Luanda – Angola negou este domingo, 20, em Luanda qualquer tipo de intervenção militar na vizinha República do Congo, como foi alegado pelas autoridades de Brazzaville, e desafia a que sejam apresentadas provas do contrário.

Fonte: Lusa
"É mentira. Não há militares angolanos na República do Congo ou na República Democrática do Congo", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Angola.

Mário Augusto salientou que o embaixador de Angola em Brazzaville, Pedro Mavunza, tinha já desmentido a incursão de militares angolanos alegada no passado dia 14 por órgãos de comunicação social franceses e oficiais congoleses.

Segundo aquelas informações, um contingente de 500 militares angolanos terá entrado em território congolês, na região de Kimongo, onde teria feito 55 reféns, das forças armadas do Congo.

Estes militares terão sido libertados na sexta-feira, segundo confirmação de um responsável congolês, citado pela agência France Presse. "As nossas tropas foram libertadas. Usámos os canais diplomáticos para assegurar a libertação. Foram negociações difíceis", referiu um alto dirigente do distrito de Niari, na região do Kimongo, onde ocorreu o incidente.

Nas declarações feitas em Luanda, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Angola recordou que elementos rebeldes da Frente de Libertação do Estado de Cabinda (FLEC) "vão pululando por aquela zona" e acrescentou que partes da região continuam sem ter marcos fronteiriços visíveis.

"O que pode ter acontecido é a invisibilidade dos marcos de fronteira. Talvez seja isso, mas não houve incursão nenhuma. Nem há conflitos que justifique a presença de militares angolanos na República do Congo e na República Democrática do Congo", disse Mário Augusto. O porta-voz desafiou ainda a que sejam apresentadas provas da incursão militar angolana.

O enclave angolano de Cabinda, que faz fronteira com o Congo a norte e é separado de Angola a sul por um pedaço de território pertencente à República Democrática do Congo, produz grande parte do petróleo de Angola, o segundo país maior produtor na África subsaariana, depois da Nigéria.

Os rebeldes da FLEC mantêm desde 1975, data de independência de Angola, uma luta armada separatista. As repúblicas do Congo, Democrática do Congo e Angola assinaram um pacto de não-agressão e, em 1997, as tropas angolanas apoiaram o Presidente da República do Congo, Denis Sassou Nguesso, a regressar ao poder, na sequência de uma guerra civil.