Luanda  - Um morto é uma tragédia, milhões de mortos são estatística, a tragédia para a ditadura, por ter feito o que fez, há-de ser uma estatística. E por sua própria escolha. Não é possível manter todo um povo sob a ameaça de punhais. O ditador é que escolheu as regras do que está para vir, o ditador e os seus acólitos, quer internos, quer externos. ?

Fonte: Club-k.net

O povo Angolano há muito escolheu o caminho do Estado de Direito, e com isso os seus pressupostos e a sua defesa. É legítimo ver todo um povo a ser massacrado e ficarmos estáticos? É legítimo respeitar quem compactua com quem nos aterroriza

É legitimo continuar a dar a hipótese da redenção a quem tanto faz mais do mesmo?

Não é a só a ditadura que está encurralada, também nós patriotas, e pela simples razão de, termos sido capazes de nos juntar todos em defesa dos princípios que regem a República, agora estamos encurralados uns contra os outros na continuação da luta nos mesmos moldes, ou somos capazes disso agora e não no amanhã, ou também havemos de perecer, não já às mãos do ditador, que o tempo e a incompetência já delinearam o destino, mas da nossa própria gente, que não nos vai perdoar se deixarmos a luta a meio, ou formos periclitantes nesta hora.

A hora de mostramos do que somos feitos e do que valemos é esta. O momento porque muitos esperaram é este.

No Funeral do malogrado Manuel de Carvalho “Ganga” é que há que provar quem está com Angola e com os angolanos e pela democracia, que quem se sinta com um mínimo de responsabilidade perante o país e si próprio que apareça, que demonstre que os assassinatos políticos não hão-de ser mais tolerados, que a impunidade e a indiferença não é parte da nossa forma de estar e de encarar a vida. A cada um a responsabilidade que lhe cabe.

Manuel "Ganga", para onde fores, se algum lugar existe além deste, que encontres a paz e a justiça que não tiveste nesta Angola ditatorial, nesta Angola que continua a assassinar os seus mais corajosos e honestos filhos, que olhes de onde agora te encontras e que não te envergonhes de nós, e o que eu desejo, e tento fazer por isso e para isso, é que nós, os ainda vivos, não te envergonhem.

De onde estás, tenho eu a crença, e tento fazer por essa crença, que ainda te vais orgulhar e rejubilar muito com um país que há-de fazer jus à tua coragem e ao viver que tiveste. Kandados meu irmão, e não perdes por esperar para ver uma Angola pela qual lutaste. Uma Angola livre e democrática!