Luanda - Inquilinos do condomínio habitacional «Vida Pacífica», ao Zango, poderão accionar em breve processos judiciais contra a Sonip, por esta empresa não estar a honrar com os seus compromissos contratuais.

*Ilídio Manuel
Fonte: SA

Os moradores, que falaram sob anonimato, por razões óbvias, dizem que a empresa afecta ao ramo imobiliário da Sonangol estará a ignorar as suas reclamações quanto à degradação precoce dos apartamentos onde vivem na zona do Zango, no município de Viana.

«Há mais de seis meses que já apresentei a minha reclamação à Sonip, mas ela não moveu uma única “palha”», queixa-se Madalena (nome fictício), inquilina de um dos prédios do Zango, cujo apartamento apresenta fissuras nas paredes e sinais de infiltração de águas residuais.

 

Ela, que é funcionária da empresa petrolífera estatal, conta que algumas semanas depois de ter apresentado a sua reclamação junto à Sonip, recebeu a visita de funcionários dessa empresa que lá se deslocaram para fazerem um levantamento. «Prometeram que iriam reparar os danos, mas até hoje nunca mais deram o rosto. Desaparecerem, sem dar cavaco», adiciona.

 

Um outro funcionário ligado à área de Produção e Pesquisa da Sonangol diz que já apresentou, em distintas ocasiões, as suas reclamações à Sonip, mas «sem sucesso».

Revela que negociou no começo deste ano o seu apartamento em regime de renda resolúvel e que todos os meses sofre descontos para a honrar com a sua parte. «Mensalmente, pago renda, por que razão a SONIP não honra com a sua parte?», questiona-se. E sem esperar pela resposta, conclui: «Isso revela o carácter arrogante dos seus responsáveis no seu relacionamento com os inquilinos».

O jovem funcionário confessa que já esgotou todos os mecanismos persuasivos, a fim de convencer a empresa do ramo imobiliário da Sonangol a cumprir com as todas as cláusulas do contrato, de «forma pacífica».

Revela que ele e mais alguns moradores decidiram levar em breve o assunto à barra do tribunal para que os seus direitos sejam reparados.

A fonte do Semanário Angolense diz estar consciente que

não se trata de «batalha fácil», por, segundo ele, ir a tribunal disputar os seus direitos com uma empresa de «grande peso no país». «Temos consciência disso, mas há uma réstia de esperança na Justiça, ainda que ténue», afirma.

Este jornal procurou ouvir a versão da empresa visada, tendo o director do gabinete de Comunicação e Imagem da Sonangol, Mateus Cristóvão, assegurado que a sua empresa iria responder tempestivamente o questionário que lhe havia previamente enviado.

Apesar de uma série de tentativas, este jornal não recebeu as respostas até ao fecho da presente edição nesta quinta-feira, 05.

Morador revoltado

«As minhas condições de vida pioraram»

Numa reportagem que este jornal efectuou há cerca de dois meses aos prédios do condomínio «Vida Pacífica» foi possível observar «in situ» o drama de algumas famílias que habitam naquele complexo habitacional.

Uma das fontes deste jornal, que falou sob anonimato, dizia que em Agosto deste ano tinham sido detectados os primeiros sinais de degradação no seu apartamento: paredes da dispensa e do nosso quarto de dormir estavam a escurecer, como se tivessem sido infectadas por fungos.

Revelou que nos períodos de muita humidade, os ocupantes da residência eram obrigados a pernoitar na sala de visitas, sobretudo devido ao facto do filho do casal, de três anos, sofrer de doença de foro respiratório.

Dizia-se também que o apartamento, um T3, de Paulo (nome fictício) estava fixado em oitenta (80) mil dólares norte- americanos, tendo ele já pago 15% desse valor, ou seja, 12 mil «Todos os meses, sofro descontos para pagar este apartamento, que, ao invés de me dar conforto, piorou as minhas condições de vida», lamentava, com a voz embargada.

Quando da publicação deste artigo, uma fonte do gabinete de Comunicação e Imagem da Sonangol havia dito que os visados deviam apresentar as suas reclamações junto da Sonip ou a Delta Imobiliária, a fim de serem atendidas.

«Ao abrigo dos contratos entre as partes, aos inquilinos assisti- lhes direito de apresentar as suas reclamações no prazo de um ano – período de garantia- a fim da empresa construtora reparar as anomalias detectadas», assegurava a fonte do SA.