Alemanha - Elementos das Forças Armadas angolanas entraram no sudoeste do Congo e fizeram reféns militares congoleses, segundo informaram na quinta-feira (17.10.) alguns órgãos de comunicação internacionais.


Fonte: DW

De acordo com um habitante local e um jornalista ouvidos pela agência France Presse (AFP), os militares vindos de Luanda entraram na zona de Kimongo, a capital de distrito na região de Niari, e invadiram cinco localidades.


Segundo alguns media internacionais o batalhão é constituído por 500 militares angolanos e entrou na segunda-feira (14.10.) em território congolês através do enclave de Cabinda.

Porém, o embaixador de Angola em Brazzaville, Pedro Fernando Mavunza, diz desconhecer quaisquer movimentos de tropas angolanas dentro da República do Congo e negou que o exército do seu país tivesse detido soldados congoleses.


As mesmas fontes referem que Brazzaville enviou um destacamento militar para a zona e que alguns dos elementos do grupo foram feitos reféns pelas tropas angolanas. 40 militares estariam sob custódia dos angolanos.

Hermann Bouess, um jornalista local, adiantou à referida agência francesa que entre os reféns estão "um coronel e um capitão".

Perseguição da FLEC?

Bouess diz que os militares angolanos perseguiram rebeldes da Frente de Libertação do Enclave de Cabinda (FLEC) no território congolês que lhes serve de base de retaguarda.

Porém, em entrevista à DW África, Fortuné Egnoua, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Congo, tem dúvidas sobre a versão de que Angola estará na região no encalce de insurgentes.

"Isso é a versão do lado angolano. Mas se os militares angolanos perseguem os rebeldes no território congolês, então porque é que têm sob captura 46 militares congoleses? Entre eles estão um coronel e um capitão", questiona Fortuné Egnoua.

O incidente foca a tensão em torno do enclave de Cabinda, uma região rica de Angola rica em petróleo, separada do resto do país e cercada pela República do Congo e pela República Democrática do Congo.

O silêncio dos Governos

Christian Samuel Sansa, oficial da polícia militar em Dolisie, a segunda região militar do Congo, informou que os cônsules de Angola em Dolisie e do Congo em Angola estão em conversações com as autoridades dos dois países para desbloquear a situação.

Recorde-se que Angola possui um dos exércitos mais robustos da região que conhece bem o sudoeste do Congo, já que no passado perseguiram os separatistas de Cabinda além fronteiras.

Quer o Ministério da Defesa quer o Ministério dos Negócios Estrangeiros angolanos não responderam até agora aos pedidos de comentário das agências e órgãos de comunicação internacionais.

Recentemente, o Presidente Angolano, José Eduardo dos Santos, disse querer cooperar na procura de paz e estabilidade na região através da diplomacia, rejeitando pedidos de ajuda militar para conter a insurgência armada no leste da RDC.

Os três países em causa assinaram no início de 2000 um pacto de não-agressão. Porém, a questão do enclave de Cabinda é sensível em Luanda, já que a FLEC reivindica desde 1975 a independência da região.