclusivamente, a República de Cuba – que é um país amigo do regime político angolano, se defrontam com intuito de reduzir o número dos funcionários do estado. Ou seja, o vale em que os outros se debatem para fazerem escapar as suas economias sãs e salvas é precisamente o lugar que nós procuramos como abrigo da nossa economia. Mais. A dificuldade de compreender essa postura do MPLA e do seu Presidente, aumenta ainda mais pelo facto de sabermos que eles têm estado a preencher os escassos postos de trabalho da administração pública escancarando as portas aos seus amigos e companheiros nomeadamente, portugueses. Numa circunstância em que o povo reclama trabalho o presidente tapa os ouvidos, assobia para o lado e convida os portugueses desempregados a virem trabalhar para o lugar dos angolanos desempregados.


Aos caros leitores e aos angolanos em especial, um até breve!