Luanda - Cinco partidos da oposição angolanos anunciaram a criação de um fórum de concertação para elaboração de um Programa de Actuação Sistemático para a "democratização" do país.

Fonte: Lusa

A plataforma integra os dois maiores partidos da oposição, União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) e a coligação eleitoral Convergência Ampla de Salvação de Angola (CASA-CE), a histórica Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA), todos com representação parlamentar.

Fazem ainda parte da plataforma o Bloco Democrático (BD) e o Partido Democrático para o Progresso - Aliança Nacional de Angola (PDP-ANA), sem representação parlamentar.

A pretexto da celebração do 65º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, os cinco partidos apresentaram uma Declaração Política em que alegam existir "violação sistemática" dos direitos humanos em Angola, que coloca em risco o "desenvolvimento do processo democrático".

Depois de concluírem "não estarem asseguradas em Angola as liberdades mínimas de pensamento, expressão e manifestação", os cinco partidos acusam o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), que governa desde a independência, em 1975, de "criar uma situação de tensão permanente".

O objectivo, lê-se no texto, é instalar "uma atmosfera de crise e de Estado de Sítio não declarado" para "impedir a realização de eleições autárquicas em tempo oportuno e em ambiente social e político propício".

Na Declaração Política da plataforma exige-se que o Presidente José Eduardo dos Santos "demita imediatamente toda a cadeia expressiva", apela às organizações nacionais e internacionais da sociedade civil que continuem a monitorar e a avaliar o estado dos direitos humanos em Angola e à comunidade internacional que seja "coerente com os princípios e valores democráticos".

Os cinco partidos manifestam que vão "continuar a encorajar" os angolanos, "através de luta pacífica multifacetada, a conquistar de facto a democracia para o país".

No período de perguntas e respostas, o presidente da UNITA, Isaías Samakuva, criticou a falta de empenho da comunidade internacional "no apoio à luta pela democratização em Angola".

"Achamos que há uma certa tibieza da parte da comunidade internacional. Em Angola - onde há petróleo, que eles buscam -, naturalmente que em privado dizem-nos uma coisa, mas lá onde deviam assumir posições claras, não o estão a fazer", disse.

No mesmo sentido se pronunciou o presidente do BD, Justino pinto de Andrade. "Nós não somos ingénuos e sabemos que as relações entre estados são relações de interesses e sabemos perfeitamente que cada vez mais a competitividade entre os países leva-os a tomarem posições ou pelo menos a passarem por cima de factos que são do seu desagrado", salientou.

Daí que, concluiu, "há que tomar consciência de que o fundamental da luta pela democracia em Angola compete a nós angolanos". "Não vale a pena pensarmos que são os estrangeiros que vão impor a democracia em Angola. Temos que ser nós, os angolanos, a fazermos tudo por tudo para conseguirmos conquistar cada vez mais o espaço das liberdades pelas quais nós nos batemos", adiantou.

Dos cinco partidos, a UNITA, BD e PDP-ANA, fizeram-se representar pelos respectivos presidentes, enquanto a CASA-CE esteve presente através de um dos vice-presidentes e a FNLA pelo porta-voz.