Benguela - «A dar o sangue para as panelas não entrarem em greve»1 . Esta frase escrita por um jornalista em pleno momento de labor , aparentemente insignificante carrega em si alguma preocupação, o jornalismo defende valores universais indispensáveis à sobrevivência humana, não serve para «matar fome»! Os profissionais da imprensa pública promovem as acções do Executivo ou melhor dito as personagens que formam o elenco dos escolhidos, transmitem mensagens/noticias/reportagens/opiniões que o repórter no local do acto sabe que algumas são hipérboles e outras contrariam a verdade, fruto disso, acabam criando oportunidades de ascensão aos entrevistados (cargos políticos e governamentais). Enquanto o dinheiro aumenta no bolso dos governantes o instrumentalizado repórter passa mal. Que pena do repórter distraído!

Fonte: Club-k.net


Enaltecer o chefe de todos seres pensantes em Angola (o dono da bola) e seu plano perfeito de governação é o fundo do conteúdo que chefe do repórter quer ver na matéria, sensibiliza-o, é a «maldita linha editorial». Porém, a maior verdade é que o chefe do repórter , da redacção e outros chefes (é uma cadeia de chefes) pretendem perpetuarem-se nos cargos ou ascenderem ao aparelho do poder. Beneficiam-se sempre de alguma coisa senão abandonariam os lugares, por isso fazem alguma manobra financeira pessoal, «há migalhas do trabalho» , diferente do homem do campo da informação, vive na pele as dificuldades elementares da vida, falta de recarga telefónica, algum dinheiro para «matar a fome» ou ainda para comprar paracetamol. O salário do repórter é um cobertor curto, mais os seus vícios, mais curto ainda!

 

A imprensa privada é tradicionalmente utilizada por opiniões adversas ao poder, algumas pessoas, tem-na como único meio para fazerem propaganda de cidadania, denúncias e abusos contra o povo. Contudo nem todas as vozes são vozes comprometidas com a pátria, a larga maioria usa-a como escada, esperando negociação da cor do petróleo bruto, o brilho das pedras preciosas ou ainda os maços de moedas. Não há quem possa desmentir, os exemplos estão aos montes. Não vamos indicar nomes, pensamos que a nossa consciência é bastante idónea para rebobinar o passado fervoroso revulucionário dos agora rendidos ao luxo. Haja tolerância! Quem será o próximo?

 

Alguns profissionais de ambos os cenários (ainda bem que não são todos) também vivem farejando a cor do dinheiro, dão muletas aos outros e também utilizam as mesmas muletas. Olhemos a nossa volta, há muitos jornalistas que trabalharam incansavelmente no «contra», saltaram do barco, fizeram da profissão um verdadeiro suporte de apoio e hoje exercem «actividades clandestinas» que dão mais tranquilidade financeira, novos voos, novas paragens, outros continuam cegamente a tirar do essencial dos discursos oficiais as «palarvas de ordem». Vejam a diferença abismal de vida entre o repórter e o governante interlecutor, meu Deus! É mesmo assim. Da outra margem do sofá estão os profissionais que sempre deram voz aos opositores do regime (desconhecendo os seus verdadeiros planos), que piedade do repórter instrumentalizado! Porque passado pouco tempo, os interlocutores preferidos rendem-se a vida de príncipe e não se lembram mais dos seus amigos jornalistas. Não é bom!

 

Não queremos por em causa o direito a informação, todavia há comportamentos que não nos podem silenciar. A muleta continuará a ser útil, assentando na ideia de um activista cívico local «O governo (Executivo) comete os mesmos erros e a oposição tem sempre as mesmas ideias»
1 Figueiredo F. CASIMIRO, in Facebook , 24 de Outubro de 2013

Cidadão Angolano

Apenas sonham ser chefes, é lá onde a cor do dinheiro é visto com alguma