Lisboa - A UNITA apresenta hoje em Lisboa o novo delegado do partido, o maior da oposição angolana, para as comunidades em Portugal, responsável que terá como missão preparar a comunidade para as eleições autárquicas, anunciou o porta-voz.

Fonte: Lusa

O novo delegado, Hermenegildo Soares, será apresentado durante uma reunião com militantes do partido residentes em Portugal, durante a qual será ainda debatida a situação do país e as perspetivas da UNITA no quadro das autárquicas, adiantou Alcides Sakala à Lusa em Lisboa.

 

No futuro, afirmou a mesma fonte, o delegado "terá o papel de acompanhar os membros e militantes da UNITA em Portugal, estar ao corrente das suas preocupações e preparar esta comunidade para as eleições autárquicas".

"Estamos a fazer tudo para que, nas próximas eleições locais e gerais, as comunidades no exterior tenham direito de votar, um direito consagrado constitucionalmente, mas que até agora o exterior ainda não exerceu", disse Sakala.

As eleições autárquicas são também "uma preocupação grande" do partido, "numa altura em que tudo indica que o executivo não está muito interessado em realizar eleições autárquicas, que deviam ter lugar este ano".

"O poder local é essencial para o desenvolvimento das populações, porque permite a descentralização. Todos os países da África austral já praticam eleições autárquicas, com exceção de Angola. Há uma 'guideline' da SADC [Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral] que indica a necessidade de os países da região implementarem políticas autárquicas", disse Sakala, apontado esta questão como uma das prioridades da UNITA.

Segundo o deputado, o partido tem estado a fazer estudos comparativos, tendo já visitado países como Espanha, França, Bélgica, Holanda, e uma autarquia no Porto para recolher ideias.

Essas ideias "enriqueceram o anteprojeto [do partido] sobre a lei das autarquias, que já foi submetido à Assembleia Nacional no ano passado, mas ainda não obteve resposta da direção, o que reflete a falta de vontade política", acrescentou o porta-voz.

Questionado sobre o motivo da alegada falta de vontade política do partido no poder (MPLA) na realização de eleições autárquicas, Sakala disse: "chegaram à conclusão de que não têm capacidade para fazer a fraude ao nível das comunidades, esses receios fazem com que abordem esta questão com muitas reservas. Há receios de que perca a sua hegemonia".

Ainda assim, e embora não acredite que as autárquicas se realizem este ano, o responsável da UNITA está confiante de que "as mudanças são inevitáveis" e espera que as autarquias possam ser "o ponto de partida para este grande processo de mudanças que o país tem de viver nos próximos tempos".

Para a UNITA, alguns dos principais problemas da atual liderança do país são o processo de reconciliação, que "não avançou e está muito aquém dos grandes objetivos preconizados pelos vários acordos assinados", e a reinserção social dos ex-militares, que também ainda não está concluída.

Além disso, sublinhou Sakala, o crescimento económico do país "não tem impacto na vida social das populações".

"As assimetrias hoje são cada vez mais profundas. Há uma classe minoritária que vai enriquecendo cada vez mais e uma maioria da população que encontra cada vez mais dificuldades e debate-se com problemas, como a falta de água, de energia, de serviços de saúde básicos.

"Há uma série de problemas que nos conduzem a um balanço negativo desta gestão do executivo", concluiu.