Luanda - “Aplicar a justiça é preservar a vida”. – Provérbio popular PRELÙDIO: temos visto, bastas vezes em filmes de acção, policiais a perseguirem suspeitos ou foragidos a lei, por quilómetros a fio, sem os perseguidores contudo, fazerem sequer tenção (para poupar trabalho) de “puxar da arma e alvejar pelas costas o foragido”... os policiais só puxam das armas, quando as suas vidas estão nítida, potencialmente, em perigo, diante de opositores armados.

Fonte: Club-k.net

É tal ficção? Porque assim procedem? Por estilo, “show-off”... ou por respeito a vida?

 

DEMOCRACIA ARMADA. DEDO LEVE NO GATILHO

 

Para se proceder ao disparo, não basta apenas ter uma arma na mão, milhares de indivíduos devidamente autorizados e em funções policial, segurança pública ou privada, ou em missão militar, têm armas na mão e só por este facto não prenuncia; disparos automáticos. Uma arma para disparar, precisa de ter um cartucho ou bala na camara, porem este facto não prenuncia também ao disparo automático, pois as armas hodiernas têm um ‘confiável’ dispositivo de segurança. Portanto, para o individuo/utente, disparar, precisa de ter a arma na mão, bala na camara e destravar a mesma... Tal só é ordenado, quando em nítida missão de combate, em plena guerra (ou zona de guerra, quando o portador da arma, verificar que a sua vida esta potencialmente em perigo face a um opositor de igual modo munido de uma arma de fogo e propenso a alveja- lo).

 

Quem circula pela ‘apinhada’ cidade de Luanda (por exemplo), no meio de milhares de cidadãos inocentes; mulheres, crianças e velhos, nas condições acima mencionadas? Mais importante ainda, PORQUE? PARA QUÊ? Defendem a democracia?

 

MORTE DO JOVEM GANGA

 

A morte do jovem engenheiro Ganga, militante da CASA-CE, baleado mortalmente pelas costas, com uma frieza de arrepiar (como se de um cão se tratasse), indicia que os “homens do presidente” são absoluta, impiedosamente formados e formatados, para matar, sem sequer “pensar um só segundo”... aliás eles não pensam, obedecem ordens, e estas são simples; “todo o exercício de cidadania é indício de guerra, logo tem que ser eliminado por qualquer meio!”

 

Os dirigentes do MPLA, incluindo o próprio JES, emitem de forma persistente e permanente, sinais visíveis de pânico, sempre que a oposição pretende manifestar, no uso do direito constitucional, afirmam sem contemplações de que, qualquer acto de manifestação politica oposta aos ideais do MPLA, é um “perigo a paz” e a chamada estabilidade. Ora se os dirigentes assim se pronunciam, como devem actuar os “guardiões do templo?” claro, para estes, todo o manifestante ou individuo ligado a algum partido da oposição, é um inimigo a abater, e assim procedem.

 

A relutância dos órgãos de direito, em ‘levar’ tais indivíduos a justiça, confirma e oficializa a “ordem para matar.”

 

Em parte nenhuma do mundo, uma democracia em plena época de paz, emite, ordem para matar, como salvaguarda da paz(?!) e da estabilidade nacional.

 

EVITEMOS NOVO HOLOCAUSTO

 

Na minha opinião, os órgãos de justiça ou as instituições que cuidam do exercício da legalidade, como a PGR e o tribunal constitucional, deviam/devem pronunciarem-se para estabelecerem e definirem de uma vez por todas, os marcos e balizas das manifestações politicas, para que se evite o constante e perverso clima de crispação política, e poupar, salvaguardar vidas de cidadãos inocentes. Pois, não é bom para a “saúde nacional” ouvirmos de mortes e outros actos violentos, sempre que se metamorfoseie ou ‘movimente’ uma manifestação politica...

 

É por demais, e contra todas as regras da preservação da saúde política nacional, os constantes comunicados “de guerra” emitidos pelo partido da situação, pela polícia e seu órgão de tutela bem como o ‘desfilar’ nos ecrãs das TVs e nas rádios, os chamados ‘analistas políticos’ em defesa de uma única cor política, de uma única opinião, sem darem a mesmíssima publicidade ou hipótese de ‘defesa’ ao partido manifestante ou opinião contrária.

 

Ora porque as instituições de justiça, permanecem cabisbaixos, mudos, cegos e surdos? Os partidos políticos da oposição, podem ou não convocar manifestações; “quando, como, onde”, por outro lado, como devem se pautar os representantes do governo e a “sua” polícia?.. Tal esclarecimento por quem de direito, urge, para o benefício e a salvaguarda da unidade nacional e sobretudo de vidas humanas.

 

Apliquem a justiça, e preservem a vida humana... Evitemos um novo holocausto.

Tal estado de indefinição ou aparente/propositada confusão ‘legal’, é por demais perigoso para o bem-estar da nação. Na minha opinião, estamos a viver (politica e psicologicamente) um clima pior do que vivemos nos anos que antecederam a independência nacional (1974-75)... Naqueles sombrios anos, TODOS (ou na sua maioria) tinham o dedo leve no gatilho, pior, as mentes estavam armadas e carregadas de ódio mortal...

 

E todos sabemos em que resultou para Angola e os angolanos, tal “ambiente politico” naqueles fatídicos anos.

 

Estamos (desnecessariamente), a nos aproximar perigosamente do abismo.

Democracia é sinonimo de respeito ABSOLUTO pela vida humana. Alguém é de opinião contrária?

 

Isomar Pedro Gomes