Luanda – O MPLA é um partido que não sabe viver com a lei e não vai aprender a fazer isso, disse o activista e membro do Movimento Revolucionário, Adolfo Campos (de camisola amarela, com dizeres: 32+2 é muito), no programa radiofónico da Voz de América, “Angola Fala Só”.

Fonte: Voa
A última manifestação foi a 19 de Setembro mas não chegou a realizar-se porque a polícia impediu a mesma prendendo vários dos jovens. Os presos foram soltos no dia seguinte mas voltaram a ser presos juntamente com três jornalistas que os entrevistavam á saída do tribunal. Os jornalistas foram libertados poucas horas depois e e os manifestantes acabaram por ser soltos  por ser soltos sob fiança na Segunda-feira.

Adolfo Campos alega que eles fazem agora face a acusações de causar distúrbios. “Como é que três jornalistas são presos quando nos estão a entrevistar?”, interrogou o activista. Acrescentando que “o MPLA é um partido que não sabe viver com a lei e não vai aprender a viver com a lei porque quem atropela as leis é o próprio Presidente da República”.

Numa conversa animada e entusiástica com vários ouvintes, Campos disse que Angola é uma sociedade “sufocada” em que uma pequena elite do partido no poder controla tudo.

Mesmo os partidos políticos da oposição estão “sufocados” não podendo responder às ansiedades do povo. “Os partidos políticos têm que se misturar com o povo,” disse, apelando a uma unidade de toda a oposição. “Nada se alcança através das eleições por que eles corrompem tudo”, enfatizou.

O ouvinte José  Maria telefonou para dizer que em Cabinda o governo continua com uma política de repressão mortal alegando que duas pessoas tinham sido mortas recentemente no bairro Gika.

Para Campos isso é uma situação que não se vive só em Cabinda. “As províncias estão silenciadas e qualquer voz que se levanta eles (o governo) apagam”, argumentou.

O ouvinte Gonçalves Maloseca  manifestou a  sua desilusão pelo facto dos países com relações com Angola não exercerem mais pressões para que o governo respeite os direitos humanos. “A comunidade internacional não ouve os angolanos,” concordou que disse que não houve qualquer “feedback” de embaixadas a quem opositores enviaram cartas sobre a situação no país.

O activista apelou a unidade e mesmo aos veteranos das Forças Armadas que se queixam de nada receberem como prometido para se manifestarem mas frisou que o movimento de contestação continuará a ser pacífico.

Campos rejeitou como falso e imprimido pela polícia um panfleto em nome do “Movimento Revolucionário” em que se ameaçava com violência e ataques a bancos. “Todos sabem que isso é obra do governo e ninguém acredita o que está na televisão, pois todos sabem que tudo o que corre na televisão pública é mentira”, finalizou.