Lisboa – Um pronunciamento feito há poucos dias na província do Huambo por Rafael Massanga Savimbi, o herdeiro político do líder fundador da UNITA, terá preocupado um “grupo de estudos e análises” do regime que teve acesso ao registro em vídeo do comício e a uma atribuída tradução.

Fonte: Club-k.net

Rafael Massanga integrou uma delegação presidencial da UNITA, que efectua visita de trabalho a vários municípios da província do Huambo. Numa deslocação ao interior, a 3 de Fevereiro, o secretário provincial daquele partido no planalto central, Liberty Chyaka apresentou-lhe as populações de Kangombue (situada a 26 quilómetros a sul do município de Tchicala Tcholohanga) e ao mesmo tempo convidou-o para fazer algumas considerações publicas.

Este ao tomar a palavra, fez uma alocação de três minutos na língua nacional Umbundo, que segundo tradução do “grupo de estudo do regime”, Massanga recorreu a uma citação exclamatória que se insinua ter dito o seguinte: “O leão que mata o teu pai não é teu amigo, assim vamos nos misturar? Então vamos separar as águas!"

Nas hostes do regime (entenda-se no grupo de Estudo) onde o discurso de Rafael Savimbi foi analisado e traduzido para o português,  interpretaram o mesmo como tendo um cunho de manifestação de vingança a longo prazo. 

Na interpretação feita, estimou-se que “com ele na liderança da UNITA, nunca haverá trégua com o MPLA” ou que ao passar do tempo, o jovem poderá vingar-se pelo final que o governo do Presidente José Eduardo dos Santos deu ao seu malogrado pai.

Outra preocupação do “grupo de estudo”, segundo apreciação que tiveram das imagens do vídeo a sua disposição, é a forma acalorada que os militantes da UNITA presentes nesta aldeia reagiram aos pronunciamentos do filho de Jonas Malheiros Savimbi, que no seu entender “faz transparecer o que vai na alma destes militantes do Galo Negro”. 

Segundo o grupo, a “forma como Liberty Chiyaka falou (as populações) dá para pensar se os militantes da UNITA querem mesmo a paz”  ou “será que vão dando tempo ao tempo?”.

UNITA diz que palavras de Massanga foram mal traduzidas

Em reacção as interpretações do “grupo de estudo do regime”, fonte próxima a UNITA garante que as palavras de Rafael Massanga foram mal traduzidas pelos “serviços secretos" de José Eduardo dos Santos, somente para desinformar.

Segundo explicações da fonte, em nenhum momento o dirigente da UNITA, usou a palavra leão (que se diz Rosy em Umbundo) no seu pronunciamento. O que ele (Massanga) disse a população de Kangombue é que “o animal que nasce numa Nhara volta sempre”.

Nhara, na língua Umbundo refere-se a um local, meio desértico, sem árvores onde há apenas capim e arbutres. A referência que o mesmo fez a “Nhara”, deve-se segundo as explicações pelo facto de o mesmo e os seus irmãos terem nascido e crescido naquela área de Kangombue, ao tempo do conflito armado. Ou seja, aquele era o local que Jonas Savimbi criou uma base estratégica e colou os seus filhos a vivirem ai.

“Como o Massanga nunca mais foi para o Kangombue, então ele saudou a população, fez referência que cresceu ali, mas que agora regressou, por isso é que ele disse que animal que nasce numa nhara volta sempre”, esclareceu a fonte revelando que naquele momento, o filho de Jonas Savimbi reencontrou-se com a senhora que criou ele e os seus irmãos.

Segundo a fonte “Rafael Massanga deixou de fazer discursos em línguas nacionais por causa da manipulação do MPLA”. Por outro lado, e em honra ao fundador da UNITA, um casal jovem naquela área apresentou a Rafael Massanga, o seu recém nascido a quem deram o nome de Jonas Malheiro Savimbi.

De recordar que Rafael Massanga Savimbi e Liberty Chyaka são tidos como os presidenciáveis a liderança da UNITA, que o partido prepara para os próximos 10 anos. Eles tem sido treinados por um mentor, Chipindo Bonga, tido como o ideólogo do maior partido da oposição.