Paris - Foi com muita indignação e frustração que acompanhamos os acontecimentos dos últimos dias em Angola, nomeadamente em Luanda. Com efeito, na noite de sexta-feira, 22.11.2013, para sábado, 23.11.2013, dia em que estava prevista uma manifestação de repúdio contra os assassinatos dos ativistas Álves Kamulingue e Isaías Kassule, os agentes de segurança do regime ajudados pela Polícia Nacional, atacaram de surpresa os jovens da Juventude Patriótica de Angola – JPA – braço juvenil da Coligação CASA-CE que estavam a afixar cartazes que chamavam a se pôr cobro aos assassinatos políticos e a responsabilizar os verdadeiros culpados.


Fonte : Club-k.net

Ao invés de terem em mente o choque que a sociedade já tinha dos assassinatos selvagens de Kamulingue e Kassule, que o Partido no poder perpetrou últimamente, e que devia fazer com que se comportassem com ponderação ; não fizeram isso, mas mostraram uma vez mais que à vida dos angolanos não tem importância para eles e mataram mais um outro ativista cívico, Hilbert Ganga à queima roupa. Para além do assassinato, prenderam também dezenas de militantes e dirigentes da CASA-CE e outros.


Mataram um jovem desarmado e prenderam muitos inocentes que estavam apenas a exercer os seus direitos constitucionais. Invés de reconhecerem o erro cometido e desculparem-se, começaram uma campanha de diabolização da oposição e sobretudo da UNITA que tinha convocado a manifestação.


Entre todas acusações que se fez à oposição sobre os acontecimentos desta semana, o que mais chocou-me foi a repressão contra o cortejo fúnebre mais também o facto de ver o Porta-voz da Polícia Nacional, Aristófanes dos Santos, passar na TPA e dizer tantas mentiras exibindo provas que foram falsificadas pelos agentes do regime para acusar à oposiçao.


Eu, como todos os angolanos dentro e fora do país, que assistiram a maneira chocante, indigna, consternadora…como a Polícia Nacional impediu o cortejo fúnebre de avançar até ao cemitério de Santa Ana, sentimos muita tristeza e frustração sobre a conduta da nossa Polícia.


Ela usou gazes lacrimogéneos, balas de plástico etc. para dispersar um cortejo fúnebre ! Nem o respeito pelos mortos têm. O que assistímos na quarta-feira 27 de Novembro de 2013, foi o cúmulo da maldade da parte do regime do senhor José Eduardo dos Santos e dos que o servem fielmente !


Esta semana, a Polícia demonstrou abertamente que não é a Polícia Nacional de Angola, quer dizer de todos os angolanos, mas sim, a Polícia do MPLA. Pelo menos, as altas patentes da Polícia e alguns elementos sem escrúpulos.


Sei que no seio da Polícia angolana, existem patriotas que fazem o seu trabalho com todo o sentido de justiça e respeito dos direitos humanos. Pelo que peço desculpas a todos estes compatriotas e patriotas no seio da Polícia Nacional que tudo fazem para honrar o bom nome desta nobre instituição, de os ter que misturar com certos indivíduos desonestos que estão a fazer a sociedade odiar a Polícia Nacional, por causa da sua conduta indigna e partidarizada.


A Polícia Nacional sendo uma corporação, não tenho outra escolha senão falar dela enquanto um todo, um corpo. Contudo, estou a criticar aqui apenas aqueles elementos que estão ao serviço do mal no seio da Polícia Nacional, e sobretudo o seu Porta-voz, Aristófanes dos Santos.


O Porta-voz  da Polícia Nacional retomou um a um os argumentos e os métodos maquiavélicos utilizados pelo Partido no poder para diabolizar à oposição assim como todos os cidadãos que contestam quando as coisas não estão bem.

O senhor Aristófanes depois de diabolizar à oposição, disse que a Polícia é de todos os angolanos. Não senhor ! Depois de vermos o que vimos na semana passada, ninguém acredita mais nesta afirmação. A Polícia Nacional, em princípio deveria ser de todos os angolanos. Mas não o é. Em Angola a Polícia Nacional está ao serviço do Partido MPLA. Ela está abertamente ao serviço da DITADURA instalada em Angola ! Ela recebe as suas ordens do ditador da Cidade Alta !


