Luanda - Foi-me solicitado, há dias, por uma publicação, que me pronunciasse sobre as consequências para a UNITA, sobre o seu aparente “braço de ferro” com o seu militante Mfuca Muzemba.

Fonte: marcolinomoco.com

É a segunda vez que trago o assunto “Mfuca Muzemba” para as minhas reflexões, aqui no FB e na minha página www.marcolinomoco.com “À mesa do Café”.

Da primeira vez, não se tratava pura e simplesmente de “meter a colher” entre makas de outro “homem” e sua “mulher”. Dessa vez eu desmontava o Sr. Jornal de Angola, orientado superior e cinicamente a confundir os seus leitores, com a ideia de que o grupo que “domina” hoje o MPLA, é mais democrático e menos “tribalhista” do que aquilo que, para alguns, seria apanágio exclusivo da UNITA, da FNLA e, quiçá, do PRS.

O assunto dizia-me directamente respeito porque eu, a quem certos senhores acham ter feito algum favor, ao chegar aos patamares que cheguei, por vontade e mérito próprio, dentro e fora do MPLA, fui “cobaia”, na tentativa do embuste: um pretenso estranho à cepa pura de um certo “mpla”, que ousa contrariar as práticas dos “puros” da organização, que não foi “caluniado, suspenso nem expulso”, como estaria a acontecer com o Mfuka, na UNITA.

Hoje, de forma mais equidistante, trago a minha opinião pessoal sobre o que me parece essencial nesse caso. Não será o facto de isso resultar, aparentemente, de lutas políticas internas normais, dentro de um partido de vários extractos sociais e geracionais, como a UNITA, nem a relevância interpessoal e bancária, de natureza meramente técnico-jurídica da exposição pública do extracto de contas de um cliente.

O que devia preocupar, é que o país, com todo o seu sistema institucional público, de partidos políticos e sua sociedade civil, não consegue fixar-se e preocupar-se com o facto de que Angola está a ser arrastada para uma situação fatal, em que está a ser perfeitamente normal que recursos públicos sejam abertamente usados para “comprar consciências” nacionais e estrangeiras, a favor de um grupo no poder.

Em que parte do mundo, hoje, “empresários da juventude” e outros (empresários ou não), com tantas “culpas” fora e “dentro do cartório”, de forma tão clara, se tornam personalidades tão dignas e imunes, perante as respectivas sociedades?

Em que parte do mundo, onde instituições sagradas como as da Segurança de Estado, são abertamente referidas como envolvidas em alegadas intimidatórias e insidiosas “compras de consciências”, a favor de determinadas personalidades ou organizações políticas, e não acontece nada de essencial?

A mim, que ninguém minimamente justo poderá acusar de falta de apresentação de ideias para sairmos disso de forma pacífica, é isso que preocupa. É isso que é relevante, de facto, para o destino de todos os angolanos.

Estamos juntos.