Luanda - Relativamente a efémeride de "11 de Novembro" que anualmente o país recorda, a nossa tese é:  Em 1975, Portugal falhou em Angola.

Fonte: Club-k.net

O processo de descolonização foi atabalhoado, conduzido sem um plano bem definido e sem objectivos políticos claros e não foi transparente.


O processo de independência de Angola foi decidido exclusivamente pelos representantes de Portugal e dos três movimentos de libertação nacional armados: FNLA, MPLA e UNITA. De fora ficaram as facções de Daniel Chipenda, (Revolta de Leste), Joaquim Pinto de Andrade (Revolta Activa) todas do MPLA. O PCDA (Partido cristão democrático de Angola) presidida por António Ferronha, a FUA (Frente unida de Angola) do engenheiro Fernando Falcão e a Flec (frente de libertação do enclave de Cabinda), de Nzita Tiago, a sociedade civiil, ficaram de fora do processo de descolonização.


Portugal durante décadas nada tinha feito para preparar a população angolana para a independência. Relativamente aos três movimentos de libertação nacional e/ou armados (FNLA, MPLA e UNITA), só a UNITA não tinha receios da democracia. Ao MPLA e a UPA-FNLA, as regras da democracia não só não lhes permitiriam obter o monopóplio do poder, como também poderiam revelar as suas fragilidades internas e escassa representatividade política desses movimentos na sociedade angolana. Uma vez assinado o Acordo de Alvor em 15 de janeiro de 1975, que fixava a data de 11 de Novembro para a asccenção do país a independência, o processo ditou logo a partida a exclusão e o afastamento das demais forças políticas, proporcionando assim a queda do país na guerra civil.


A exclusão do processo da independência - de todas as forças políticas angolanas e sociedade civil - que não os três movimentos armados - criou as condições políticas para o êxodo da população branca de Angola e para a consequente queda do território no caos económico, político e administrativo. As questões politicamente mais delicadas, mas essenciais para o futuro de Angola: a semocracia, o independentismo de de Cabinda, o estatuto político e jurídico da minoria branca.


O governo de transição jamais poderia ter funcionado de forma eficaz. Nove meses de sua vigência era u periodo de tempo demasiado curto para que que os três movimentos essenciaçmente militares se transformassem em partidos políticos capazes de organizar e disputar pacificamente as eleições gerais para a Assembleia Constituinte. Por fim, em termos militares, era inconcebívell que três guerrilhas inimigas pudessem formar em poucas semanas um só exército nacional, unificado, à pressa com tropa colonial, sob um comando tripartido.

A causa da guerra civil, dos autoritarismos e totalitarismos do infelizmente ainda actual regime em Angola, reside no modo como Portugal conduziu o processo de descalonização, que se saldou em vítimas de inocentes e/ou mortes de centenas de milhares de pessoas.