Lisboa - Segundo um vídeo obtido pelo Club –K a entrevista que os órgãos públicos angolanos atribuíram a TV Bandeirantes foi afinal dada pelo presidente angolano à produtora brasileira Cinevideo, aos 07 de Nov. 2012, ano passado. A entrevista foi conduzida pelo conhecidíssimo jornalista brasileiro Franklin Martins, ex-ministro brasileiro da informação, segundo revelou o Jornalista angolano Herculano Coroado no seu mural do Facebook. Ele foi o único jornalista angolano que participou desta produção da Cinevideo.

Fonte: Club-k.net

A Cinevideo é uma produtora independente de conteúdos televisivos do Brasil e produz programas geralmente usados por várias cadeias de televisão brasileiras e mundiais.


Segundo o jornalista angolano, nesta entrevista, o presidente que falou da sua “sucessão política”, admitiu que “33 anos no poder era até de mais”, como ele disse, superando slogan dos revús angolanos que diz ser muito.


A entrevista foi já retransmitida pela rede de Tv Bandeirantes do Brasil, a TPA, RNA, Jornal de Angola, Club- k e Angola Press, há poucos dias. Ela enquadra-se no programa Presidentes Africanos em que Franklin ouviu 14 chefes de Estado africanos de países mais próximos do ex- presidente Lula da Silva.


O jornalista angolano reitera que não foi uma entrevista à TV Band, nem tão pouco foi dada em Outubro de 2013, como se ouviu vários órgãos de informação a dizer, incluindo a TSF, rádio de informação portuguesa em que ele já trabalhou.


O projecto rodado em várias capitais africanas, pretende mostrar uma África colorida e positiva, de uma forma jamais vista no Brasil. O Instituto Lula terá concebido o projecto. Grandes empresas brasileiras apoiaram a iniciativa, incluindo a Odebrecht. O Franklin coordenou e apresentou a série de 15 programas que mostram a realidade de cada país africano visitado, incluindo Cabo verde e Moçambique, tal como confirma o Website da Cinevideo.


Em para além do presidente angolano, o projecto entrevistou também o líder da UNITA, Isaias Samakuva, os jornalistas João Melo e Gustavo Costa, o agrónomo Fernando Pacheco, o vice presidente da Odebrecht, o kudurista Bruno M e o grupo SSP, além de várias pessoas nas ruas, candongueiros e em mercados de Luanda.


Tal como se  observa, a entrevista foi difundida numa altura em que a TV Bandeirantes transmite os casos de tráfico de mulheres, onde o empresário angolano Bento Kangamba, familiar do presidente JES, é acusado e é procurado pela Interpol. Ao mesmo tempo, vive-se um clima de grande tensão política devido às revelações sobre as circunstâncias da morte de Kamukingue e Cassule, manifestantes anti-governamentais que foram detidos em Maio passado e terão sido mortos e jogados aos jacarés do rio Dande , segundo informações avançadas, no entanto, ainda não confirmadas pelas autoridades que já anunciaram detenções na sequência do desaparecimento dos activistas.


Além de pedir a renúncia do presidente dos Santos, a Unita anunciou a preparação de novas manifestações anti-governamentais para os próximos dias.


De acordo com fontes próximas da oposição, esta entrevista está a ser usada para lavar a imagem do presidente extremamente desgastada na sequência dos 34 anos de poder e os escândalos que o seu governo e pessoas a si próximas enfrentam.