É uma respeitável senhora de 60 anos. Mas não é a idade que lhe dá força, dignidade e carácter.São os seus actos ao longo desse tempo. Quando em 2005 concorreu ao Prémio Nobel da Paz e chegou a passar da primeira fase é que muita gente percebeu o valor que ela tinha. Ninguém em Angola tinha chegado a tanto.Houve um grupo de cidadãos que tentou «empurrar» o Presidente José Eduardo dos Santos para uma candidatura, mas a ideia nem sequer saiu do chão.

Ora, quem consegue reunir créditos sufi cientes para mobilizar apoios para uma candidatura ao Nobel da Paz tem de ser alguém com capacidades não desprezíveis para, internamente, tentar a Presidência. Na saga do Nobel, Eunice Inácio conseguiu obter importantes apoios de sectores externos. Diversas organizações internacionais de ajuda humanitária, como a canadiana Internacional a Development Agency (CIDA), a Save The Childrens e Development Workshop (DW), mobilizaram- se para suportar a sua candidatura ao Nobel .

E isso não aconteceu por mero acaso ou pelos lindos olhos dessa angolana nascida no Bié, mestre em resolução de confl itos. Ao serviço do MINARS e da DW no Huambo desde os mais ferozes tempos de guerra que assolaram a província, ela teve um trabalho digno de nota. O ponto alto foi o papel decisivo que teve, a partir de 2000, como gestora de um programa que contribuiu imenso para o desenvolvimento de uma cultura de paz, diálogo e tolerância entre os angolanos.

Eunice Inácio, com efeito, conseguiu congregar diferentes instituições e grupos no país, seja de carácter ideológico como religioso, culminando a sua obra de paciência e diplomacia com um movimento em prol da paz, cuja ponta mais visível foi o Comité Inter-Eclesial para a Paz em Angola (COIEPA). Quando chegou ao fi m dessa obra ela olhou para trás e exclamou: «Hoje o movimento de debates no país evoluiu muito. Antes as pessoas tinham até medo de falar».

Estas são as sua cartas credenciais. São mais do que sufi cientes, se ela assim o quiser, para mobilizar apoios de diversos quadrantes para uma candidatura à Presidência da República. Por que não?

Fonte: SA