Lisboa – Nos cinco dias em que permaneceu em Nova Iorque (nos Estados Unidos de América) para participar da 68ª Assembleia Geral das Nações Unidas, a agenda do Secretário de Estado norte-americano, John Kerry, contemplava 59 encontros com delegações de outros tantos países. Comitivas como a do Benim e do quase desconhecido Vanuato tinham audiências garantidas. Porém, foi constada que apesar de toda a empáfia, Angola não foi incluída na agenda do chefe da diplomacia americana.

Fonte: Club-k.net

Manuel Vicente foi recebido pelo Presidente do Ghana, John Dramani Mahama, que por razões desconhecidas a imprensa estatal angolana não divulgou nos seus noticiários. Apenas reportaram que teve um encontro com o ex-primeiro ministro Britânico Tony Blair e com um responsável da petrolífera Chevron.

Não há ainda justificação oficial das motivações que levaram Angola, na pessoa de Manuel Vicente a não constar da agenda do Secretário de Estado norte-americano, John Kerry. O veterano jornalista Graça Campos, que acompanha o assunto ao pormenor, acha que “é possível que essa "desfeita" traduza a verdadeira dimensão de Angola aos olhos dos Estados Unidos. Ou seja, Washington não vê Angola como o centro do mundo. Uma mensagem que segundo que os nossos analistas, comentarista políticos e tuti quanto se esforçam por vender aos angolanos”.

Campos entende que seria avisado que quem governa este país tomasse esse episódio como um bom ponto de partida para reavaliar as relações de Angola com o resto do mundo. “Um pouco de modéstia e boa governação só melhorariam a nota do país.” Considera o jornalista lembrando que “A verdade é que quando já somos batidos por um "insignificante" Vanuatu ou quando um pobre Benin nos ultrapassa pela direita é porque o rei está de tanga”.

 O ex- director do SA, alerta que “no próximo dia 05 de Outubro, sábado, através do programa 60 Minutos, retransmitido pela estação televisiva lusa SIC Notícias ficaremos a saber os critérios por que se guiou o Departamento de Estado para definir a agenda de John Kerry em Nova York”.

 De acordo com explicações de entidades que acompanharam a deslocação de Manuel Vicente a Nova Iorque, as autoridades angolanas já previam que não seriam recebidas pelos responsáveis americanos razão pela qual o Presidente José Eduardo dos Santos optou por designar o seu Vice Domingos Manuel Vicente, para o representar.

Admite-se porém, ter sido uma “falha” do PR angolano tendo em conta que Angola esta a disputar para um lugar como membro não Permanente do Conselho de Segurança da ONU cuja sede em Nova Iorque é considerada como o melhor lugar para se fazer lóbi

O Conselho de Segurança, o órgão mais importante e mediático do sistema das Nações Unidas, é composto de cinco membros permanentes (EUA, Rússia, China, França e Reino Unido), com direito de veto, e 10 não permanentes, eleitos anualmente para mandatos de dois anos.

 Para a presente pretensão, Angola já dispõe do apoio declarado de membros permanentes do Conselho de Segurança como a Rússia e a China, dos países da SADC, CPLP, de África e de outras regiões do mundo.

Relações Angola e EUA

De lembrar que as relações entre Angola e os Estados Unidos enfrentam um período de frieza/distanciamento baseado nas seguintes constatações.

A saber:

- O Presidente Barack Obama não felicitou José Eduardo dos Santos pela sua eleição, no escrutínio de Agosto de 2012. (Tradição americana em não felicitar líderes eleitos em processos eleitorais não transparentes)

- O ministro das relações exteriores tem desde Setembro de 2012, ainda ao tempo de Hillary Clinton, solicitado uma audiência no departamento do Estado para se encontrar com o seu homologo mas sem sucesso.

- Os EUA estão desde Junho sem um embaixador em Luanda, o que na linguagem diplomática da azo a uma eventual retaliação. Tencionam despachar um novo embaixador apenas no inicio de 2014. - Angola, por intermédio de publicações em jornais próximo ao regime destratam os Estados Unidos como incentivadores da instabilidade.