Luanda - O Conselho Superior da Magistratura Judicial (CSMJ)  denota dificuldades em indicar um novo Juiz-presidente para o Tribunal Provincial de Luanda (TPL), para preencher a vaga deixada por Augusto Escrivão, que em Junho passado foi nomeado juiz conselheiro do Tribunal Supremo. As razões das alegadas dificuldades para a escolha do  sucessor,  é  internamente justificada, por haver juízes que se encontram sob suspeitas   de corrupção.

Fonte: Club-k.net

O  juiz-presidente da 5ª Secção de Crimes Comuns do Tribunal Provincial de Luanda, Tito Salomão Filipe (na foto)  que seria  o candidato natural  a sucessão devido a sua condição de antiguidade, foi depreciado por efeito do  antecedente menos bom (que se explica mais a frente). A norma do Estatuto  do CSMJ  diz que "é nomeado Presidente do Tribunal Provincial o juiz de Direito, mais antigo", como é o seu caso.


Nas últimas semanas, as autoridades judiciais procederam a consultas no sentido de identificar juízes com a “ficha limpa” para serem nomeados. Uma juíza da 1ª Secção da Sala dos Crimes Comuns do TPL , Maria Guiomar Vieira Dias Gamboa, que fora consultada para o efeito terá declinado o convite que o levaria a se tornar na próxima Presidente do Tribunal de Luanda. Há ventilações  de que as autoridades   (a ala do regime do MPLA  que influencia a magistratura) sugerem   uma mulher para o referido  cargo.


O Tribunal Provincial de Luanda  é interinamente presidido pelo Juiz de primeira instância,  Salomão Felipe, o mesmo que julgou os agentes da polícia nacional implicados no caso “frescura”. Ao juiz Salomão Felipe, pesa desde Junho último,  um processo disciplinar devido a erros processuais que cometeu e que na visão das autoridades judiciais deram origem à soltura dos réus.


O processo contra o Juiz Tito  Salomão Felipe é encarado em alguns círculos como conseqüência da crise de promiscuidade que os órgãos da justiça angolana estão a observar. Já alguns anos atrás, o jurista Raúl Araujo denunciou que havia magistrados que procediam a condenações por encomendas.

Este ano, por exemplo, os familiares   da malograda Eurídice Candido (ex- amante do antigo governador José Maria Ferraz) acusaram o juiz da causa Adriano Baptista de ter sido corrompido, devido a forma pouco ortodoxa como ele conduzia o processo. De acordo com observadores “o comportamento dele demonstrava isso, mas ninguém sustentou isso até ao fim e não se  teve como provar”.

Para além das supostas suspeitas de corrupção, os juízes angolanos tem a reputação de serem subservientes do poder político (Entenda-se  MPLA/José Eduardo dos Santos). Há 20 de Setembro do corrente ano, a Juíza Josefina Pedro foi desrespeita/desautorizada   por  um grupo de polícia (PIR)  que voltou a prender, a porta do Tribunal,  um grupo de manifestantes que ela acabava de soltar com as  devidas guias. 

Os referidos policias que desautorizaram a Juíza teriam recebido ordens superiores (forma de se referir  as orientações da cidade alta) para manter mais uns dias, os rapazes na prisão.