Luanda – Um grupo de trabalhadores da empresa EXCELMED – Excelência em Medicina-SA, que prestam serviço na Clínica Girassol, afecta à Sonangol, estão descontentes e assustados com as recentes medidas tomadas pela direcção daquela unidade hospitalar contra o referido grupo.

Fonte: SA
De acordo com os trabalhadores, que denunciaram ao SA a triste situação em que estão mergulhados, todos foram contratados pela EXCELMED para prestar vários serviços à Clínica Girassol. Alguns têm contrato por tempo determinado e outros por tempo indeterminado.

Um dos direitos que sempre usufruíram foi o direito a tratamento médico em caso de doença. Trabalhadores há que já funcionam na clínica há vários anos e sempre beneficiaram com suas famílias de tratamento médico.

Ao longo dos anos nunca lhes foi dito, nem pela empresa contratante, nem pela instituição onde prestam serviço, que deveriam pagar por beneficiar desse direito.

Subitamente, no dia 12 do Novembro corrente mês foram surpreendidos por um comunicado do Departamento dos Recursos Humanos da  EXCELMED, endereçado à «todos os trabalhadores da EXCELMED-SA na Clínica Girassol», a explicar que «por carta datada de 06/11/13, proveniente da Clínica Girassol, a sua direcção tomou conhecimento da existência de uma dívida acumulada, referente aos serviços médicos prestados aos nossos trabalhadores e seus dependentes, e uma vez que notamos de vossa parte algumas inquietações em torno do assunto e atendendo ao facto de que as informações não foram passadas da melhor forma, cabe-nos na qualidade de entidade empregadora, esclarecer o seguinte:

Na sequência do comunicado, a entidade empregadora, mesmo reconhecendo que «as informações não foram passadas da melhor forma», alega que «por incapacidade do sistema informático utilizado pela Clínica Girassol, nos últimos quatro anos, não foi possível apurar o valor da dívida de cada trabalhador, bem como efectuar os respectivos descontos na devida altura, o que originou um acúmulo de dívidas».

Os trabalhadores dizem ser mentira tal esclarecimento e justificam que em nenhuma ocasião a clínica ficou sem computadores seja por que motivo for. «Aquela clínica não pode funcionar sem computadores e nunca, nem sequer por um minuto, houve qualquer incapacidade nos seus computadores. Como poderia uma unidade daquelas, pertencente à Sonangol ficar quatro anos sem o sistema informático?», questionou estupefacto um dos trabalhadores.

Uma senhora explicou que os técnicos superiores afectos à Sonangol ganham cerca do equivalente a seis/sete mil dólares líquidos. «Quanto a nós, técnicos superiores, só auferimos o equivalente a dois mil e 800 dólares, o que julgamos que a empresa que nos contratou subtrai a maior parte do salário que fica com eles», comentou.

Para os trabalhadores, existe uma manobra estranha perpetrada pela sua entidade patronal e a direcção da clínica no sentido de prejudica-los. «É muito estranho, mesmo que o sistema informático estivesse incapacitado, há outros meios para nos avisarem sobre a tal dívida. Nunca nos disseram nada, nem na altura da assinatura do contrato nem depois. Agora, de repente, com a Quadra Festiva a aproximar-se, é que nos dizem que temos dívidas acumuladas há mais de quatro anos. Isso é uma autêntica roubalheira própria de mafiosos. Imaginem que há colegas que lhes foi dado a conhecer que estão com dívida à volta dos cem mil dólares; há quem está com 40, 50 a 60 mil dólares. Até um empregado de limpeza tem que pagar cerca de vinte mil dólares, onde vamos tirar tanto dinheiro? Vamos ter que passar a vida toda a trabalhar para pagar a dívida. O que será de nós e das nossas famílias?», interrogam-se.

De acordo com o comunicado já citado as dívidas estão a ser descontadas a partir do dia 01 de Novembro do corrente. Na mesma esteiram, a partir da mesma data a clínica passa a cobrar 50 por cento do valor total do serviço médico no acto de atendimento dos dependentes dos trabalhadores.

Os mesmos dizem que vão recorrer a todos os meios para se defenderem. Por outro lado escreveram uma carta à Sua Excia. O Sr. Presidente da República, José Eduardo dos Santos, no sentido de interceder por eles. «Temos esperança que ao perceber o absurdo desta situação o Sr. Presidente nos ajudará. Caso contrário vamos levar o caso às instâncias internacionais», afirmaram.

Todas as tentativas efectuadas pelo SA para ouvir a versão da EXCELMED foram infrutíferas até ao fecho da presente edição.