Luanda – O jornalismo (comunicação) enquanto se lhe é atribuído a posição do quarto poder, deve para além de ser um poder equilibrador dos outros três poderes – executivo, legislativo e judicial –, embora a nossa realidade não os separe como tal, o jornalismo de ser um instrumento ao serviço dos ideais da democracia.

Fonte: Club-k.net
Ora, indo propriamente ao assunto a que me arrisco comentar, a realidade ajudou-me e gostaria que não me voltasse a ajudar, pelos menus nesta perspectiva, que abaixo estão reclamadas, a triste realidade que a nossa suposta e imposta televisão por haver alternativas (em 38 anos) nos têm apresentado dia após dia.

Passados 38 anos de existência, a Televisão Pública de Angola (TPA), nome que não me é possível invocar sem o recurso a uma dose de ingenuidade, ainda não presta um serviço completamente público. E de público, tenhamos coragem de assumir, resta-nos somente o nome.

Caso assim não se configure, então seremos obrigados a remar para outro campo de conflito que, pressupõe dizer, que tal instituição que se diz “Pública” exerce um jornalismo público, e um jornalismo assim, estaria isento de quaisquer subordinações político-partidárias, ou seja, seria um jornalismo virado somente para a satisfação dos interesses público, promotor da democracia e não para a manutenção das elites políticas, o que não acontece.

Ora, é para lá dos termos técnicos e científicos, concordarmos que o jornalismo é a representação discursiva da vida do cidadão na sua diversidade de vivências e ideias, então, me é lícito dizer que, a televisão ou outro meio qualquer de informação, devem primar pela fidelidade durante a representação em notícias dos factos que envolvem directamente o cidadão.

Ainda assim, mesmo sendo particularmente em algumas vezes incrédulo por força da realidade prática da forma como se tempera o tele-jornalismo em Angola, augurava, embora que de forma duvidosa, um jornalismo ainda dentro da televisão que estaria ao serviço da democracia, do interesse público podendo este, prover um conjunto de potencialidade para a sua estabilização e aprofundamento.

Nestes moldes, sendo que, a TPA possui um lugar relevante por ser uma plataforma que promove um repertório informacional que possibilita a interpretação de factos, embora em alguns casos não sejam propriamente factos como tal, deveria adoptar uma postura imparcial para promover à construção de opiniões, a representação simbólica, a avaliação de argumentos, a promoção de acções racionalmente motivadas, para capacitar o cidadão no reconhecimento dos seus direitos.

Entretanto, se a suposta “Televisão Pública de Angola” continuar a pautar por um estilo de jornalismo “cão de guarda” características típicas das democracias elitistas, que em vez de conduzir a opinião pública ao alcance da verdade, as condena por tal pretensão então não tardará, terá de fechar as suas portas, a menus que, venha reconquistar por meios de informações responsáveis despidas de parcialidades, benefícios aos pequenos grupos, a sua relação com o público.

A objectividade é uma regra que configura um jornalismo sério e profissional, regra essa que com muita pena e talvez por força da sua política editorial, tem sido amplamente ignorado, daí a razão dos factos não serem apresentados tal qual aconteceram.

Quem acompanhou a matéria que retratava o caso do jovem “Nito Alves” e tantos outros casos que ferem claramente o papel da “responsabilidade social”, perceberá inequivocamente que transparência e fidelidade convocam no meu discurso; não é assim que se deve proceder a televisão que se diz ser pública.

Para que realmente se afigure como Televisão Pública, os pontos de vista contrários devem ser publicados, retratar as imagens dos vários grupos queira políticos ou sociais com exactidão, passar uma imagem representativa da sociedade, sem perpetuar os estereótipos, apresentar e clarificar os objectivos e valores da sociedade, assumindo um papel educativo, características típicas de uma televisão pública.

Não deve voltar a haver “usurpação mediática” e excessivo privilégio de espaço de antena ao benefício do partido A ou B, e deve haver como já deveria haver, o respeito ao princípio do contraditório. Caso contrário, ninguém sairá a salvo dos erros que estão a ser repetidamente cometidos, uma vez que a soberania do jornalismo depende completamente das audiências, e as audiências não são compostas por pedras, são pessoas que as compõem, logo, deve haver respeito a essas pessoas.

Se pensarmos que o jornalismo público é esta penosa interacção telefónica com o público, cheia de “isso não se fala, aquilo sim” a presença desnecessária e repugnante de analistas políticos previamente ensaiados, então precisamos rapidamente repensar o tele-jornalismo em Angola, e se por esta via trilharmos então chegaremos a Jerusalém.

A opinião é uma questão de soberania pessoal.