Lisboa – No decorrer do desaparecimento físico do músico Beto de Almeida, surgiram revelações segundo as quais as suas músicas estavam, enquanto em vida, proibidas de passar pela Rádio Nacional de Angola (RNA), por alegadas “ordens superiores”. As Gingas e o músico Dog Murras também já passaram por fase (de censura) idênticas.

Fonte: Club-k.net

Inicialmente uma versão de Eduardo Vasco Praia Praia posta a circular nas redes sócias dava conta que “as músicas dos irmãos Almeida estão desde os últimos 3 anos proibidas de serem tocadas nas rádios e televisão públicas do país em cumprimento de uma orientação baixada pelo MPLA em consequência da não comparência dos irmãos Moniz e Beto no show promovido pelos camaradas alusivo as festividades deste partido encabeçado por JES”.

 

Os familiares dos mesmos nunca vieram a publico para reconfirmar tal versão. Entretanto, fontes próximas ao malogrado confirmaram apenas ao Club-K, que o falecido Beto de Almeida teria, de facto, passado por um momento “menos bom” a margem de um convite das autoridades que o levou a poucos anos atrás, a deslocar-se para uma actividade cultural na província do Kuando Kubango.

No seguimento da sua atuação, fizeram chegar as estruturas de Luanda, queixas a cerca de uma ação do músico que causou mal estar, dando origem a uma alegada “ordem superior” para que as músicas do mesmo deixassem de ser repassadas na emissora provincial do Kuando Kugango.


A hostilização contra Beto de Almeida teria   terminado com interposição do empresário, Elias Piedoso Chimuco que o chamou para participar/cantar  numa actividade em homenagem a inauguração de uma das suas empresas no Kuando Kubango. Elias Chimuco teria sobretudo dado tratamento condigno ao músico pondo a sua disposição uma aeronave privada para sua deslocação ao Menongue.


Desde então, Bento de Almeida voltou a surgir aos palcos e há bem pouco tempo, foi convidado para participar nas festividades dos 20 anos das Forcas Armadas angolanas, tendo em conta que o mesmo foi autor de uma música que serviu de inspiração aos soldados angolanos ao tempo do conflito armado.


Na sequencia da crise de saúde, que lhe apanhou na cidade do Lubango, onde estava em trabalho, teria faltado ao músico algum apoio institucional. Uma das figuras que o apoiou, foi o músico Dog Murras, o ultimo a falar com o malogrado. Murras, pós a disposição de Beto de Almeida um representante da sua empresa na Namíbia, para que o apoiasse.


Os músicos angolanos sobretudo os veteranos, tem reclamado sofrer por falta apoio institucional por parte das autoridades, enquanto outros são discriminados por questões ideológicas. Na véspera da campanha de 2012, por exemplo, ficaram conhecidas, num encontro com os músicos, declarações de um promotor de eventos próximo ao MPLA, Nuno Republicano de que “quem aceitasse cantar na campanha do outro lado” (uma referencia a oposição), nunca seria mais chamado pelo partido no poder.