Luanda - A Central fez-se presente no local e esteve à conversa com o sindicalista Hilário de quem tentou perceber as razões da greve do pessoal da saúde na Clínica Girassol, também conhecida como sendo a "Clínica da Sonangol". Eis o que apurámos:

Fonte: Central

1 - Em Novembro do ano transato os grevistas deram conta que, sem comunicação prévia ou negociação, não só lhes tinham sido liminarmente retirados os direitos a assistência médica que auferiam eles e os seus dependentes até então, como lhes foram cobrados retroativos de todos os tratamentos dos quais tivessem beneficiado no passado.

2 - Em virtude desta arbitrária e arrogande decisão administrativa existem enfermeiros cuja dívida, tirada como que por magia de uma cartola, ascende à "módica" quantia de 60 000 USD (!).

3 - Esta situação terá sido a gota que fez transbordar o copo e levou os funcionários a criar uma Comissão Sindical para negociar com a Administração da Clínica.

4 - Outras situações de injustiça incluem:


4.1. A aberrante distinção salarial para profissionais da mesma categoria, sendo o único critério dessa distinção a empresa contratante sendo os privilegiados aqueles que lá chegam pelas mãos da Sonangol. Explicamo-nos: a Clínica Girassol é co-gerida pelas empresas Sonangol, Angola Offshore e Excelmed; um enfermeiro da Sonangol ganha 450 mil AKZ/mês enquanto o enfermeiro de uma das outras duas empresas não ganha mais de 140 mil AKZ/mês


4.2. A distinção aplica-se igualmente no número de horas laborais, sendo, mais uma vez, os funcionários adstritos à Sonangol privilegiados, trabalhando turnos de 8 horas e sendo poupados às escalas noturnas reservadas aos outros que têm turnos de 12 horas, não sendo estas 4 horas em excesso contabilizadas como horas extra. Além disso fazem os turnos da noite sem receber por eles os estipêndios previstos por lei.

5 - À luz destes factos, os funcionários elaboraram um caderno reivindicativo que teve por parte da direção uma resposta insatisfatória, pelo que

6 - Recorreram à negociação coletiva envolvendo os trabalhadores, a direção e o MAPESS. Daí também não se extraíram frutos e, assim sendo, procedeu-se à convocatória de uma Assembleia Geral onde se convocou a PNA e a entidade patronal sendo que a segunda furtou-se a estar presente, tendo as decisões sido tomadas à revelia da posição que poderia vir a defender. Foi convocada a greve que hoje teve início.

7 - Depois da elaboração do caderno reivindicativo 8 funcionários foram sumariamente despedidos sem que uma causa plausível lhes tivesse sido apresentada. São eles:
- Hilário Cassule
- José Botelho
- Nora Pedro
- Manuel Armando Lundingila
- Júlio Cristóvão Miguel
- Katiana Oliveira
- Rui Sorte Cassolongo
- Pedro Gomes Serrão

8 - Os grevistas levaram estes despedimentos prepotentes e em arrepio à LGT ao Tribunal e dizem pretender continuar a greve até às últimas consequências