Naquela quarta-feira, 27.11.2013, eu estava tão frustrado de não poder fazer alguma coisa ante a repressão injusta da Polícia de Intervenção Rápida que estava utilizando o gaz lacrimogéneo contra um cortejo fúnebre, gaz este que inclusive provocou o desmaio de certos participantes da marcha fúnebre.


Gostaria tanto estar frente-a-frente com o senhor Aristófanes ou mesmo com o Comandante Geral da Polícia Nacional, Ambrósio de Lemos, para poder dizer-lhe as verdades na cara. Mas, não podendo fazê-lo por estar longe do país, escrevi este artigo para dizer ao porta-voz da Polícia Nacional que ele é um mentiroso ! Tudo o que ele disse na televisão é mentira e visava apenas abortar a realização da manifestação.


O Companheiro Ganga foi assassinado muito antes da manifestação começar. Quer dizer que o seu assassinato nada tem a ver com a manifestação. E os cartazes que estavam afixando também não falava da manifestação, mas pedia sim o fim dos assassinatos políticos e a condenação do verdadeiro culpado que todos nós conhecemos !
Em momento nenhum o jovem Ganga ou um dos que com ele estavam, tentou penetrar no perímetro da Presidência da República conforme o senhor afirmou na Televisão Partidária de Angola (TPA). 


O senhor Aristófanes deve saber que o regime que está a servir com muito zelo é insensível. Muitos, como é o caso do general Miala e tantos outros, antes do senhor, serviram o regime com abnegação, mas um certo dia caíram na desgraça e provaram o tratamento cruel que eles mesmos reservavam aos demais angolanos em nome do regime.


O senhor Aristófanes está ao serviço do mal e da injustiça ! A minha oração é que Deus possa brevemente fazer com que um dos seus familiares mais chegados, ou mesmo até o próprio senhor Aristófanes, possa cair em desgraça e experimentar a crueldade do regime ditatorial que está a servir com muito zelo e abnegação !


Cada vez que se manifesta ou que se quer manifestar em Angola, o senhor e o regime que serve começam logo a dizer que se quer a instabilidade e a guerra no país. Aproveitam do trauma da guerra que ainda habita em muitos angolanos para manipular a situação e tirar devidendos políticos.


A minha pergunta é a seguinte : se a manifestação é sinónimo de guerra, então porque razão é que o MPLA que fez esta Constituição em 2010 (e sublinho que os angolanos não queriam dela, mas o MPLA a impus a todos) consagrou o direito de manifestação no artigo 47° ?


Isto quer dizer que, ou é o MPLA que quer a guerra em Angola, por ter inscrito o direito de fazer a guerra no artigo 47° da Constituição que adotou em 2010, já que para eles a manifestação quer dizer a guerra. Ou a manifestação não é nada sinónimo de guerra e o próprio MPLA é quem está a manipular as coisas para que o povo angolano na sua totalidade e o mundo não saibam o que realmente se passa em Angola.


Seja como for, o povo já começou a acordar e já sabe muito bem quem está a mentir e quem está a dizer a verdade. O número de cidadãos que saíram às ruas no dia 23.11.2013 (e sublinho que tinha mais de 300 pessoas !) deu para entender que o povo está cansado da ditadura e das injustiças !


Tudo o que queremos é uma Angola livre, democrática, justa, igualitária e para todos. E onde todo angolano se sentirá bem e poderá realizar os seus sonhos.

A minha fustração relativamente ao que se passou na semana passada é demasiada que não podia ficar calado. Queria mesmo que o senhor Aristófanes dos Santos soubesse que eu e muitos angolanos que pensam como eu, achamos que o senhor é mentiroso e que está ao serviço da ditadura estabelecida em Angola.


Saiba também que só se colhe o que se semeia ! O senhor está a semear a injustiça e o mal. Está a semear o ódio e a desonestidade. E a novidade é que o senhor irá colher o que está a semear hoje. Não é ameaça. Estou apenas a lembrar-lhe as regras, as leis naturais que regem o mundo em que vivemos.


Saiba também que não detesto o senhor ! Apenas detesto a sua atitude, comportamento e mentalidade. Caso mudar a sua conduta, poderemos entender-nos.


Um forte abraço dum angolano que quer somente que os angolanos vivam como irmãos, e que ninguém se comporte de maneira injusta contra os demais angolanos !