Lisboa - O secretário-geral do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder), Julião Mendes Paulo, mais conhecido pelo nome de guerrilha Dino Matross, instou os jovens angolanos a preservarem a "memória coletiva".

Fonte: Lusa

Durante o lançamento, em Lisboa, de dois livros de sua autoria, editadas pela Caminho/Leya, o nacionalista angolano, atualmente general na reforma, relembrou "o quanto custou a liberdade", reconhecendo a necessidade de estabelecer "pontes entre as velhas e as novas gerações".

Perante as cerca de três centenas de pessoas que enchiam uma sala de um hotel de luxo de Lisboa, o autor de "A PIDE na rota de José Mendes de Carvalho, Hoji Ya Hienda" e "Dino Matross, na mira da PIDE" (este último já editado em Angola) disse que "a juventude angolana tem e deve desempenhar um papel importante na preservação da coesão" do país.

Dino Matross desafiou ainda os interessados na história de Angola a compararem testemunhos, destacando a importância da "diversificação das fontes sobre a história contemporânea de Angola".

Homenageando "a coragem e a bravura dos combatentes do MPLA que deram as suas vidas em prol de Angola", entre os quais a "incontornável" figura de Hoji Ya Hienda, morto em combate a 14 de abril de 1968, o secretário-geral do MPLA agradeceu, em primeiro lugar, ao líder do partido e Presidente da República de Angola, "camarada José Eduardo dos Santos, pelo empenho na preservação da memória coletiva material e imaterial", arrancando do público uma de muitas salvas de palmas.

Nascido em 1942, na província do Bengo, Dino Matross pertence ao comité central do MPLA e ao seu bureau político desde o primeiro congresso, em 1977, tendo sido eleito para secretário-geral na reunião de 2003.

Sublinhando que os dois livros -- de "um ensaísta e não um versado escritor" - são "apenas um testemunho de momentos históricos" -, Dino Matross emocionou-se ao lembrar o pai, preso pela PIDE (polícia política do Estado Novo) em 1961 e cujo paradeiro se desconhece desde então.

"Pertenço à geração que cresceu embalada pelo sonho", disse, destacando as "transformações políticas, económicas e sociais em curso" em Angola, que se quer "independente e humanista", no respeito pelas "diferenças dos outros".

A apresentação das obras foi feita pelo secretário de Estado da Cultura angolano e também escritor, Cornélio Caley, que elogiou o "testemunho de peso" de Dino Matross, "oportuno num momento em que Angola pulsa e catapulta para o progresso".

As obras de "um dos filhos queridos do povo angolano" convidam a "uma reflexão profunda" sobre a "importância da memória coletiva para a união do país" e não deixam dúvidas quanto à liderança desempenhada pelo MPLA no movimento de libertação do país, apreciou.

Cornélio Caley frisou que o MPLA, agora no poder, "tem cumprido escrupulosamente" as "lições" dos seus "heróis", empenhando-se "na afirmação e no progresso" de Angola.

"Estamos a consolidar a identidade nacional. Ontem, como hoje, contámos com a ajuda de todos os povos que reconhecem a soberania angolana e trocam experiências em pé de igualdade", assinalou, sublinhando que "a luta continua" -- palavra de ordem do MPLA, repetida pela assistência.

Inserido nas atividades que embaixada e consulados de Angola estão a realizar para assinalar os 38 anos da independência do país, o lançamento dos dois livros foi precedido do hino nacional, de um minuto de silêncio pelos heróis da libertação nacional e de um momento musical sobre poemas de Agostinho Neto, primeiro Presidente de Angola independente.